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O amor e o suicídio
Devemos nos amar mais. Essa é a conclusão a que chegam os que ficam, chocados com o ato de quem se foi.
Se, se, se, se, são tantos “se isso”, “se aquilo”, que agora não fazem nenhum sentido, não tem mais volta. Se tivéssemos conversado mais, ajudado mais, se a pessoa tivesse pedido, se tivéssemos prestado mais atenção naqueles encontros casuais que pareciam somente coincidência, se soubéssemos que estava implorando por socorro, se tivéssemos dado valor àquele monte de detalhes que pareciam sem importância, se …
Agora não dá mais.
Vivemos correndo para resolver nossas coisas e não temos mais tempo para os outros. Estamos embrutecendo.
Nesse país cada vez mais cheio de pessoas sem escrúpulos, onde o bem comum é negociado sorrateiramente e o roubo graúdo é corriqueiro, os suicídios são cada vez mais frequentes. “São uns fracos”, dizem. Sim, os suicidas são fracos, mas se tivessem condições de desabrochar tudo o que guardam dentro de si, talvez pudessem ser felizes e também tornariam o mundo melhor.
Hoje, a competição é a regra, um quer o pescoço do outro, as pessoas sensíveis não tem vez. Alguns, desiludidos pela falta de perspectivas e esperanças, preferem dar adeus.
É assim com os índios expulsos de suas terras, com os solitários que perambulam pelas cidades, com os agricultores endividados, com os idealistas e sonhadores, com tanta gente sem rumo.
São esses que, se estivessem bem, nos fariam ver a vida mais leve, mais bonita, divertida e agradável, com paz e tranquilidade, que no final das contas é o objetivo de qualquer um. Mas são esses que não tem forças para resolver as suas próprias dificuldades e que precisam a todo momento de apoio, de todo tipo de apoio: uma conversa larga e amena, um almoço entre amigos, dinheiro, lugar para morar, alguma atividade ou trabalho. Talvez nem necessitem de um remédio vitalício, somente de atenção, de alguém que os ouça. Precisam sentir que a existência deles faz alguma diferença, que têm algum valor e que não são apenas mais uma gota no oceano.
Enquanto para alguns a correria da vida é prazerosa e cheia de bons frutos, para outros é uma sequência de dificuldades e lamentações. “São uns fracos!”, dizem.
Sim, os suicidas e muitos outros são fracos, mas o pior é achar que a vida é isso mesmo, que só os fortes sobrevivem. Fortes em quê? Na aparência, na ostentação, na máscara de felicidade, na quantidade de dinheiro ou no sarcasmo, na virulência e na agressividade para com os outros? Consideram-se fortes e superiores, mas superiores em quê, se não são eternos? Aonde vai dar isso?
Dizem que a lei da vida é essa, mas não levam em conta que a natureza dá tudo em abundância, a escassez é obra de humanos. A evolução é um ato de vontade, não de um erro. Os suicidas causam choque nos que ficam, justamente porque nos fazem prestar atenção ao que é importante.
Porque os que só pensam no seu umbigo, que vivem rindo dos outros (e não com os outros), que os iludem, trapaceiam e enganam, que estão muito atarefados em suas vidas de frivolidades, homenagens e status, que acham-se poderosos e parte de um elenco de escolhidos, que não querem preocupar-se com o estrago que causam, esses sim são os fracos. Esses nunca se deitam com a sensação de dever cumprido, toda noite precisam de algo que os induza ao sono. E vivem desconfiados, sobressaltados. Que continuem tendo pesadelos, até que finalmente mudem de atitude e espalhem o bem.
Precisamos nos amar mais, devemos amar mais, devemos ser mais verdadeiros, mas também devemos arrebentar a cara dos hipócritas. Que dessa vida nada se leva, só se deixa, já dizia o Tim.
DICA – Conserto de porta de forno elétrico Cuori
Um problema que estava incomodando em casa era a porta de um pequeno forno elétrico Cuori Amiata (figura 1), de 25 litros e 1600W, que não fechava totalmente. É uma solução simples, mas recheada de informação interessante, até saborosa…
Conheça também as buchas sinterizadas e como limpá-las
Arte é isso III
Vamos desopilar, novamente! Deixo um pouco de lado a eletrônica (estou acabando dois artigos), porque preciso espairecer. Trago uma banda que conheci há pouco tempo, apesar de parecer que ela faz parte de mim desde sempre.
ARTE é isso II
Nesses tempos em que se criam automaticamente letras de músicas através de programas de computador [2] [3] [4], precisamos mostrar o que pode ser considerado como ARTE. Tem um samba de Leci Brandão que é fantástico: Zé do Caroço. Ainda mais quando ouvido na voz de Seu Jorge, que reduziu o andamento e valorizou toda a beleza e potência da letra:
Zé do Caroço existiu mesmo, viveu até 2003. Era o policial aposentado José Mendes da Silva (figura 1, ao centro) e morou a partir de 1958 no morro do Pau da Bandeira, ao lado do Morro dos Macacos, na Vila Isabel, Rio de Janeiro. Recebeu o apelido devido aos nódulos (caroços) que tinha nas juntas, por causa de um tipo de reumatismo, por isso que se aposentou cedo.
ARTE é isso
Em tempos de tantas dúvidas sobre o que é arte, além de músicas em cujos shows só falta exibir sexo explícito – porque as letras já sugerem – é interessante relembrar o que pode ser feito quando se tem algo importante a dizer.
Pungente. É a palavra que melhor define este vídeo de Melody Gardot, Preacherman (pregador, padre, etc.). A música e o vídeo formam uma potente sinergia, que deixa cada tom de voz, cada riff de guitarra no lugar certo, é impressionante.
É um tributo de Melody Gardot ao legado de Emmett Till, um menino de 14 anos que em 28 de agosto de 1955 foi cruelmente assassinado, no Mississipi. O menino teria flertado com uma jovem branca. O vídeo foi lançado em 2015, 60 anos depois da morte de Emmett, quando muitos questionavam a ação da polícia americana, que comprovadamente mata negros em percentuais superiores ao seu peso demográfico. Em 2014, a população de Ferguson rebelara-se contra isso, devido a outra morte estúpida.
–A profunda natureza de nossa existência é o que nos habilita, a qualquer momento, a conectar com qualquer pessoa, em qualquer lugar. A história está aí para nos lembrar até onde chegamos, todos os dias nossa jornada é continuar com esse progresso de nos tornarmos mais sábios, mais compassivos e mais seres humanos. Relembrar Emmett através da música é uma forma de frisar às pessoas que não há necessidade de continuar com crimes sem sentido. Raça e racismo não andam de mãos dadas. Nós somos somente uma raça: humana –diz Melody Gardot.
Melody Gardot passou a dedicar-se à música como forma de suplantar as dores e as sequelas de um terrível acidente, aos 19 anos, atropelada enquanto andava de bicicleta. O traumatismo craniano causou perda de memória e de capacidades básicas, como andar e falar, que teve de reaprender. O acidente também causou hipersensibilidade ao som e fotossensibilidade (ela não tolera luz, anda sempre de óculos escuros), além de vertigem cinética, obrigando-a ao uso de bengala.
A música é que a ajudou a atravessar aqueles dolorosos dias. Nosso Herbert Vianna que o diga.
Para conhecer mais a cantora e compositora, que trafega entre o jazz, soul, bossa nova, etc. – ela já veio várias vezes ao Brasil – a página oficial é: http://melodygardot.co.uk/
Uma excelente resenha da música Preacherman está no Pancakes and Whiskey (Panquecas e Uísque): http://pancakesandwhiskey.com/2015/06/04/melody-gardot-releases-a-powerful-must-see-video-for-preacherman/
O perfil dela na Wikipédia portuguesa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Melody_Gardot
E uma entrevista em português: http://www.carloscalado.com.br/2009/07/melody-gardot-um-modo-tragico-de-virar.html
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Respeito é bom e conserva os dentes

Bandeira do Brasil, de Henfil, 1983 – Fonte: Instituto Henfil http://institutohenfil.blogspot.com.br/2012/06/bandeira-do-brasil-do-henfil.html
Ô, corrupto, você que fez fortuna explorando muitos!
Que adora induzir os outros ao erro, ou que tenta mantê-los na ignorância, porque sabe que informação é poder e acha um perigo o poder do povo.
Você, que ganha em um mês mais do que um assalariado recebe em dez anos. E que se borra todo quando um pássaro estrangeiro lhe sussurra a mais leve ameaça.
Você, que acha que sonegar é um direito e que um dinheirinho escondido no exterior não faz mal.
Você, que considera justo viajar todo ano para um país diferente, enquanto milhões ficam a vida inteira no mesmo chão. Nas fedorentas, apertadas e violentas cidades brasileiras.
Você e os seus, que acham que conseguirão safar-se. Que nunca serão pegos.
Que consideram burrice fazer o que é certo, correto e ético, aqui no Brasil.
Que cobram do pequeno o mais leve delito e fazem vista grossa para os grandes crimes.
Se continuarem a esculhambar nossas vidas, desprezando nossas escolhas, mudando o jogo quando as regras não lhes beneficiarem, considerando sem importância nossas urgências de educação, casa, comida e saúde, o bicho um dia vai pegar. E feio.
Mais cedo do que vocês pensam, a tal da violência irá arrombar a vossa porta. Ou a vossa cara. Quando estalar, vai sobrar para todos.
Quanto mais difícil for para os pobres e remediados alcançarem uma vida digna, pior será para vocês. Muitos não aguentarão só desejar coisas que nunca terão, e entrarão para o crime. Não é desculpa, é constatação. É o jogo do perde-perde. Poderia ser o reverso disso.
Retidão moral e ética, valores, espiritualidade, só são mantidos e repassados quando há um mínimo de respeito e dignidade. Exemplo deveria vir de cima.
E a polícia, que há décadas não tem efetivo para fazer segurança, nem os distúrbios conseguirá silenciar. Vai chegar uma hora que terão que matar mais gente ainda, de balaio. Ou de carreta.
Porque, em vez de permitir, incentivar, desenvolver de uma vez por todas esta nação, de acreditar na capacidade do povo brasileiro, de fazê-lo feliz e rico também, vocês querem é baixar a crista dele.
Já disse: respeito é bom e CONSERVA OS DENTES!

Bandeira do Brasil durante a redemocratização, 1987. Fonte: Jornal JR – http://www.jornaljr.com.br/2014/06/05/henrique-de-souza-filho-o-henfil/
Observação: As duas bandeiras aqui mostradas foram desenhadas pelo cartunista Henfil (1944-1988). A primeira, provavelmente de 1983, mostra um Brasil em processo de empobrecimento, sendo exaurido de tudo (minérios, florestas, fronteiras), muito parecido ao que assistimos atualmente. A segunda bandeira demonstra a esperança na construção de um país melhor. Foi feita na época da Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou em 1988 a atual Constituição Brasileira, hoje irreconhecível.
DICA – Conserto de chaleira elétrica Cadence Supreme CEL500 4 temperaturas
As chaleiras ou jarras elétricas são aparelhos simples e práticos, pois poupam tempo naqueles momentos de pressa, quando estamos a fazer arroz, galinhada ou risoto e esquecemos da água…
No entanto, mesmo com utilização eventual, elas podem apresentar problemas. A chaleira da figura 1, com pouco tempo de uso, simplesmente não ligava. Neste artigo, mostramos como o conserto foi feito, com baixo custo. Leia mais…
ÍNDICE – Desde o começo do blog
Vivemos com listas. Para ir ao mercado, para ordenar o trabalho, para tudo. O escritor Humberto Eco até escreveu um livro sobre isto (“A vertigem das listas”, ed. Record). Para ele, as listas são a origem de nossa cultura. Uma lista pode ajudar ou atrapalhar, depende do modo como foi organizada.
Os blogs e as páginas web são, geralmente, enfadonhos de se buscar algum conteúdo específico, pois temos que passar por páginas e mais páginas até encontrarmos o que queremos. Ou não. Como este blog pretende dispor de um conteúdo menos efêmero, organizei uma lista com todos os posts publicados até agora.
De novembro de 2011, quando comecei, até maio de 2017, foram 74 posts. Alguns, certamente, muito extensos. Nestes 5 anos e pouco, mais de 2 milhões de acessos. Muito obrigado, leitores.
Assim, para aqueles que costumam ler este blog seguidamente, devolvo-lhes uma lista, que sintetiza o trabalho feito até agora, organizada por assunto. Cada link foi citado apenas uma vez, para não aumentar desnecessariamente o tamanho do índice. Por isto, meu modo de organizá-lo poderá parecer um tanto limitado.
Apesar disso, tenho uma dica, caro leitor ou leitora: aperte as teclas CTRL F, juntas. Com isso, abrirá um campo para busca na página. A tecla F refere-se a find (encontrar). Se a palavra procurada existir neste post, ela ficará destacada. Em princípio, todos os navegadores disponibilizam este recurso.
E sobre os links existentes nos posts, que costumo colocar vários em cada artigo. Poderá ocorrer, em posts mais antigos, que alguns links não funcionem, pois ficaram desatualizados. Pode-se driblar o problema de 3 formas: informar-me, através de comentário, que o link está quebrado; digitar somente o começo do link, como por exemplo http://weg.com.br e lá dentro procurar o assunto desejado; ou utilizar a descrição do link para procurar no Google.
OBSERVAÇÃO: como este índice tem atualização manual, os posts mais recentes poderão ainda não fazer parte dele, mas em algum momento aparecerão…
Atentamente, Eusébio Pizutti
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TÉCNICA – Como instalar microfone externo em câmera tipo GoPro
Este artigo demonstra como instalar uma tomada (ou jaque, ou jack) para microfone externo, numa câmera semelhante à GoPro, com 4K de resolução e Wifi (figura 1). As medidas, furações e ligações são descritas em detalhes e abordam a câmera e a caixa estanque.
Também é mostrado como adaptar um microfone comum de computador, para funcionar como microfone de capacete. Como complemento, são repassadas dicas de gravação, exemplos de proteções contra ruídos e listados alguns modelos profissionais de microfones para gravação. Por último, tratamos das interferências eletromagnéticas na ligação do microfone.
Leia mais…