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Ditadura / Democracia

15 de agosto de 2015

Millôr Definitivo - A Bíblia do Caos

A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que numa democracia todo mundo reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que acha do seu país, ele responde sem hesitação: “Não posso me queixar”.

Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos.

Millôr faria 91 anos em 16 de agosto de 2015. Outra frase dele, sobre o mesmo assunto, é mais conhecida:

Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.

                                                                              Millôr Fernandes

Millôr Fernandes

E para quem quer compreender o que realmente está acontecendo em nosso país (estamos cavando nossa própria cova), trago um pequeno artigo de Carlos Castilho, publicado em 01/08/2015  no Observatório da Imprensa (ver link ao final do texto), que ajuda a entender as posições extremadas que tem aparecido por todo lugar:

Os riscos ocultos na uniformização da agenda da imprensa

Carlos Castilho

De todos os pecados atuais cometidos pela indústria da comunicação jornalística, o que tem consequências mais graves é o da uniformização da agenda de informações. O fato de noticiar dados novos, fatos inéditos e eventos a partir de um único viés não falseia apenas a visão que as pessoas têm da realidade, mas as leva a desenvolver opiniões cada vez mais radicais e extremadas.

Até agora a maioria dos críticos da mídia concentravam suas atenções basicamente na verificação da autenticidade das notícias publicadas por jornais, revistas, telejornais e páginas noticiosas na Web. Trata-se de uma preocupação muito importante, mas agora ela está sendo ofuscada pelas consequências práticas do crescente sectarismo nas opiniões e posicionamentos expressados por leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.

Há uma diferença importante entre estar equivocado em consequência de informações falsas e a xenofobia política alimentada por notícias unilaterais, que mostram apenas um lado da realidade. Uma noticia pode ser verdadeira, mas gerar uma percepção parcial ou distorcida do contexto onde estamos situados. É aí que está a origem das opiniões sectárias. É a materialização clara da famosa história do copo meio cheio ou meio vazio. O fato é o mesmo, mas a forma como é representado na comunicação gera duas atitudes diferentes em quem recebe a informação.

O discurso da imprensa é o de que ela sempre ouve os dois lados. Só que hoje existem muito mais do que dois lados numa mesma situação ou na interpretação de um dado. Além disso existem distorções na prática de ouvir os dois lados. A percepção ou opinião predominantes são publicadas com detalhes enquanto as do lado contrário, se limitam a esclarecimentos burocráticos, como tornou-se praxe na cobertura do escândalo Lava Jato. Formalmente foram ouvidos os dois lados só que o impacto gerado no público reforça a percepção de um lado apenas. É evidente a distância entre o discurso e a realidade.

Há centenas de pesquisas acadêmicas mostrando que quando pessoas recebem o mesmo tipo de informação, elas tendem a desenvolver posicionamentos e opiniões mais radicais do que aquelas expressadas anteriormente, como mostra o pesquisador norte-americano Cass Sunstein, no seu livro Going to Extremes. Este é um mecanismo já bastante estudado e que se baseia no fato de que as pessoas tendem a resistir a opiniões contrárias às suas por que isto as obriga a um esforço extra de reflexão e checagem. Dá mais trabalho do que sentir-se confortável porque pensa ou age igual a seus parceiros, amigos ou colegas.

Daí o fato das pessoas buscarem grupos com ideias e percepções afins. Esta tendência se tornou muito mais forte atualmente quando a internet criou mega grupos, as redes sociais virtuais onde é muito mais fácil encontrar parceiros para ideias, até as mais estapafúrdias e radicais.

A imprensa , obviamente, não pode sintetizar toda a diversidade e complexidade do mundo atual. O seu poder de representar a realidade que nos cerca será sempre limitado, mas o que ela deve e pode fazer é mostrar a seus leitores, ouvintes, telespectadores e internautas que o mundo é muito mais complicado e diverso do que as noticias publicadas ou transmitidas. Nestas circunstâncias, o jornalista não pode e não deve assumir ares de dono da verdade. O grande diferencial do jornalista não está na quantidade de informações que ele detém, mas na capacidade de verificar a confiabilidade, pertinência, exatidão e atualidade dos fatos, dados e eventos que chegam ao seu conhecimento.

O papel da imprensa na era digital não é mais o de fornecedor exclusivo dos dados e fatos que servem de base para a nossa tomada de decisões. Sua função é cada vez mais a de ajudar as pessoas a contextualizar o material informativo que recebem das mais variadas fontes. E é ai que a nossa imprensa falha gritantemente ao nos fornecer uma visão unilateral e uniforme do mundo que nos cerca. As redações, por força das pressões externas e da concorrência entre veículos, tendem a criar ambientes informativos pouco sensíveis a opiniões e percepções divergentes às da maioria dos seus integrantes, o que alimenta abordagens distorcidas.

A capacidade de contextualizar é que diferencia o jornalista de um mero robô ou algoritmo usado por sites de informação. E é ela que está sendo negligenciada , gerando o fenômeno da homogeneização das notícias, a origem da formação de segmentos cada vez mais radicalizados e polarizados na opinião publica. Quando a imprensa evita dar informações que possam contrariar a agenda predominante, ela desestimula aqueles que dispõem de dados e fatos discrepantes, principalmente quando estas pessoas pertencem às classes C e D. O medo de ir contra os poderosos reforça a unanimidade e com isto gera situações como o hoje incompreensível apoio da população alemã à xenofobia racial preconizada por Adolf Hitler. Ajuda a entender também as omissões da imprensa norte-americana no caso das armas de destruição em massa de Saddam Hussein e que justificaram a primeira invasão do Iraque, tida por muitos como a origem ideológica do Estado Islâmico.

Artigo extraído do Observatório da Imprensa, acesse o link para ver os comentários no lugar original http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/os-riscos-ocultos-na-uniformizacao-da-agenda-da-imprensa/

  1. 20 de dezembro de 2015 às 13:02

    Ditadura = Você não pode reclamar nem xingar o Governo .
    Democracia = Você pode reclamar e xingar o Governo , mas … O Governo nem liga .

  2. rronaldo
    13 de dezembro de 2015 às 23:17

    o site acabou?nao tem mais material a ser postado não?

    • 20 de dezembro de 2015 às 01:32

      Tá respondido, tenha paciência porque os assuntos são bastante estudados antes de saírem. Aproveitando, clique nos anúncios, para ver se ao menos pago as despesas de manutenção do domínio.

  3. Romero Titman
    26 de setembro de 2015 às 19:41

    Esse era uma cara fantástico, genial. Só discordei dele quando fez uma campanha contra o cinto de segurança. Mas quem não erra, que atire a primeira pedra.

  4. raimundo
    31 de agosto de 2015 às 22:08

    nao tem mais materia relacionado a eletronica nao? só isso?

    • 1 de setembro de 2015 às 21:16

      Raimundo, os posts estão demorando porque há muito material para estudar, enquanto isso, vamos espairecendo… Aguarde para breve um post completo sobre lâmpadas

  5. Sergio Kaji
    16 de agosto de 2015 às 11:50

    EUSEBIO – Prezado Eusebio, permita a este seguidor tecer um comentario a respeito do seu nome. Os nomes sao escolhidos pelos pais e avos, aparentemente sem criterio, mas da-se o contrario, e tem muita elaboracao. O seu nome significa Viver com Consciencia, e tambem pode ser traduzido como Ciencia do Bem Viver, oque daria a palavra grega EUBIOSE, com as silabas de EUSEBIO. Humildemente sugiro que procures entender a EUBIOSE o quanto antes, para dar um salto qualitativo em sua vida. Ver videos de Jorge Antonio Oro, Programa Vida Inteligente, disponiveis no YouTube. Grato eFraterno Abraco!

    • 17 de agosto de 2015 às 23:53

      Sergio, grato pela sugestão, simpatizo com correntes filosóficas que enxergam a perfeição dentro de cada um. Mas meu nome é referência, além do Pelé de Portugal, ao Eusébio de Cesareia, que escreveu textos críticos ao Antigo Testamento (junto com Pânfilo de Cesareia) e teve papel importante no Primeiro Concílio de Niceia, em 325 DC, dentre outras atividades nos primórdios do cristianismo.

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