FILAMENTO LED – Conheça e compare – Parte 2

Figura 57 – Lâmpada de filamento LED de 6W, de origem chinesa, bivolt, não dimerizável, sem pescoço, cor branca fria (6500K), com filamentos LED de base cerâmica. No detalhe, a lâmpada ligada.
Na primeira parte (aqui) do artigo sobre as lâmpadas de filamento LED, tratamos dos requisitos de qualidade que precisam ser observados para distingui-las, dos componentes que formam um filamento LED, do problema da geração de calor nos LEDs, do efeito LED droop, da criação das lâmpadas e das tentativas LED de imitação das incandescentes.
Nesta segunda parte, abordaremos o modo de montagem, a origem, os fabricantes, os modelos e a popularização das lâmpadas de filamentos LED, a certificação obrigatória das lâmpadas LED no Brasil, a briga pelas patentes das tecnologias LED, o banimento das lâmpadas incandescentes, os programas de eficiência energética no Brasil e no mundo, a história do cartel Phoebus, a obsolescência programada e a história da escola de arte Bauhaus (que parece não ter nada a ver com nosso assunto, mas tem).
E o baile não termina desta vez, continua na terceira parte…
Porque bulbos de vidro para os filamentos LED
O bulbo de vidro das incandescentes veio a calhar para montar os filamentos LED por diversos motivos, seis dos quais considero os mais importantes.
Primeiro, porque os filamentos LED são frágeis e não aguentam muito manuseio. Com o bulbo no seu entorno, eles ficam protegidos (figura 57). Além disso, dentro do bulbo, aquele tradicional suporte central de vidro dos filamentos incandescentes também pode ser utilizado para fixar o filamento LED, mediante pequenas alterações (figura 58).
![Figura 58 - Suportes centrais de vidro, já com os filamentos LED. As peças de vidro são muito semelhantes às que apoiam os filamentos incandescentes (direita). Fontes: MiniInTheBox [158] e Prakash [158a].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig58-suportesfilamentos.jpg?w=595&h=256)
Figura 58 – Suportes centrais de vidro, já com os filamentos LED. As peças de vidro são muito semelhantes às que apoiam os filamentos incandescentes (direita). Fontes: MiniInTheBox [158] e Prakash [158a].
O terceiro motivo é que, para manter a boa eficiência dos filamentos LED, é necessário que eles fiquem diretamente expostos ao espectador, pois mesmo um bulbo de vidro transparente costuma perder ao menos 10% do fluxo luminoso que o atravessa. As superfícies leitosas, por sua vez, somam outros 10% de perda.
A quarta razão não é visível: as lâmpadas de filamento LED (as boas) utilizam gases como o hidrogênio ou hélio, que conduzem melhor o calor que o ar comum. Eles são misturados ao nitrogênio para tornar inerte a composição, fazendo com que o bulbo ajude um pouco a espalhar e uniformizar o calor dos filamentos. As lâmpadas incandescentes já utilizavam gases inertes no bulbo e as de filamento LED poderão continuar a usar esta tecnologia.
Lembrando que só é possível reter eficientemente os gases dentro de bulbos de vidro, que são transparentes, resistentes e herméticos. Bulbos plásticos não servem, por causa de sua porosidade. E quando não são porosos, a transparência é que fica prejudicada.
Há outro benefício causado pela atmosfera inerte: de acordo com artigo da YunSun [28], os gases manteriam a superfície interna do bulbo limpa, impedindo o turvamento (figura 59). Comprovei este efeito numa lâmpada LED com dois anos de uso, que não utiliza bulbo hermético (figura 60). Deste modo, a presença de gás e o uso de vidro para o bulbo são características que indicam a qualidade das lâmpadas de filamento LED.
![Figura 59– Diferenças entre lâmpadas de filamento LED com gás (E) e com ar comum (D). Fonte: YunSun [28].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig59-lamfilamentole-c-sgas.jpg?w=595&h=417)
Figura 59– Diferenças entre lâmpadas de filamento LED com gás (E) e com ar comum (D). Fonte: YunSun [28].

Figura 60 – Superfície interna de lâmpada LED sem atmosfera modificada, o bulbo está turvo após dois anos de uso.
A quinta justificação é que a pequena área entre a rosca e o bulbo costuma ser suficiente para instalar a parte eletrônica, pois os filamentos LED necessitam de um circuito de alimentação mais simples que outras lâmpadas LED. Por causa da pequena diferença entre a tensão da rede elétrica e a tensão de alimentação dos filamentos LED (dois deles, em série, podem ser alimentados com 160VCC, em média), estes dispositivos precisam, após o estágio de retificação e filtragem, apenas de um controle de corrente. Algumas lâmpadas de filamentos LED implantam um pequeno pescoço plástico entre o bulbo e a rosca, para dispor de mais espaço para o circuito. O circuito pequeno facilita a ampla geometria de dispersão luminosa.
E a sexta causa, talvez a mais simbólica, é a continuidade das fábricas que produziam as lâmpadas incandescentes, que agora podem passar a fazer lâmpadas de filamento LED, mediante algumas alterações em suas linhas de produção. Segundo o blog TSA [159], qualquer fabricante de bulbos incandescentes consegue montar bulbos de filamentos LED. Além disso, o valor ainda elevado das lâmpadas LED e o fato deste mercado estar aquecido agora, podem justificar investimentos locais.
Não custa repetir o que dissemos na primeira parte (aqui): estamos em plena idade de ouro da iluminação LED. Inclusive, o ano de 2015 foi escolhido como o “Ano internacional da luz”, segundo a ONU/UNESCO [160] (figura 61). O objetivo desta escolha foi para “destacar a importância da luz e das tecnologias ópticas na vida dos cidadãos, assim como no futuro e no desenvolvimento das sociedades de todo o mundo”.
A montagem da lâmpada de filamento LEDComo cada filamento LED tem potência de até 1Watt e emite em média de 100 a 150 lumens, é necessário associar vários deles para conseguir maior intensidade luminosa. Nas pesquisas efetuadas sobre lâmpadas de filamentos LED, podem aparecer até 10 deles numa lâmpada, mas o usual é de 1 a 6 filamentos LED por bulbo. Para energizá-los adequadamente, há uma pequena placa da fonte de alimentação, junto à rosca da lâmpada (figura 62).
Na linha de produção, os filamentos LED primeiro são soldados sobre aquele poste central de vidro, depois o conjunto é montado dentro do bulbo (rever figura 58). O tipo de associação (série-paralelo) entre os filamentos já está determinado pelos terminais existentes neste suporte de vidro. O bulbo então é preenchido com gases inertes e selado. A placa da fonte de alimentação é soldada aos terminais do bulbo e aos contatos da rosca.
Por último, as peças da lâmpada são encaixadas e o bulbo é colado à rosca. Não há mais necessidade de utilizar aquele cimento-cola resistente ao calor, imprescindível às incandescentes. É possível empregar um adesivo comum para vidro e metal.
![Figura 62 – Lâmpada de filamento LED com rosca E14, desmontada, onde é possível identificar os componentes utilizados. Fonte: FuriLED [162].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig62-furiled-fig3-20148271643278084094.jpg?w=595&h=211)
Figura 62 – Lâmpada de filamento LED com rosca E14, desmontada, onde é possível identificar os componentes utilizados. Fonte: FuriLED [162].
![Figura 63 – Lâmpadas de filamento LED, a da esquerda com pescoço prolongador, para alojar o circuito de alimentação interno. A da direita não utiliza este recurso e é quase idêntica às incandescentes. Fonte Arteleta/LYVIA [163].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig63-lampsfilamentosled-lyvia.jpg?w=595&h=329)
Figura 63 – Lâmpadas de filamento LED, a da esquerda com pescoço prolongador, para alojar o circuito de alimentação interno. A da direita não utiliza este recurso e é quase idêntica às incandescentes. Fonte Arteleta/LYVIA [163].
Alguns fabricantes criticam que a falta do pescoço plástico obriga a instalação de um circuito mais simples, que pode causar cintilação. Já o artigo da YunSun[28] comenta que o pescoço é específico dos modelos dimerizáveis. No meu caso, nenhuma das lâmpadas de filamento LED que comprei são dimerizáveis, tenham ou não o pescoço. Ocorre que até a lâmpada da figura 62, com a minúscula rosca E14, utiliza um circuito integrado SMD de 8 pinos para controlar a corrente, o que significa que o espaço maior talvez seja necessário para os filtros de harmônicos e IEM ou para os modelos de maior potência.
Para quem quiser ter uma ideia melhor de como os bulbos de filamentos LED são fabricados, há dois interessantes vídeos de fábricas chinesas, que se complementam. O primeiro é da CrystalLED [164] e o segundo, da Hawksky[165].
http://www.youtube.com/watch?v=ucAH-7yFmR8
http://www.youtube.com/watch?v=sXh4pqhRDec
Os primeiros bulbos de filamentos LED
A notícia mais antiga sobre filamentos LED, que encontrei na internet, foi na página da Nikkei Technology [166]. Este sítio é dedicado à divulgação de novidades técnicas e industriais, oriundas do Japão e do restante da Ásia. Eles comentaram, em 7 de janeiro de 2009 o lançamento, pela USHIO japonesa, de lâmpadas com LEDs montados como filamentos (figura 64).
![Figura 64 – Primeiro modelo de lâmpada de filamento LED, da USHIO japonesa. Fonte: Nikkei Technology [166].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig64-ushio-filamentoledpioneiro-3c.jpg?w=595&h=638)
Figura 64 – Primeiro modelo de lâmpada de filamento LED, da USHIO japonesa. Fonte: Nikkei Technology [166].
Também em 2009, o sítio LED Next Stage [167] comenta, num retrospecto da Light Fair 2009, a participação da Ushio com sua linha de lâmpadas de filamento LED. A empresa reapresentou seus filamentos LED na Light Fair 2010, quando passou a denominá-los de U-LED (Un-candescent LED, um trocadilho que significa algo como “LED não incandescente”), conforme é possível perceber no vídeo que ela publicou sobre o evento [168]:
https://www.youtube.com/watch?v=_ezHWnOpNo8
Em 2011, outros fabricantes já haviam abraçado a ideia dos filamentos LED e começaram a apresentar seus produtos, como demonstra o blog Designing With LEDs [169]. O artigo exibe fotos de lâmpadas das empresas Z-Light , Archipelago Light e Light Science Group, na Light Fair 2011, que aconteceu na Filadélfia, Pensilvânia, EUA. Há uma citação na Lighting Gazette, feita por Linda Longo sobre a participação da Ushio na Light Fair 2011 [170], onde a comentarista cita como curiosidade a lâmpada de filamento LED não possuir circuito de controle aparente. O post também comenta a vida útil de 40 mil horas destas lâmpadas.
Hoje, a Ushio [168] continua fabricando a linha U-LED de lâmpadas, que estão disponíveis nas potências de 0,6W, 4W e 5W, com roscas E12, E12 e E26, respectivamente. A eficácia do modelo de 0,6W, o único não dimerizável, aumentou para 60 lm/W e sua durabilidade é de 40 mil horas. As lâmpadas de 4W e 5W, por sua vez, alcançaram a eficácia de 100 lm/W, têm durabilidade de 25 mil horas e são certificadas Energy Star.
Energy Star [171] é um programa certificação voluntária (não obrigatória) de equipamentos, com vistas a destacar aqueles que economizam energia. Lançado em 1992 pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), dos Estados Unidos, começou certificando monitores e computadores, mas hoje engloba também outros produtos, como as lâmpadas. O programa também foi adotado por outros países, como Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Taiwan e os da União Europeia.
Continuando na busca das primeiras lâmpadas de filamento LED, encontrei um artigo na página All LED Lighting [172], muito sucinto e cheio de hiperlinks sobre o assunto, escrito por Keith Dawson em fevereiro de 2014. No texto, ele cita uma lâmpada da Panasonic, que pode ser considerada um modelo de filamento LED, apesar do fabricante não a denominá-la assim.
![Figura 65 – Lâmpada Panasonic LDAHV4L27CG, de 4W, rosca E27, semelhante aos modelos de filamentos LED. Fonte: Technet [173].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig65-panasonic-ldahv4l27cg-nyv4baa80_z_bulb.jpg?w=595&h=373)
Figura 65 – Lâmpada Panasonic LDAHV4L27CG, de 4W, rosca E27, semelhante aos modelos de filamentos LED. Fonte: Technet [173].
No Japão, a lâmpada foi premiada no ano do lançamento, com o Good Design Gold Award [175]. Do mesmo modo na Europa, onde esta linha de lâmpadas da Panasonic ganhou duas vezes o prêmio iF Product Design Award, em 2011 e 2013 [176]. Houve também premiação nos EUA (IDEA Gold Award 2012 [177]).
A linha destas lâmpadas LED foi denominada Clear Light Bulb, mas na Europa atende pelo nome Nostalgic Clear, como é possível ver na cartela de uma delas (figura 66). A Panasonic mostra, numa sequência de 3 vídeos, disponíveis no Channel Panasonic [178] e no Youtube [179 a 181], os desafios do desenvolvimento desta lâmpada, desde 2009 até o projeto tornar-se realidade: o início do trabalho liderado por Toshio Mori; o problema da dissipação de calor; a irradiação luminosa diferente entre as faces superior e inferior dos LEDs no protótipo; e a necessidade de mudança da temperatura de cor devido ao mercado europeu. Um vídeo mais resumido aparece na referência [182] e é exibido abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=ceicgu7pDTE
A temperatura de cor padrão das incandescentes na Europa é 2700K, ao passo que no Japão é 2800K (menos amarelada). Os projetistas baixaram a temperatura de cor nos produtos destinados à Europa porque esta população, de olhos predominantemente verdes ou azuis, percebe as cores de modo diferente dos japoneses, de olhos pretos ou marrons. Além disso, 80% das lâmpadas naquele continente são de bulbo transparente, não leitoso como no Japão.
Conforme os dados técnicos publicados pela Panasonic [183], a linha Nostalgic Clear é produzida nas potências de 4,4W até 10W (210 a 806 lumens), equivalentes respectivamente às incandescentes de 20W até 60W. A geometria de fluxo luminoso alcança 300° e a vida útil pode ser de 25 mil horas ou 40 mil horas, dependendo do modelo. Não são dimerizáveis e apresentam um fator de potência de 0,54.
A construção desta lâmpada é interessante porque nela há uma coluna central de alumínio, assemelhada ao poste de vidro das incandescentes, que leva o calor para fora do bulbo, em direção à estrutura do soquete. A empresa denomina esta técnica de Center Mount Technology (Tecnologia de Montagem Central). A coluna de alumínio, cuja liga tem alta condutividade térmica, sustenta uma placa transparente, com duas ou mais fileiras de LEDs, conforme a potência da lâmpada. As figuras 67 a 69 ilustram esta característica. Ao comparar-se estas figuras, percebe-se que a coluna central é mais espessa no modelo mais potente. Há outro fabricante que expõe lâmpadas muito semelhantes às da Panasonic, a Neway LED Light [184].
![Figura 67 – Detalhe da placa de LEDs de lâmpada Panasonic LDAHV4L27CG. Fonte: Channel Panasonic [185].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig67-panasonic-detalhelampadafled-suped.jpg?w=595&h=329)
Figura 67 – Detalhe da placa de LEDs de lâmpada Panasonic LDAHV4L27CG. Fonte: Channel Panasonic [185].
![Figura 69 – Lâmpada Panasonic Nostalgic LED LDA6L/C, de 6W, ligada . Fonte: Channel Panasonic [185].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig69-panasonic-detalhelampadafled-liged.jpg?w=595&h=315)
Figura 69 – Lâmpada Panasonic Nostalgic LED LDA6L/C, de 6W, ligada . Fonte: Channel Panasonic [185].
Outro local é o Santuário Xintoísta de Itsukushima, construído sobre as águas há pelo menos 1200 anos, na ilha de Miyajima, Japão.
E desde 2013 o Castelo de Praga, na República Tcheca [187], é iluminado pelas lâmpadas da Panasonic. A Catedral de São Vito, que fica no centro do castelo, também foi contemplada. É o maior e mais antigo castelo do mundo (sua construção foi iniciada no século IX). Foram trocadas perto de 10 mil lâmpadas, resultando numa sensível redução do consumo de energia.
A Panasonic disponibiliza pequenos vídeos sobre tais projetos. As imagens sugerem uma produção cuidadosa, bem ao estilo oriental. Selecionei como exemplos os vídeos do Museu Hermitage e do Castelo de Praga. Vale a pena assisti-los:
https://www.youtube.com/watch?v=6AYbb78uR6Y
http://www.youtube.com/watch?v=AQUHJagNLok
Os fabricantes de filamentos LED e de bulbos de filamentos LED
Depois da Ushio e Panasonic, multiplicou-se o número de empresas que passou também a trabalhar com os filamentos LED, por todo o planeta. Foi possível identificar alguns fabricantes do componente filamento LED, tais como: Atecom [188], Dhgate [189], Edison Opto [190], Engled [191], Honglitronic [192], Ningbo SOL-LED [193], Osram [194], Plessey Semiconductors [195], Runlite [196], Z-Light [197].
É apenas uma amostra, resultante de consultas que fiz entre 2015 e 2016, em algumas publicações especializadas e em buscas pela internet. O dinâmico universo de empresas só poderá ser bem conhecido visitando as feiras internacionais de iluminação, que acontecem anualmente em todos os continentes.
Entretanto, algumas fábricas que em 2015 tinham filamentos LED individuais em suas páginas, simplesmente sumiram com estes produtos em 2016. Por exemplo: Dangoo, Hangzhou Moonlight Box Technology, Shenzhen Meijiu Lighting.
Provavelmente há alguma relação com o licenciamento das patentes, já que a taiwanesa Epistar informa que desde meados de 2015 detém as patentes-chave dos filamentos LED (base transparente e adesivos para os chips). Segundo a Epistar, 70% do mercado de filamentos LED utiliza como base a safira, 20% a cerâmica e 10% o vidro, tendo a base metálica um percentual insignificante, pois “falham muito”.
Não é o que diz a também taiwanesa Edison Opto, que monta filamentos LED em base de cobre e afirma justamente o contrário: que o seu filamento LED é durável por utilizar material de excelente dissipação térmica. A YunSun fala o mesmo do seus filamentos LED, com base de bronze prateado.
A Engled, por sua vez, fabrica modelos com base de safira, cerâmica e vidro. A Runlite produz filamentos LED em cerâmica e safira e informa que é o primeiro fabricante da China a certificar seus filamentos LED pelos procedimentos LM-80 (consulte explicações sobre medições de LED, mais adiante).
Agora, com relação aos bulbos prontos para venda ao consumidor, é muito difícil distinguir, nas pesquisas pela internet, se a empresa realmente é fabricante ou apenas revende as lâmpadas de filamento LED. E muitas das empresas que produzem o filamento LED são fabricantes de lâmpadas, como a Osram e YunSun. Dentre as marcas pesquisadas, podemos citar algumas, que se destacaram por sua aparente qualidade e também, criatividade. Provenientes de diversos países, temos a Arius Tek, AXP Lighting, Bofa, Bulbrite, Calex, Chilicon Valley, Dangoo, Edison Light Globes, Girard-Sudron, Hawksky, Henergia, iLamp, Ledisong, LEDline, Muller-Licht, Netron, Neway, OptoLED, Philips, Plessey, Segula, SIMLighting, Sumier, Vosla, Yphix, YunSun, etc., etc., etc..
Algumas marcas brasileiras, que fornecem lâmpadas de filamentos LED, foram listadas na parte 1 deste artigo, outras podem ser encontradas no blog Lightnow [198], que tem bastante informação sobre o mercado de iluminação LED. Ele é escrito em português.
Outros modelos de lâmpadas de filamentos LED
Um novo e bonito modelo de lâmpada de filamento LED é o SIMBULB, da SIMLighting, de Hong Kong, China [199]. Eles montaram dois conjuntos de LEDs em espiral, sobre base metálica, cada qual voltado para um lado e ligados em paralelo, como se vê nas figuras 70 e 71. O modelo ganhou o prêmio “best 100” (o melhor de 100), na categoria LED light bulb, no Good Design Award 2015, no Japão [200].
Também existem outros tipos de estruturas LED, que quase poderiam ser considerados filamentos, pois sua cobertura luminosa tende a ser omnidirecional. A figura 72 mostra segmentos LED da LeDiamond [201], da linha LeTesla, que são conectados e apoiados mecanicamente apenas por uma das extremidades. O princípio de montagem dos chips LED sobre a lâmina é semelhante aos outros filamentos LED, à diferença de existirem duas fileiras de semicondutores, como é possível perceber nos reflexos da figura 73, junto aos bulbos de vidro. Outros modelos, semelhante aos da LeDiamond, são os bulbos da polonesa LEDline e da espanhola Ledcantecnologia (figuras 74 e 75). Aparentemente o modelo da LEDLine não está mais no portfolio da empresa [202].![Figura 72 – Filamentos chatos, cuja ligação é feita numa extremidade somente. Fonte: LEDiamond [201].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig72-lediamond-linhaleteslaed.jpg?w=595&h=358)
Figura 72 – Filamentos chatos, cuja ligação é feita numa extremidade somente. Fonte: LEDiamond [201].
![Figura 76 – Enorme lâmpada de filamentos LED (tamanho A165), potência de 9W (ou 16W). Fonte: Edison Light Globes [209].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig76-a165-e40-16-watt-filament-led-with-mayaed.jpg?w=595&h=595)
Figura 76 – Enorme lâmpada de filamentos LED (tamanho A165), potência de 9W (ou 16W). Fonte: Edison Light Globes [209].
Os filamentos LED podem servir para outras finalidades, além das lâmpadas. A figura 81 mostra um display de relógio digital, que o inglês Mike Harrison [24] fez com filamentos LED. Ele montou os filamentos do display sobre terminais individuais, extraídos de barras de conexão torneadas (muito utilizadas com microcontroladores), para permitir a troca dos filamentos. Se forem tomados os cuidados necessários para a segurança das instalações, os filamentos LED podem ser utilizados numa grande variedade de aplicações. É só imaginar o que é possível fazer com um pedacinho de fio de luz…
A torcida contra os filamentos LEDHá quem não concorde com o sucesso dos filamentos LED e alerte para os requisitos de segurança e certificação, que dificilmente estas lâmpadas conseguiriam alcançar. Um artigo da LED Inside [212], de 29 de setembro de 2014, critica os filamentos LED e um hábito dos empresários chineses, a que chama de comportamento de rebanho, que seria algo como: “Se muitos estão indo para este lado, não podem estar errados, vamos segui-los…”. O artigo atribui a esta mentalidade a razão pela qual os chineses investem tanto nos filamentos LED, pois é uma tecnologia que poderia não ter futuro.
Só que duas grandes e tradicionais empresas de iluminação (Osram e Philips) já embarcaram nessa, além de várias outras terem conseguido certificação de suas lâmpadas de filamentos LED (Vosla, AXP, Panasonic, etc.). A eficiência, dita no artigo como inferior nos filamentos LED, é justamente o oposto, devido principalmente ao pequeno aquecimento e à baixa corrente de trabalho, que causa pouco efeito de decaimento (droop), como já foi visto na primeira parte (aqui) desta série de artigos. O filamento LED da Osram, por exemplo, exibe eficácia de 150 lm/W, bem acima da maioria dos LEDs atuais. Relembrando, é necessário considerar uma perda média de eficiência de 10%, devido ao bulbo de vidro transparente, e maior ainda, se o bulbo for leitoso.
Além disso, dizer de antemão que uma tecnologia não tem futuro é desconsiderar toda a inventividade humana. Se todos seguissem esta linha, o LED azul – a alma de todo LED branco – não seria realidade, pois os obstinados pesquisadores japoneses (Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura [46]), que ganharam o Prêmio Nobel de Física em 2014, teimaram contra a corrente ao usar um substrato que não casava direito com o semicondutor. Aliás, ainda hoje não casa, mas foram inventadas tantas técnicas para ultrapassar esta e outras dificuldades, que tornaram o LED branco uma realidade, que está revolucionando a iluminação mundial.
É importante exigir alta qualidade das tecnologias LED, mas sem discriminar uma ou outra técnica de construção. Se os filamentos LED estão tendo grande aceitabilidade, é devido a diversos fatores: exibem alta eficiência, por não precisarem de lentes e difusores; destinam-se à iluminação de baixa potência, usada para pequenos ambientes; assemelham-se muito das tradicionais lâmpadas incandescentes, inclusive no padrão de irradiação luminosa (luz dura e omnidirecional).
Os filamentos LED formaram o seu mercado cativo, especialmente para as situações em que é necessário criar ou manter uma atmosfera intimista, com a imitação da luz de velas ou de lâmpadas incandescentes. Não que os filamentos LED emitam somente o branco quente, pois há modelos com outras temperaturas de cor (rever figura 57). Mas esta é a sua característica mais marcante.
Cada tipo de aplicação adapta-se melhor a determinada tecnologia e forma um nicho de mercado. Os LEDs mais potentes são importantes para aqueles modelos de iluminação com fibras ópticas ou onde seja necessário intenso fluxo luminoso, como na iluminação das ruas e praças, das grandes áreas construídas, dos monumentos e dos estádios. São setores que estão experimentando grande crescimento. Na arquitetura, os painéis e as fitas de LEDs estão popularizando outras formas de iluminação e abriram as portas para a criatividade, sem elevar demais os custos.
O empurrão que faltava aos filamentos LED
O pontapé importante para o crescimento do mercado dos filamentos LED, principalmente na Europa, pode ter sido um relatório de teste sobre as lâmpadas transparentes e não direcionais, chamado “Test Report – Clear, Non-Directional Lamps” [213], preparado conjuntamente pela Agência de Energia da Suécia, pelo Ministério Federal da Saúde, Segurança Alimentar e Meio Ambiente da Bélgica, pelo segmento europeu do Programa Colaborativo de Etiquetagem e Padronização de Utensílios (CLASP – Collaborative Labeling and Appliance Standard Program) e pelo Conselho Europeu para uma Economia Energeticamente Eficiente (ECEEE).
O trabalho foi submetido à Comissão Europeia em 19/11/2014 e apresentou como motivação um estudo do ano anterior [214], feito por duas empresas de consultoria (VHK [215] e VITO [216]) para a Comissão Europeia de Energia (ENER ou DG Energy [217]). O estudo questionava a viabilidade de manter os índices de performance de lâmpadas não direcionais, adotados em 2009 pela diretiva Ecodesign CE n° 244/2009 [218]. O texto alegava que as expectativas de eficiência e preço dos LEDs, nos estudos feitos em 2009, que transformaram-se no regulamento, tinham sido ultrapassadas já em 2013 (a expectativa era alcançar este patamar por volta de 2020).
Assim, o relatório de teste de 2014 sobre as lâmpadas não direcionais, somado àquele estudo de 2013, pretendeu embasar as decisões políticas para adiar ou antecipar as ações da fase 6 do regulamento CE 244/2009. Mais provavelmente, a segunda opção [219]. Esta fase, a ser implantada em setembro de 2016, aumenta mais uma vez os requisitos de eficiência das lâmpadas e leva ao banimento das lâmpadas halógenas do mercado europeu.
Segundo o relatório de teste, foram compradas 10 unidades de cada um dos 18 modelos de lâmpadas de bulbo transparente, em diversos países da Europa. Destes modelos, 17 eram lâmpadas LED e um era lâmpada halógena (para efeito de comparação). Vários deles eram filamentos LED.
O relatório usa um indicador interessante, o preço por determinada quantidade de fluxo luminoso (500 lumens, no caso). A medida de preço por lumens facilita a comparação entre quaisquer lâmpadas, pois elimina as diferenças de emissão entre elas, através do uso de uma simples regra de três. É que a emissão luminosa das lâmpadas depende de como cada fabricante construiu as suas.
Por exemplo: atualmente (2016), são vendidas como equivalentes de 60W, lâmpadas de 600, 810 e 900 lumens. Aos nossos olhos, pouco parece mudar, mas para os instrumentos, são informações muito diferentes. Inclusive, o fabricante não deveria vender uma lâmpada de 600 lumens como se fosse de equivalente à incandescente de 60W (ela é mostrada na primeira foto da Parte 1 (AQUI), desta série de artigos), pois pela Portaria 389/2015, do Inmetro, essa lâmpada entra na categoria de 40W. Ver mais detalhes nas tabelas III e IV, na seção sobre a certificação obrigatória das lâmpadas LED.
O preço para cada 500 lumens, na avaliação europeia, ficou entre 6 e 28 euros para os LEDs e pouco mais de 2 euros para a halógena. A eficácia medida também foi bastante variada: entre 62 lm/W (igual às fluorescentes compactas) e 121 lm/W. A lâmpada halógena exibiu eficácia de 12,8 lm/W, quase dez vezes menor que a da melhor lâmpada LED.
Durante as medições, feitas em 2014, metade das lâmpadas testadas alcançaram os níveis de preço e eficiência previstos na diretiva CE 244/2009 para 2016. Um dos modelos alcançou os níveis de eficiência estimados para 2018 e de preço para 2020.
O documento mostrou-se favorável à antecipação dos requisitos de eficiência das lâmpadas e também confirmou que os filamentos utilizados nas lâmpadas LED têm grande potencial, pois exibem mais eficiência que a maioria das lâmpadas LED convencionais e proporcionam melhor geometria de fluxo. Após este relatório, apareceram nos EUA e na Europa dezenas de marcas com filamentos LED. Infelizmente, poucas delas certificadas.
Menos de um mês depois da publicação, a LightingEurope [220], que representa as empresas de iluminação naquele continente, divulgou um estudo contestando o relatório, alegando que 47% das lâmpadas testadas não estavam em conformidade com os padrões europeus de qualidade. Além disso, eles recomendaram manter 2020 como o prazo final para o banimento das lâmpadas halógenas.
Por um lado, as empresas necessitam ter um horizonte seguro para planejar e direcionar adequadamente seus investimentos. Se alteram frequentemente suas metas, correm o risco de sofrer grandes prejuízos. Ainda mais quando tais investimentos envolvem pesquisa, desenvolvimento e licenciamento de patentes. E os LEDs ainda não são substitutos perfeitos, especialmente na reprodução de cores.
Por outro lado, estudos técnicos com o olho no aquecimento global clamam por mais celeridade na implantação de produtos e hábitos energeticamente eficientes. Mas este assunto não tem apenas estes dois pontos de vista.
Não devemos esquecer que, apesar do aquecimento global preocupar, antes de tudo há uma briga pelo domínio do mercado de iluminação. Os governos já fazem sua parte, determinando políticas restritivas para determinadas lâmpadas, com o apregoado intuito de economizar energia. O resultado direto destas ações é o aquecimento do mercado de iluminação, pois a troca de lâmpadas passa a ser vista quase como uma obrigação.
A informação é a única arma que temos para discernir qual o mais vantajoso sistema de iluminação. Por exemplo, diversas lâmpadas de descarga, como as lâmpadas de vapor de sódio e as lâmpadas fluorescentes, especialmente os novos modelos tubulares trifósforo, ainda são mais eficientes que a grande maioria dos LEDs. Mas a propaganda sobre os LEDs é tão positiva, que está formando um conceito de que eles são as melhores escolhas para todas as situações. Não é bem assim (ao menos em 2016).
Também causa estranheza as empresas falarem tanto em durabilidade das lâmpadas, sendo que no passado recente, a vida útil das incandescentes foi deliberadamente reduzida para mil horas (ver seção sobre o cartel Phoebus, mais adiante). Isto garantiu um mercado sempre renovado e ajudou na sobrevivência das empresas, inclusive alavancou a capacidade de pesquisa delas.
O que mudou para dispormos, ao invés das usuais 1.000 ou 8.000 horas de vida útil (das incandescentes e fluorescentes compactas, respectivamente), uma duração de 25 ou 50 mil horas? Quando a maioria dos consumidores tiver trocado suas lâmpadas e o mercado estabilizar, quantas empresas sobreviverão com produtos de tamanha durabilidade? Ou, até quanto o preço irá baixar? Realmente trocaremos nossas lâmpadas a cada 25 ou 50 anos? Veremos.
De um jeito ou de outro, somos sempre nós, os consumidores, que arcamos com as contas (todas elas). E já que é assim, que não nos façam de bobos. Precisamos saber o que realmente é importante, antes de tomarmos uma posição. Pois cada entidade, empresa ou país puxa a brasa para o seu assado e o objetivo final poderá passar longe do bem comum.
Em razão disso, é importante chamar a atenção para a certificação das lâmpadas LED, que tem o objetivo de disciplinar este mercado no Brasil, pois permitirá a venda somente das lâmpadas e luminárias LED que cumpram com os requisitos mínimos de durabilidade, desempenho e qualidade.
Porque hoje, em 2016, há muitos produtos LED de qualidade duvidosa à venda em todas as lojas de materiais elétricos. E não é somente no Brasil que isto acontece, pois há relatos de problemas com as “duráveis” lâmpadas LED em outros países (ver referências [221] a [224]).
A certificação obrigatória das lâmpadas LED no Brasil
Em função da existência de muitos produtos LED de péssima qualidade no mercado, que poderão estragar o conceito de economia e durabilidade apregoado para os LEDs, como infelizmente ocorreu com as fluorescentes compactas, o INMETRO já definiu que do quarto trimestre de 2017 em diante, todas as lâmpadas LED vendidas no Brasil deverão ser certificadas.
Isto é MUITO IMPORTANTE.
As embalagens das lâmpadas LED deverão exibir a etiqueta ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de Energia), como forma de garantir os requisitos mínimos de qualidade e desempenho. O selo ENCE faz parte do programa PROCEL. O Programa de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) foi instituído pela Portaria Interministerial 1877, em 30 de dezembro de 1985 [225]. Ou seja, fazem mais de 3 décadas que há especialistas e autoridades preocupados com o uso moderado da energia elétrica em nosso país.
A norma do INMETRO que trata da obrigatoriedade do selo ENCE Procel para LEDs é a Portaria 144, de 13 março de 2015 [226]. Ela complementa outras duas, a Portaria 389, de 25 de agosto de 2014 [227] – que é a principal – e a Portaria 143, de 13 de março de 2015 [228], que atualizou alguns itens da Portaria 389. A Portaria 144 também define os seguintes prazos, após os quais as respectivas empresas deverão comercializar exclusivamente lâmpadas LED certificadas:
Importação e fabricação – 13 de dezembro de 2015 (9 meses após a publicação da Portaria) – este prazo foi postergado para 11 meses, pela Portaria INMETRO 76/2016;
Comercialização por fabricantes e importadores – 13 de junho de 2016 (15 meses);
Comercialização por atacadistas e varejistas – 13 de março de 2017 (24 meses);
Comercialização por micro e pequenas empresas – 13 de setembro de 2017 (30 meses).
O selo ENCE é obrigatório para toda lâmpada LED de luz branca que tem o circuito de controle (driver) embutido. São aquelas com ligação direta à rede elétrica (127 ou 220VCA) ou à alimentação em corrente contínua até 50V. Não se enquadram nesta certificação as fitas LED e os LEDs RGB.
Informações que devem constar no selo ENCE: potência (Watt), fluxo luminoso (lúmen), eficácia energética (lm/W), além de um número do organismo certificador. O selo não conterá aquela classificação por letras (selo PROCEL), que é utilizada nas embalagens das lâmpadas incandescentes e fluorescentes (figura 82).
![Figura 82 – Selo PROCEL de eficiência energética em lâmpadas incandescentes e fluorescentes, definido na Portaria do Inmetro 489/2010 [229]. Também foi usado em algumas lâmpadas LED, antes de sua certificação compulsória.](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig82-dscn8290ed.jpg?w=595&h=446)
Figura 82 – Selo PROCEL de eficiência energética em lâmpadas incandescentes e fluorescentes, definido na Portaria do Inmetro 489/2010 [229]. Também foi usado em algumas lâmpadas LED, antes de sua certificação compulsória.
![Figura 83 – Selo ENCE Procel de 50x32mm (altura x largura) de tamanho normal, utilizado para todas as lâmpadas LED certificadas. Fonte: Portaria INMETRO 389 [227].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig83-seloencenormal.jpg?w=595&h=642)
Figura 83 – Selo ENCE Procel de 50x32mm (altura x largura) de tamanho normal, utilizado para todas as lâmpadas LED certificadas. Fonte: Portaria INMETRO 389 [227].
![Figura 84 – Selo ENCE Procel de 39x28mm de tamanho reduzido, utilizado para as lâmpadas LED tubulares. Fonte: Portaria INMETRO 389 [227].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig84-seloencereduzido.jpg?w=595&h=572)
Figura 84 – Selo ENCE Procel de 39x28mm de tamanho reduzido, utilizado para as lâmpadas LED tubulares. Fonte: Portaria INMETRO 389 [227].
![Figura 85 – Selo ENCE Procel de 38x32mm provisório, sem indicação de eficiência, utilizado exclusivamente para lâmpadas LED tubulares de 2,4 metros de comprimento, enquanto não tiverem a avaliação de desempenho. Fonte: Portaria INMETRO 389 [227].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig85-seloenceprovisorio.jpg?w=595&h=558)
Figura 85 – Selo ENCE Procel de 38x32mm provisório, sem indicação de eficiência, utilizado exclusivamente para lâmpadas LED tubulares de 2,4 metros de comprimento, enquanto não tiverem a avaliação de desempenho. Fonte: Portaria INMETRO 389 [227].
Além dos dados obrigatórios do selo de certificação, a embalagem (e eventualmente, a própria lâmpada) deverá mencionar outras características, como o fator de potência, a vida útil, o índice de reprodução de cor (IRC, que não deverá ser menor que 80), a tensão de trabalho, a possibilidade ou não de dimerização, etc.. A presença destas informações também é um requisito para obter a certificação.

Tabela II – Quantidade de lumens emitida pelas lâmpadas incandescentes e fluorescentes, para ajudar na escolha de uma substituta LED.
A intenção de certificar todas as lâmpadas LED é bem-vinda e elogiada pela parcela mais séria do empresariado. Ocorre que o prazo para adequação à norma também causa um comportamento inverso ao desejado. O ideal é que todas as empresas de iluminação comecem já a produzir e comercializar lâmpadas de melhor qualidade, passíveis de certificação, mesmo que ainda não esteja disponível a etiqueta ENCE.
Mas como há oportunistas em todo lugar, algumas empresas compraram no exterior, emquanto ainda puderam, enormes quantidades de lâmpadas LED – sem condições de certificação – para revendê-las aos distribuidores e lojistas, que terão prazo mais alongado para comercializá-las. Um exemplo típico são os painéis de LED, de embutir ou sobrepor.
E como estes revendedores e lojistas provavelmente ficarão com estoques altos, é quase certo que peçam para alongar o prazo para a venda de lâmpadas não homologadas, da mesma forma como foi feito com outras normas brasileiras. Um exemplo recente foram os sucessivos adiamentos da compulsoriedade da NBR14136, de plugues e tomadas. Fiz, há algum tempo, um post (AQUI) sobre este assunto. O contraponto será a firmeza do INMETRO e das autoridades, de não deixar cair o conceito das lâmpadas LED, pela comercialização prolongada de maus produtos.
Observação: a Portaria do INMETRO 76/2016 postergou por 2 meses (passou de 9 para 11 meses) o prazo para a fabricação e importação de lâmpadas LED, tendo em vista a demora dos Organismos de Certificação de Produtos (OCP) em disponibilizar a infraestrutura de certificação. Na prática, este prazo já tinha se esgotado quando a portaria foi editada, provavelmente ela servirá para evitar que empresas fiquem expostas a uma situação irregular, devido a problemas externos a elas.
O que a certificação exige das lâmpadas LED
A Portaria do Inmetro 389/2014 [227] define os requisitos de durabilidade mínima (vida útil, longevidade) para as lâmpadas LED. Para os modelos decorativos (ornamentais), a vida útil mínima é de 15 mil horas e para os modelos restantes (de uso normal, mais usadas no dia-a-dia), é de 25 mil horas de funcionamento. Nos dois casos, a lâmpada deverá ser capaz de emitir, ao final de sua vida útil, 70% do fluxo luminoso que emitia quando era nova. Este percentual de luminosidade é mais conhecido por índice L70 e tem aceitação internacional.
Em determinadas situações, podem ser utilizados os índices L80 e L90, que correspondem, respectivamente, a 80% e 90% da luminosidade inicial da lâmpada.
Os ensaios para a obtenção da certificação (item 6.10 da Portaria 389/2014) são feitos com 10 lâmpadas do mesmo modelo, ligadas conjuntamente, 5 delas com a base para cima e 5 com a base para baixo. No caso das lâmpadas utilizadas no dia a dia (não decorativas), elas ficam expostas a uma temperatura de 45°C e são alimentadas com a tensão nominal (127VCA, 220VCA ou a tensão CC adequada). Se qualquer lâmpada do lote queimar durante os ensaios, o modelo será considerado não conforme.
Do mesmo modo, se qualquer uma das lâmpadas não emitir o percentual mínimo de luz em relação ao inicialmente emitido, ao final dos ensaios, a amostra será reprovada.
O tempo de teste da lâmpada ligada é essencial para conferir se a qualidade inicial da lâmpada é mantida por toda sua vida útil. Como existe uma redução gradual da emissão luminosa das lâmpadas LED, a norma determina que as lâmpadas sejam ligadas durante determinado número de horas e então são medidas as diferenças de luminosidade.
Estas diferenças de luminosidade formam uma tendência, que é extrapolada num gráfico (a linha do gráfico segue com a mesma inclinação, conforme as diretrizes TM-21) como mostra a figura 86. Ou seja, a redução de luminosidade da lâmpada indicará com razoável confiabilidade o prazo de vida útil, quando atingirá os 70% de luminosidade, em relação à quantidade de lumens inicialmente emitida.

Figura 86 – Gráfico de teste de uma lâmpada de LED, com qualificação inicial (procedimentos LM-80). A faixa amarela indica o teste real, que é o tempo em que a lâmpada ficou ligada. A linha do gráfico segue com a mesma inclinação (é extrapolada), até o momento em que a luminosidade cai para 70% da original. Este tempo estimado é a vida útil da lâmpada.
As lâmpadas LED podem ser certificadas de dois modos, o primeiro é quando já foram iniciados testes de durabilidade, por iniciativa do fabricante, é quando existe a qualificação inicial. Tais resultados podem ser anexados aos testes de certificação (fase 1). Neste caso, as lâmpadas ficam em teste por 3 mil horas e é calculada a chamada antecipação, baseada nos dados informados pelo fabricante (segundo os procedimentos internacionais LM-80 e ISTMT).
Caso não existam dados suficientes do produto, segundo os ensaios LM-80, ou a lâmpada é reprovada em algum dos testes da fase 1, é feita a certificação de modo normal (fase 2, sem LM-80), com ensaios de 6 mil horas.
Ambas as fases focam uma longevidade de 25 mil horas para a lâmpada completa, exceto para as lâmpadas decorativas, cuja vida útil é de 15 mil horas.
Para clarear o significado das siglas acima, LM-80 (LM-80-08) não é uma norma, é o procedimento de teste para componentes e módulos LED, onde são desprezadas as partes ópticas, térmicas e os controladores. LM-80 foi aprovado pela IESNA (Illuminating Engineering Society North America – Sociedade Norte Americana de Engenharia de Iluminação) e é aceito internacionalmente. O procedimento LM-80 exige um teste mínimo de 6 mil horas de duração, com medições a cada 1000 horas, em 3 faixas de temperatura (55ºC, 85ºC e outra definida pelo fabricante). Nestas condições, são analisadas a redução da intensidade luminosa e a manutenção do IRC (índice de reprodução de cor).
A publicação LM-79 (LM-79-08), também aprovada pela IESNA, é dedicada à avaliação de desempenho de equipamentos LED integrados, aplicável à lâmpada ou luminária. Não é aplicável aos módulos ou componentes LED. Os dados obtidos pelos procedimentos LM-79 são o retrato do produto em um determinado momento, geralmente no início de sua vida útil. Não são abordadas as características de vida útil e desempenho ao longo do tempo. A LM-79 orienta a medição de parâmetros fotométricos (fluxo luminoso, eficácia luminosa, intensidade luminosa, coordenadas cromáticas, temperatura de cor, índice de reprodução de cor e distribuição espectral) e elétricos (voltagem, potência, corrente, frequência e fator de potência).
ISTMT (In-SITU Temperature Measurement Testing) é proveniente do programa Energy Star e presta-se à medição da temperatura dos LEDs dentro da lâmpada ou luminária em operação. In situ que dizer “no lugar determinado”. ISTMT orienta onde colocar os sensores para medir a temperatura, identifica o fabricante, encapsulamento e modelo dos LEDs, bem como o modelo e especificações do circuito de controle (driver). ISTMT também orienta sobre a estimativa da vida útil dos LEDs, conforme os cálculos dos procedimentos TM-21.
TM-21-11 é um método matemático (de extrapolação) aprovado pela IESNA para facilitar o uso dos dados LM-80, tornando mais prática a determinação da vida útil dos LEDs.
Assim, os procedimentos de teste LM-80 servem para identificar a verdadeira qualidade dos LEDs, decorrente de uma razoável manutenção da intensidade luminosa, sob determinadas temperaturas, com o passar do tempo. Os dados obtidos determinam se os LEDs escolhidos para fabricar uma lâmpada ou luminária são adequados para a vida útil pretendida. Estes dados, somados aos obtidos pelos procedimentos LM-79, prestam-se a comparações entre lâmpadas de diferentes fabricantes.
Falando de outra maneira: os procedimentos LM-79 (luminárias/lâmpadas LED) e LM-80 (LEDs/módulos LED) geram resultados que, por si mesmos, não atestam diretamente que os produtos são de boa qualidade, pois há necessidade de interpretar tais informações.
Mas, voltemos aos ensaios de durabilidade do INMETRO, para certificação dos LEDs.
No final do ensaio de 3 mil horas (fase 1) a lâmpada deverá emitir 95,8% do fluxo luminoso inicial e ao final do ensaio de 6 mil horas (fase 2), 91,8% do fluxo inicial. Para lâmpadas decorativas, o percentual é de 93,1% para 3 mil horas e 86,7% para 6 mil horas.
Declarações de vida útil superior a 25 mil horas são opcionais, mas obrigam o fabricante a efetuar ensaios mais longos. Por exemplo, uma lâmpada com vida útil estimada de 30 mil horas deverá ser testada por 7500 horas, ao passo que uma longevidade declarada de 50 mil horas obrigará a um teste de 12500 horas. O percentual de emissão luminosa esperado ao final de qualquer destes ensaios é de 91,5%, em relação à emissão inicial. Para as lâmpadas decorativas, os valores ficam um pouco abaixo disso.
Além dos testes de luminosidade, o ensaio para a certificação obriga também a medições sobre o capacitor eletrolítico da fonte, quando dele depende a corrente sobre os LEDs da lâmpada. Se a vida útil estimada para o capacitor for menor do que a da lâmpada, o produto será reprovado.
A Portaria 389/2014 exige que as medidas fotométricas (que tem relação com a luz, como a emissão luminosa e ângulo de irradiação), sejam feitas na corrente necessária para obter a quantidade de lumens indicada pelo fabricante.
Depois destes ensaios de durabilidade, há os ensaios de resistência. A lâmpada é exposta a choques térmicos (passa rapidamente, por 5 vezes, de -10°C a +50°C) e a ciclos de comutação (a lâmpada é ligada e desligada a metade de vezes da sua vida útil).
O teste de comutação é importante porque obriga a um projeto mais cuidadoso do circuito de alimentação da lâmpada LED, pois o surto de corrente inicial causa boa parte dos defeitos.
Pessoalmente, considero que o teste de comutação deveria ser muito mais agressivo, algo como 2 ou 4 vezes a vida útil, pois muitas lâmpadas são ligadas e desligadas dezenas de vezes ao dia, como aquelas ligadas às minuterias de corredores e escadas, em prédios de apartamentos.
Os ensaios de resistência também são pré-requisitos para obter a certificação.
Outro item é a compatibilidade eletromagnética (EMC – electromagnetic compatiblility). A Portaria 389/2014 do INMETRO exige testes de interferência eletromagnética (IEM) e pode reprovar lâmpadas em processo de certificação.
A exigência foi motivada pela ocorrência de interferências importantes de lâmpadas LED em frequências de radioamador, televisão e rádio. São avaliadas três situações de IEM: 1) Tensões de perturbação em terminais de alimentação; 2) Perturbações eletromagnéticas radiadas – Campo Magnético; 3) Perturbações eletromagnéticas radiadas – Campo Elétrico.
Estas medições devem ficar abaixo de certos limites máximos, para garantir a certificação. As perturbações no circuito de alimentação (item 1 acima) refletem diretamente no fator de potência da lâmpada LED, que na prática indica a quantidade de distorção harmônica que a lâmpada em funcionamento injeta na rede elétrica. O fator de potência mínimo exigido para as lâmpadas LED de 5W a 25W é de 0,7. Em lâmpadas menores que 5W, não é exigido fator de potência mínimo. E para lâmpadas maiores que 25W, o fator de potência deve ser maior que 0,92.
O valor máximo (e melhor) do fator de potência é 1, que corresponde a uma carga resistiva, ou seja, que não interfere na rede elétrica.
Segundo a página da Exper Solution [230], os testes de IEM são os mais críticos para a reprovação das lâmpadas LED em processo de certificação, pois atualmente as lâmpadas presentes no mercado apresentam altos índices de reprovação. Como são medições rápidas, devem ser feitas antes dos testes de durabilidade, pois poderão ser necessários ajustes nos componentes eletrônicos, especialmente nas fontes chaveadas.
Por causa da demora para conseguir a certificação das lâmpadas, os selos só devem começar a aparecer nas embalagens a partir do segundo semestre de 2016. Para quem já levantou da cadeira e gritou “É uma vergonha!” contra a ineficiência dos organismos de certificação, informo que um teste de 3 mil horas leva mais de 4 meses para ser concluído, é só dividir o tempo de teste pelo número de horas do dia e novamente pelo número de dias do mês: 3000÷24÷30=4,17 meses. Se o tempo de teste for de 6 mil horas, serão necessários quase 9 meses para poder emitir o laudo técnico.
E são testes curtos, para não penalizar as empresas. Imagine se quiséssemos fazer um teste real de 25 mil horas, sem gráficos extrapolados. As empresas seriam capazes de aguardar 3 anos para obter a certificação e só então dispor da permissão para vender suas lâmpadas?
Para ajudar os consumidores, há uma lista dos equipamentos certificados com os selos PROCEL, publicada pelo Procelinfo [231]. As lâmpadas LED também já estão na lista [232].
Aos interessados, as referências [233] a [243] trazem mais detalhes sobre os procedimentos de teste e a vida útil dos LEDs.
As brigas pelas patentes dos LEDs
Hoje em dia, um conceito cada vez mais popular enuncia que quando estão dadas as condições para um novo desenvolvimento, ele acontece simultaneamente em vários lugares. Já foi assim com Alexander Graham Bell, aclamado como o inventor do telefone.
Segundo o livro “Apropriação Indébita: Como os ricos estão tomando nossa herança comum”, escrito por Gar Alperovitz e Lew Daly (editora Senac, 2010) e que tem uma excelente resenha do professor Ladislau Dowbor [244], na mesma época em que Graham Bell patenteou sua invenção, havia dezenas de outras patentes semelhantes à sua, de outros inventores espalhados pelo mundo. Até mesmo no Brasil, tínhamos o Padre Landell de Moura. E na primeira parte (aqui) desta série de artigos, vimos que aconteceu o mesmo no surgimento da lâmpada incandescente.
O livro é enxuto, bem embasado e fácil de ler. O texto questiona a validade das patentes, que enriquecem muitos mais seus intermediários do que os inventores. E também desconstrói o mito do gênio, como causa da maioria das invenções, pois há muito mais de persistência e trabalho duro do que genialidade, no desenvolvimento de novos produtos.
Os trabalhos dos primeiros pesquisadores, em qualquer área, servem de alicerce para os novos desenvolvimentos tecnológicos, assim como os de hoje servirão para o futuro. É interessante relembrar a célebre frase de Isaac Newton, a respeito da importância do conhecimento legado: “Se vejo um pouco mais longe, é por estar sobre os ombros de gigantes”.
As patentes foram criadas, em princípio, para proteger e incentivar os inventores, para que pudessem usufruir de algum benefício econômico pelo seu esforço. Mas passou o tempo do pesquisador solitário, que descobria algo novo sozinho.
Em nosso caso, devido à complexidade da tecnologia de semicondutores, as pesquisas realizadas nesta área necessitam de equipes cada vez maiores, que abrangem diversos ramos do conhecimento. E para manter tais equipes é preciso muito dinheiro, que vem de grandes empresas e instituições. Resulta que as novas ideias são rapidamente registradas em patentes, com o intuito de garantir o retorno financeiro.
Se é encontrada a solução de um problema crucial, como por exemplo, desenvolver um fósforo que converta eficazmente a luz azul do LED em verde-claro e ciano (por volta de 570 nanômetros), um desafio ainda não solucionado no início de 2016, certamente haverão muitos interessados em pagar pelos direitos de uso (licenciamento) da patente. Traduzindo: dinheiro no bolso.
A propriedade intelectual da invenção registrada (a patente) é válida por 20 anos. Passado este prazo, aquela ideia não tem mais dono, é pública. Com isso, forma-se ao longo do tempo um enorme banco de dados, de acesso irrestrito, com ideias e invenções sobre todos os ramos do conhecimento humano. Este talvez seja o aspecto mais positivo das patentes.
Atualmente, com o ritmo alucinante do progresso técnico, 20 anos podem até parecer uma eternidade, mas é o prazo necessário para que determinadas ideias sejam viáveis comercialmente.
Quando as patentes são licenciadas para terceiros, são geradas taxas sobre os direitos de uso, os famosos royalties. Os royalties também se aplicam ao direito de uso de marcas, de extração de minérios, petróleo, etc. Acontece muito de uma empresa que desenvolveu determinado produto e o registrou em patente, considerar mais conveniente permitir que a fabricação seja feita por outra indústria, da qual usufruirá um percentual das vendas.
Neste momento em que o desenvolvimento dos LEDs anda a passos largos, há muitos institutos de pesquisa, empresas, universidades e países interessados neste filão (ou filé). Novas técnicas e soluções pipocam a todo instante, cada qual melhorando uma característica particular da tecnologia LED. Esta competição pode eventualmente ter alguma sinergia (ajuda mútua) entre pesquisadores, mas também resulta em uma forte disputa, pela primazia das patentes.
Daí, as disputas das patentes se dão nos detalhes. Por exemplo, se foi registrada a ideia do filamento LED em base transparente como a safira, outra empresa pode conseguir registrar uma patente que faça o mesmo filamento LED, mas sobre uma base metálica, toda perfurada. E outro inventor, registrar a montagem do filamento LED numa base semicircular, ao invés de reta. Estou simplificando, mas o conceito é basicamente este. Mas as ideias óbvias, a que qualquer pessoa poderia chegar por dedução, não são patenteáveis.
Além disso, há o problema da geografia mundial. Se uma patente foi registrada em um país e não em outro, é possível que um concorrente vá lá antes e registre a mesma ideia. Então, naquele país o concorrente é que será o dono da patente e terá direito aos royalties.
Foi o que aconteceu no Brasil, quando a Honda depositou, em 1975, diversas patentes relativas aos motores de 4 tempos de suas motocicletas. Cada patente abordava a melhoria de um aspecto específico do motor (comando de válvulas, admissão, exaustão, etc.). Por conta disso, a empresa conseguiu de forma indireta a exclusividade da fabricação dos motores de 4 tempos para motocicletas em nosso país, apesar do motor de ciclo Otto ter sido inventado em 1876 (por Nikolaus August Otto).
Esta situação perdurou por 20 anos e somente no final dos anos 1990 que os concorrentes começaram a produzir no Brasil motocicletas com motores de 4 tempos. Para ter uma ideia das patentes envolvidas na questão, acessar o sítio do INPI [245], que dispõe de um sistema de busca de patentes. É só procurar pela marca Honda e ir para a última página da lista, que está ordenada da data mais recente para a mais antiga.
Na área dos LEDs, não é diferente. Uma divertida apresentação de Bing Liang na Semicon China 2012 [246], faz um trocadilho e chama o LED de Land-Extremely Dangerous (algo como terreno extremamente perigoso…). Ele traz dados impressionantes. Por exemplo, em 2012 havia cerca de 150 mil patentes versando sobre os LEDs, 20 mil somente nos EUA, das quais 276 envolvidas em ações judiciais. China e Japão respondiam por 40 e 50 mil patentes, respectivamente.
Esta apresentação também demonstra os acordos de licenciamento e disputa de patentes entre os fabricantes. Há 3 painéis sobre este assunto, para os anos de 2002, 2006 e 2007. Também é abordado o aumento do número de processos com o passar dos anos e classifica 5 grandes empresas pela quantidade de patentes (dados de junho de 2011): Philips (Lumileds), Osram, Cree, Nichia e Toyoda Gosei. Entre as chinesas (eles consideram Taiwan como China), estão a Epi-Light, Lattice Power, SanAn, Rainbow, HC, Silan, Lumei e Aqual Light.
Outra página muito interessante, com excelentes artigos, é a da francesa Dilligot [247], que também mostra em painéis as empresas que estiveram envolvidas em disputas judiciais de propriedade intelectual (figura 87) e os acordos celebrados. Uma pena que a página agora limita o acesso ao público, pois é necessário cadastrar-se antes de poder acessar qualquer conteúdo. E o Brasil não aparece na lista…
![Figura 87 – Painel com as empresas da área de iluminação LED envolvidas em disputas judiciais em torno de patentes. Os dados são de 2010. Fonte: Dilligot [247].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig87-manydisagreementsonpatents.jpg?w=595&h=406)
Figura 87 – Painel com as empresas da área de iluminação LED envolvidas em disputas judiciais em torno de patentes. Os dados são de 2010. Fonte: Dilligot [247].
A revista BizLED [249] questiona até onde irá esta guerra de patentes, visto que os custos andam tão elevados que alguns grandes fabricantes já fizeram acordos de licenciamento compartilhado, de abrangência global, como aquele celebrado em 2012 entre Osram, LG Electronics e LG Innotek[250]. Outro grande acordo foi em 2015, entre a Epistar e a Cree [251].
Além disso, um artigo da All Led Lighting [252] menciona que o custo das disputas judiciais está dificultando, como um efeito colateral, a redução do preço dos LEDs, pois as empresas têm que somar estas despesas ao preço final. Esse artigo relata um preocupante precedente, referente a utilidade de uma patente, aberto por uma demanda da Universidade de Boston, nos EUA. Agora, não só o fabricante que realmente infringiu a patente, mas toda a cadeia produtiva, como os distribuidores, projetistas e revendedores, podem estar sujeitos a processos judiciais (o que é um absurdo, convenhamos).
Algumas empresas não tem pudor em mostrar ao público as disputas, como a taiwanesa Everlight, que noticia todos estes eventos em sua página web. Esta empresa tem disputas com a Nichia japonesa. Outra que expõe suas desavenças é a chinesa YunSun, que tem uma patente de filamento LED de base metálica e questiona diversos aspectos de uma patente da Ledisong.
Estes poucos casos formam uma amostra do enorme universo de contestações.
E existem grandes indústrias na área de LEDs, com patentes fundamentais, como a Toyoda-Gosei (não é Toyota…) [253], que podem ser totalmente desconhecidas do público. Além de LEDs, eles fabricam uma extensa linha de produtos, como aparelhos de ar condicionado, sistemas de redução de ruído para edificações e peças automotivas. A Toyoda Gosei está no Brasil (Toyoda GDBR), mas aqui produz somente peças para a Toyota, desde 2014 [254]. Esta empresa tem um portfolio importante de patentes na área de LEDs, inclusive a do LED branco. Como curiosidade, a Toyoda Gosei fabrica a lanterna LED dynamo light, que só precisa puxar um fio para ficar ligada por algum tempo. Só que na página web da empresa não é possível encontrar qualquer conteúdo com sua linha de produtos, muito menos especificações técnicas. Foi encontrado o catálogo geral da empresa no sítio Direct Industry [255], mas é pago…
O que ficou evidente nas pesquisas sobre as patentes de LEDs, é que há um movimento dos grandes fabricantes mundiais, que tratam de compor acordos de compartilhamento de patentes entre si, com o claro objetivo de dificultar o crescimento das empresas asiáticas (especialmente as da China), que inundaram o mercado de LEDs, nos últimos anos, com produtos baratos e sem patentes.
Como estas empresas não tem um portfolio muito grande de patentes essenciais, elas estão sujeitas às demandas judiciais dos grandes e tradicionais fabricantes. Não é outra coisa senão uma briga pelo domínio do bilionário mercado de LEDs.
A briga agora está sendo dirigida contra os fabricantes de produtos finais (celulares, tablets, notebooks, monitores, etc.), que deverão confirmar que seus fornecedores de chips LED tenham efetivamente o licenciamento das patentes do que produzem, para evitar que sejam envolvidos em processos judiciais [256].
O resultado direto destas ações é a redução do potencial criativo das pequenas empresas, que podem sentir-se intimidadas a entrar em determinadas linhas de pesquisa, pois não teriam como arcar com eventuais (e caras) demandas judiciais. Um estudo do Institut Mines-Télécom [257], da França, observa que os litígios de patentes dos LEDs atuariam como barreiras para a inovação. Outro artigo, do New York Times [258], comenta o uso de patentes como uma espada sobre os pequenos desenvolvedores de tecnologia.
As patentes dos filamentos LED
Voltando aos filamentos LED. Um exemplo que poderia ser o primeiro filamento LED vem de uma patente depositada em julho de 2002, pelo inventor japonês Yoshihiko Shibata, a US20040008525 [259], que inclusive comenta a possibilidade dos fabricantes de bulbos incandescentes passarem a produzir lâmpadas LED, utilizando a infraestrutura existente. Aparentemente, o inventor pensou somente no LED pronto, que é bem maior que o chip. Ele utiliza LEDs discretos, de montagem SMD, emendados uns aos outros através de placas metálicas, formando uma sequência maleável de LEDs, como é possível ver nas figuras 88 e 89. É utilizado o bulbo de vidro tradicional, bem como o poste central de vidro, que apoia os componentes, exatamente da mesma forma que as lâmpadas incandescentes.
![Figura 88– Um dos modelos de bulbo projetados pela patente US20040008525. Fonte: Google Patents [259].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig88-bulbofled-us20040008525.jpg?w=595&h=617)
Figura 88– Um dos modelos de bulbo projetados pela patente US20040008525. Fonte: Google Patents [259].
![Figura 89 – Sequência de LED, formando algo semelhante a um filamento maleável. Fonte: Google Patents [259].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig89-ledsfled-us20040008525.jpg?w=595&h=213)
Figura 89 – Sequência de LED, formando algo semelhante a um filamento maleável. Fonte: Google Patents [259].
Há informações de que a taiwanesa Epistar adquiriu uma série de patentes, consideradas chave para a construção dos filamentos LED [261]. A primeira destas patentes seria de 2006 e abrange a base transparente e o adesivo do chip. Não sei se a patente CN201007995Y está no portfolio desta empresa, pois o texto está totalmente em chinês e dificulta muito a interpretação. Se o registro tivesse sido feito com mais um chip, estaria caracterizado o filamento LED. Mas a ideia da emissão omnidirecional, com o LED montado em superfície transparente, parece vir desta patente.
A japonesa Ushio tem uma patente de bulbo LED, depositada em 2008 no Japão (número JP2009-170759A) e nos EUA (número US20090184618A1 [262]). A patente está em nome da Sanyo e da Ushio e os inventores são Kunihiko Hakata e Tomomi Matsuoka. Além do sítio japonês de busca de patentes J-PlatPat [263] e do Google Patents, este documento também pode ser encontrado nas bases de dados da Fresh Patents [264] e Patent Buddy [265].
O filamento LED da patente da Ushio é bem simples, pois tem somente dois semicondutores LED. Emite luz em todas as direções, por conta de uma base transparente, que apoia os contatos metálicos onde ficam os LEDs e reflete, pelas laterais, um pouco de luz para a parte traseira (figuras 91 a 93). Por isto que os filamentos eram dispostos em semicírculo na lâmpada, como mostra a figura 91. Os desenhos não deixam dúvidas de que é um filamento LED.
![Figura 91 – Lâmpada de filamento LED da Ushio, comparar com a lâmpada Ushio da figura 64. Fonte: J-Plat-Pat [263].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig91-bulboushioled-us200901864618.jpg?w=595&h=726)
Figura 91 – Lâmpada de filamento LED da Ushio, comparar com a lâmpada Ushio da figura 64. Fonte: J-Plat-Pat [263].
![Figura 92 – Vista lateral do filamento LED da Ushio, onde é possível perceber, na imagem menor, a irradiação da luz em todas as direções. A peça nº 42 é a base metálica. Fonte: J-Plat-Pat [263].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig92-ushiofled-us200901864618.jpg?w=595&h=508)
Figura 92 – Vista lateral do filamento LED da Ushio, onde é possível perceber, na imagem menor, a irradiação da luz em todas as direções. A peça nº 42 é a base metálica. Fonte: J-Plat-Pat [263].
![Figura 93 – Vista superior do filamento LED da Ushio, com as diversas etapas de fabricação. Fonte: J-Plat-Pat [263].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig93-etapasfabushiofled-us200901864618.jpg?w=595)
Figura 93 – Vista superior do filamento LED da Ushio, com as diversas etapas de fabricação. Fonte: J-Plat-Pat [263].
Há outra patente da Panasonic, depositada em 2012, que aborda as melhorias feitas naquele primeiro modelo. Nos EUA, ela recebeu o número US2014/0078738 A1 [267], na Europa EP2660887A1 [268] e na China CN204201514U [269]. Esta patente é mais detalhada, como é possível perceber pelos desenhos das figuras 96 e 97.
Aliás, esta é uma característica das patentes bem formuladas, que explanam de modo muito claro a técnica para fabricar determinado componente. Bem ao contrário daquelas patentes de aproveitadores profissionais, que fazem desenhos muito grosseiros e bastante genéricos, para depois entrar com processos judiciais pelo uso da “sua” ideia…
![Figura 94 – Desenho do protótipo inicial da lâmpada Panasonic Nostalgic Clear, obtido da patente US20120256538 – Fonte: Google Patents [266].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig94-bulbopanasonic-us20120256538.jpg?w=595)
Figura 94 – Desenho do protótipo inicial da lâmpada Panasonic Nostalgic Clear, obtido da patente US20120256538 – Fonte: Google Patents [266].
![Figura 95 – Desenho da fonte de luz LED do protótipo inicial da lâmpada Panasonic Nostalgic Clear, obtido da patente US20120256538 – Fonte: Google Patents [266].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig95-fledpanasonic-us20120256538.jpg?w=595&h=407)
Figura 95 – Desenho da fonte de luz LED do protótipo inicial da lâmpada Panasonic
Nostalgic Clear, obtido da patente US20120256538 – Fonte: Google Patents [266].
![Figura 96 – Desenho da lâmpada Panasonic Nostalgic Clear melhorada, obtido da patente US2014/0078738 A1 (p. 29). Fonte: Google Patents [267].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig96-bulbopanasonic-us20140078738.jpg?w=595&h=402)
Figura 96 – Desenho da lâmpada Panasonic Nostalgic Clear melhorada, obtido da patente US2014/0078738 A1 (p. 29). Fonte: Google Patents [267].
![Figura 97 – Desenho da fonte de luz LED da lâmpada Panasonic Nostalgic Clear melhorada, obtido da patente US2014/0078738 A1. Fonte: Google Patents [267].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig97-fledpanasonic-us20140078738.jpg?w=595)
Figura 97 – Desenho da fonte de luz LED da lâmpada Panasonic Nostalgic Clear melhorada, obtido da patente US2014/0078738 A1. Fonte: Google Patents [267].
![Figura 98 – Lâmpada de dois filamentos LED da patente da Ledisong, semelhante aos modelos atualmente comercializados. Fonte: Google Patents [270].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig98-bulboledisong-ep2535640a1.jpg?w=595&h=707)
Figura 98 – Lâmpada de dois filamentos LED da patente da Ledisong, semelhante aos modelos atualmente comercializados. Fonte: Google Patents [270].
![Figura 99 - Lâmpada de um filamento LED da patente da Ledisong, semelhante aos modelos atualmente comercializados. Fonte: Google Patents [270].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig99-bulboledisong2-ep2535640a1.jpg?w=595)
Figura 99 – Lâmpada de um filamento LED da patente da Ledisong, semelhante aos modelos atualmente comercializados. Fonte: Google Patents [270].
![Figura 100 – Modelos de filamento LED descritos na patente da Ledisong, o do meio é envolvido em um tubo fluorescente. Fonte: Google Patents [270].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig100-fledsledisong-ep2535640a1.jpg?w=595&h=701)
Figura 100 – Modelos de filamento LED descritos na patente da Ledisong, o do meio é envolvido em um tubo fluorescente. Fonte: Google Patents [270].
Há confusão na denominação da empresa, pois as patentes referem-se a Ledison (Zhejiang Ledison Optoelectronics Co.), ao passo que o sítio do fabricante, que cita as patentes como suas, denomina-se Ledisong [272]. Ambas existem na internet, mas as outras empresas parecem pequenos fabricantes ou revendedores, como a Ledison Lighting Industrial Co.[273] ou a Ledison LED lights Co. [274]. E foram encontradas lâmpadas Ledison e Ledisong à venda (figuras 101 e 102), até a página da Ledisong mostra fotos de lâmpadas com as duas denominações. É provável que a empresa tenha alterado seu nome há pouco tempo.
A chinesa Sunny tem uma patente de agosto de 2013, que trata da lâmpada de 4 filamentos LED completa (figura 103) e especifica a forma interligação deles, feita pelos fios apoiados no poste central de vidro (figura 104). É a CN203395690U ou WO2015021734A1 [277].Depois, há outra patente de filamento LED (US20140369036 A1), depositada em setembro de 2013 [278]. A versão chinesa desta patente tem o número CN103322525A [279]. O inventor é Yunlong Feng e o registro pertence à Runlite, de Shenzen, na China. Esta empresa tem como parceira a Epistar, de Taiwan. Como é possível perceber, há muita semelhança entre este filamento LED (figura 105) e os das figuras anteriores, mas esta é a única patente que mostra uma configuração com os chips colados nos dois lados da base do filamento LED. A Runlite [280] produz 3 tamanhos de filamentos LED, que costumam ser mais “gordinhos”, devido à espessa camada de fósforo (figura 106).
Outra opção de filamento LED é da YunSun [98], que patenteou o modelo de base metálica perfurada, em vez de uma lâmina transparente como a safira, vidro ou cerâmica. A patente, segundo a empresa é a 20141004680.2, provavelmente registrada na China, mas não foi possível encontrá-la.
A figura 107 foi extraída da página da YunSun, onde percebe-se que um dos terminais está isolado, evidenciando uma base condutora. Esta configuração facilita a implementação de um circuito de proteção e até de controle de corrente, no próprio componente.
A YunSun reclama da patente de filamento LED da Ledisong, pois considera que a verdadeira origem dos filamentos LED é da Ushio japonesa. Inclusive, o filamento LED da YunSun é muito mais parecido com a patente da Ushio do que da Ledisong, pois também emprega base metálica. Mas nesta área, só um perito para identificar quais são as características realmente pioneiras.
Sem contar que a imparcialidade de qualquer julgador é uma utopia. Porque no direito, ganha aquele que parecer mais verdadeiro, não necessariamente quem o é. Ou seja, é o mais verossímil que leva.
![Figura 103 – Lâmpada Sunny de filamento LED, segundo o desenho da patente CN203395690U. Fonte: Google Patents [277].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig103-lampadasunny4fled-cn203395690u.jpg?w=595)
Figura 103 – Lâmpada Sunny de filamento LED, segundo o desenho da patente CN203395690U. Fonte: Google Patents [277].
![Figura 104 – Configuração interna dos filamentos LED da lâmpada Sunny, segundo a patente CN203395690U. Fonte: Google Patents [277].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig104-lampadasunnyconex-cn203395690u.jpg?w=595)
Figura 104 – Configuração interna dos filamentos LED da lâmpada Sunny, segundo a patente CN203395690U. Fonte: Google Patents [277].
![Figura 105 – Modelos de filamentos LED, obtidos da patente da Runlite (US20140369036 A1). Fonte: Free Patents Online [278].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig105-fledsrunlite-us20140369036a1ed.jpg?w=595&h=912)
Figura 105 – Modelos de filamentos LED, obtidos da patente da Runlite (US20140369036 A1). Fonte: Free Patents Online [278].
A Epistar é uma grande produtora taiwanesa de filamentos LED e publicou, em julho de 2015, a notícia do licenciamento da sua patente do filamento LED para a empresa LEEDARSON, além de um acordo com a CREE americana em agosto de 2015, para troca recíproca de licenças de uso [283].
Pelo que foi lido, a Epistar garantiu em meados de 2015 as patentes de filamentos LED, devido a ter adquirido um conjunto de patentes-chave, que remontam a 2006. Essencialmente, elas tratam das maneiras de colar vários chips de LED sobre uma base transparente. Infelizmente, após uma extensa busca em diversas bases de dados (Google Patents, Fresh Patents, Jplat-Pat, Free Patents Online (FPO), SIPO, etc.), não foi possível encontrá-las, especialmente a que tem o desenho mostrado na figura 109. Foi percebido que os sistemas de buscas destas patentes são bastante limitados, o que dificulta o uso por pessoas leigas.
![Figura 109 – Desenho publicado na página da Epistar, referente a uma patente de filamento LED, que seria antecessora às outras. Fonte: Epistar [284].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig109-fled_epistar-patente.jpg?w=595&h=198)
Figura 109 – Desenho publicado na página da Epistar, referente a uma patente de filamento LED, que seria antecessora às outras. Fonte: Epistar [284].
Por causa da importância que as patentes desempenham quando surgem novas tecnologias, elas são tão disputadas, pois garantem fortunas aos seus detentores, bem como dividendos ao país, por vários anos. Mais detalhes sobre o assunto podem ser consultados nas referências [285] e [286].
Só que o crescimento do mercado de LEDs não está seguindo uma lógica de desenvolvimento natural, onde a troca de tecnologia é lenta e gradual. Nesta década de 2010, está sendo forçado o câmbio das lâmpadas incandescentes por modelos LED, com o nobre intento de economizar energia. Mas esta economia pode ser menor que o esperado, pois há vários aspectos que são desconsiderados. Por isso, vamos olhar um pouco o problema da ineficiência das lâmpadas incandescentes, que foi a causa do seu banimento.
O fim das lâmpadas incandescentes
O banimento, essencialmente, constitui-se em exigir, através de normas, a elevação da eficiência das lâmpadas, de tal modo que aquelas que não alcançarem os requisitos mínimos, não possam mais ser fabricadas. Estes requisitos atingem tanto as lâmpadas incandescentes quanto as fluorescentes compactas (LFC).
No Brasil, duas Portarias Interministeriais definiram os requisitos de eficiência das lâmpadas incandescentes e fluorescentes: a 1007/2010 e a 1008/201. Ambas foram editadas em 31 de dezembro de 2010, conjuntamente pelos Ministérios das Minas e Energia, da Ciência de Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior [287][288].
A Portaria 1008/2010 atualiza a Portaria 132/2006 [289] e exige maior eficiência luminosa para as lâmpadas fluorescentes compactas (LFC). Os níveis mínimos de eficiência, que eram de 43 a 57 lumens/Watt, subiram para 47 e 60 lm/W, para as LFC abaixo de 6W e acima de 25W, respectivamente. Um aumento médio de aproximadamente 7%. A luminosidade das LFC é medida após 100 horas de funcionamento. O teste continua e depois de 2000 horas, as LFC não poderão emitir menos de 80% da luminosidade inicial. Perto dos requisitos para os LEDs, é uma norma boazinha para os fabricantes.
Há vários anos as LFC são apresentadas ao mercado como econômicas, mas apesar de serem 3 a 6 vezes melhores que as incandescentes, sua eficiência é inferior às tradicionais fluorescentes tubulares. Provavelmente este foi um dos motivos para a Portaria 1008 exigir um mínimo de eficiência, ainda mais que existem, há décadas, fósforos de terceira geração (trifósforos), melhores que os de segunda e primeira geração (halofosfatos e silicatos, respectivamente). Nas fluorescentes, os fósforos compõem aquela camada leitosa, na superfície interna do tubo de vidro e efetuam a conversão da luz ultravioleta em luz visível (efeito de fluorescência).
Os silicatos estiveram presentes por pouco tempo nas lâmpadas fluorescentes, que foram inventadas por Nikola Tesla e comercializadas a partir de 1938. Na época, exibiam uma eficácia de somente 35 lm/W, o dobro das incandescentes.
O halofosfato foi inventado em 1942 e novamente dobrou esta eficiência. Ainda hoje, são produzidas lâmpadas com camada de halofosfato, cuja eficiência oscila entre 46 e 70 lm/W.
Já os trifósforos, existentes desde 1970, são mais eficientes ainda na conversão de luz e reproduzem melhor as cores do que os compostos anteriores. Há estudos nesta área para produzir os fósforos de quarta geração, que tornariam o índice de reprodução de cores semelhante às incandescentes. Mais detalhes nas referências [290] e [291].
As LFC alcançam, a pau e corda, 70 lm/W, ao passo que os novos tubos retos de fluorescentes T5, com trifósforos, conseguem passar dos 110 lm/W, ou seja, são mais eficientes que a maioria dos LEDs atuais. O problema é que estes novos tubos T5 continuam gerando raios ultravioleta, são poluentes (mesmo utilizando pouquíssimo mercúrio) e ainda necessitam de reatores específicos (os antigos não servem, nem mesmo os eletrônicos). E também não cabem nas luminárias para fluorescentes T8, T10 e T12, pois além do tamanho das lâmpadas ser diferente, as novas T5 utilizam soquete G5, em vez do G13.
Com relação às lâmpadas incandescentes, a Portaria 1007/2010 determina os níveis de eficiência para modelos com soquetes E14, E26 e E27. Mas não trata do soquete E40, usado em lâmpadas maiores, dedicadas a iluminação pública e a grandes espaços.
A Portaria 1007/2010 inclusive refletiu no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Inmetro [292], que alterou a classificação das lâmpadas incandescentes. A mesma lâmpada passou, de um momento para outro, a figurar numa classificação inferior de eficiência (figura 110).
A situação ficou muito difícil para as ampolas incandescentes. Elas conseguem chegar no máximo a 15 lm/W, dependendo da potência. Ou seja, uma eficiência de no máximo 15% de luz, para 75% de calor.
A afirmação de que apenas 5% da energia consumida pelas incandescentes é convertida em luz e os 95% restantes transformam-se em calor é válida somente para as lâmpadas de baixíssima potência, cuja eficiência é menor.
Esta baixa eficiência é intrínseca às incandescentes, pois o brilho depende da corrente que passa pelo filamento de tungstênio. Em correntes mais baixas a eficiência piora, porque o filamento precisa aumentar a sua resistência ôhmica para diminuir a corrente elétrica que o atravessa. Por isto, estes filamentos são mais finos e a temperatura de incandescência deve ser um pouco menor, de modo a reduzir a fragilidade. Isto as faz irradiar mais na faixa do infravermelho (calor).
Mais brilho torna o metal mais mole e rompe facilmente o filamento incandescente. Por isto que as lâmpadas incandescentes não são adequadas a ventiladores de teto, pois a vibração do motor ou o eventual balanço causado pelas hélices, resultam na frequente queima destas lâmpadas.
Pode-se dizer que o desenvolvimento técnico das incandescentes chegou ao seu ponto máximo, pois não há um filamento melhor que o de tungstênio, por um custo e qualidade semelhante. A platina poderia ser usada para construir filamentos melhores, mas o custo é proibitivo, pois é mais rara que o ouro.
A última melhoria significativa nas incandescentes foi a criação das lâmpadas halógenas, na década de 1950. Estas lâmpadas trabalham em temperaturas mais altas e precisam de um bulbo de quartzo, encarecendo-as. Elas ainda são muito usadas nos faróis de automóveis, motos e caminhões, devido à sua robustez e à luz mais branca do que das outras incandescentes. Mais detalhes sobre estas lâmpadas na referência [293].

Figura 111 – Lâmpada incandescente halógena Osram para uso residencial, de 70W, equivalente a uma incandescente normal de 100W.

Figura 112 – Detalhe do filamento de tungstênio rompido de uma lâmpada incandescente halógena de uso residencial, de 42W, equivalente a incandescente de 60W.
Houve uma tentativa de introduzir as lâmpadas incandescentes halógenas para uso residencial, com a inclusão de um bulbo de vidro A60 por fora do bulbo de quartzo, acoplado a um soquete E27 (figura 111). Elas são um pouco mais eficientes que as incandescentes comuns (uma de 42W equivale à de 60W, por exemplo). Pelos níveis de emissão vistos nas tabelas III e IV a seguir, é provável que aqueles valores de eficiência sejam possíveis de alcançar com as lâmpadas halógenas, pois elas escaparam, até junho de 2016, do banimento.
Mas pela minha experiência, em duas situações distintas as halógenas E27 duraram muito menos que as incandescentes comuns. Na figura 112 aparece o bulbo de uma lâmpada incandescente halógena, com o filamento de tungstênio rompido. Pessoalmente, creio que a resistência necessária para o filamento trabalhar em 127 ou 220VCA o torna muito frágil, devido ao pequeno espaço no bulbo. Com estas dificuldades, fica difícil apoiar a produção destas lâmpadas. A grande vantagem delas é a qualidade da luz: um branco quase perfeito, com IRC 100.
![Tabela III – Cronograma de banimento das lâmpadas incandescentes de 127VCA. Fonte: Portaria Interministerial 1007/2010 [287].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/tabiii-cronogramabanimento127.jpg?w=595&h=238)
Tabela III – Cronograma de banimento das lâmpadas incandescentes de 127VCA. Fonte: Portaria Interministerial 1007/2010 [287].
![Tabela IV – Cronograma de banimento das lâmpadas incandescentes de 220VCA. Fonte: Portaria Interministerial 1007/2010 [287].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/tabiv-cronogramabanimento220.jpg?w=595&h=236)
Tabela IV – Cronograma de banimento das lâmpadas incandescentes de 220VCA. Fonte: Portaria Interministerial 1007/2010 [287].
Para as lâmpadas incandescentes de bulbo transparente, de 60W e 220V, por exemplo, que emitem 715 lumens em média e exibem uma eficácia de 11,9 lm/W, a Portaria exigiu que a partir de 30 de junho de 2014 o rendimento subisse para 13 lm/W e um ano depois passasse para 18 lm/W. Como se fosse possível elevar a eficiência em até 50%, num produto com mais de um século de desenvolvimento….
Assim, a mudança nos requisitos de eficiência determinou a saída das lâmpadas incandescentes do mercado. Para levar a cabo a tarefa e não despertar contrariedades relevantes, baniram primeiro as lâmpadas menos comercializadas e mais potentes, até chegar ao objetivo central do programa: a exclusão das lâmpadas mais populares, de 60 e de 40W. Desta maneira, em 2012 foram eliminadas as incandescentes de 150W e maiores, no ano seguinte as de 100W, depois as de 75W, daí as de 60W e por último, as de 40W e 25W. O prazo final para a adequação à Portaria 1007/2010 foi 30 de junho de 2016.
Além disso, as tabelas acima mostram requisitos e durabilidades diferentes para 127VCA, pois informam uma vida útil de 750 horas, contra as 1000h das de 220VCA. Uma diferença de 25%! Para duas lâmpadas de mesma potência, as de 127VCA devem emitir mais luz que as de 220VCA. Não consigo encontrar qualquer explicação razoável para isso.
Qual é o motivo para dois ambientes idênticos, que utilizam lâmpadas incandescentes de mesma potência, disporem de níveis de iluminação diferentes, apenas por causa da tensão da rede elétrica ser 220 ou 127VCA? E o que dizer da durabilidade, menor ainda que as clássicas mil horas?
Se serve de alento, não são todas as lâmpadas incandescentes que foram atingidas pelo banimento. Ainda será permitida a fabricação de modelos especiais, destinados a usos específicos. Segue a transcrição do inciso IV da Portaria Interministerial n°1007, de 31 de dezembro de 2010 [287]:
“IV – não fazem parte desta Regulamentação os seguintes tipos de Lâmpadas:
a) Incandescentes com bulbo inferior a 45 milímetros de diâmetro e com potências iguais ou inferiores a 40W;
b) Incandescentes específicas para estufas, estufas de secagem, estufas de pintura, equipamentos hospitalares e outros;
c) Incandescentes refletoras/defletoras ou espelhadas, caracterizadas por direcionar os fachos luminosos;
d) Incandescentes para uso em sinalização de trânsito e semáforos;
e) Incandescentes Halógenas;
f) Infravermelhas utilizadas para aquecimento específico por meio de emissão de radiação infravermelha; e
g) para uso automotivo.”
Então, haverá possibilidade de encontrarmos à venda – não sei a que preço – aquelas lâmpadas que colocamos no forno do fogão ou na geladeira. Na geladeira, até pode ser LED, mas para os fornos domésticos (figura 113) não existe, até o momento, nenhuma lâmpada que substitua as incandescentes (que aguente 300°C e que seja tão barata). Imagine deixar de olhar o ponto certo da comida!
O banimento das incandescentes faz parte de um plano maior de ações, de abrangência mundial, encabeçado pela iniciativa das Nações unidas chamada en.lighten [294] (ver mais adiante a seção “As origens do combate à iluminação ineficiente”).
A preocupação brasileira com a eficiência energética
No Brasil, a precaução com o uso racional da energia, não somente a elétrica, vem de longa data, principalmente devido a dois choques do preço do petróleo, no século passado (1973-1974 e 1979-1981). Estas crises demonstraram que a escassez dos recursos naturais era mais próxima do que se imaginava. A elevação do custo dos energéticos abriu espaço para uma série de ações voltadas à diversificação da matriz energética e à conservação e ao eficaz uso da energia.
A seguir, listo em ordem cronológica as atividades das últimas décadas, referentes à questão energética brasileira. Foram juntadas ações gerais e específicas, com o intuito de mostrar a interdependência entre as políticas de planejamento e as atividades dos órgãos reguladores. Estas ações ilustram o longo caminho percorrido pelas políticas de economia (conservação) de energia, até chegar ao nosso assunto, as lâmpadas LED.
1974 – Criação do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL) [295], vinculado à Eletrobrás. Atualmente, conta com mais de 40 laboratórios de testes de equipamentos elétricos de média e alta tensão, montados no Rio de Janeiro.
1975 – Criação do Grupo de Estudos sobre Fontes Alternativas de Energia (GEFAE), que organizou em conjunto com o Ministério das Minas e Energia (MME) um seminário sobre conservação de energia. É considerado o marco inicial quando se fala em economia de energia.
1975 – Surgimento do Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) [296], uma iniciativa pioneira do Brasil para utilizar um combustível alternativo ao petróleo e gás, renovável, para movimentar os veículos. Apesar da resistência de muitas montadoras e de pessoas influentes na época de sua implantação, o Proálcool prosseguiu e resultou, nos dias de hoje, na popularização dos motores flex, que adaptam-se a diferentes tipos de combustível. Inclusive, etanol é o nome técnico para álcool.
1982 – Publicação do Decreto 87.079 [297], que aprovou as diretrizes para o Programa de Mobilização Energética (PME), conjunto de ações dirigidas à conservação de energia e à substituição de derivados de petróleo por combustíveis alternativos nacionais.
1984 – O INMETRO (Instituto Brasileiro de Metrologia, Normalização e Qualidade) implementa o Programa de Conservação de Energia Elétrica em Eletrodomésticos [298], com o objetivo de promover a redução do consumo de energia elétrica em refrigeradores, congeladores e condicionadores de ar.
1985 – É instituído o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) [225][299][300], cujos objetivos principais são: redução nas perdas técnicas das concessionárias; racionalização do uso da energia elétrica; aumento da eficiência energética em aparelhos elétricos. O PROCEL é executado pela Eletrobrás, está ativo há mais de 30 anos e gerencia uma série de subprogramas, destinados a setores específicos, como a iluminação pública, indústria, educação, prédios, equipamentos, etc..
1990 – Criação do Programa Nacional de Racionalização da Produção e do Uso de Energia [301]. Este decreto foi revogado em 1993 [302] e foram especificadas novas atribuições para o programa, subordinadas ao GERE (Grupo Executivo do Programa Nacional de Racionalização da Produção e do Uso de Energia), como elaborar o plano diretor de racionalização e produção de energia, propor as diretrizes gerais para a conservação de energia no país e de sugerir alterações na legislação pertinente.
1990 – Pelo Decreto 99.656 [303], é criada a Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE), com o intuito de reduzir o desperdício de energia no Setor Público.
1991 – Criação do Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (CONPET) [304], com “a finalidade de desenvolver e integrar as ações que visem a racionalização do uso dos derivados de petróleo e do gás natural”. O CONPET [305] é administrado pela Petrobrás e promove uma cultura antidesperdício no uso dos recursos naturais não renováveis (combustíveis fósseis, como o petróleo, gás natural e carvão mineral).
1992 – O INMETRO renomeia o Programa de Conservação de Energia Elétrica em Eletrodomésticos, criado em 1984, para Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) [298], ao qual estão vinculados, atualmente, os selos PROCEL e CONPET.
1993 – Instituído o selo PROCEL [306][307], que classifica o equipamento conforme o seu consumo de energia elétrica. A letra A define o equipamento mais econômico e a letra G, o mais ineficiente. O selo Procel é concedido pelo INMETRO.
1993 – Instituído por Decreto o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia [308], destinado a reconhecer as contribuições em prol da conservação e do uso racional da energia no país.
1996 – Lei 9.427 [309] cria a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), autarquia vinculada ao Ministério das Minas e Energia, com a finalidade de fiscalizar a produção, transmissão e comercialização de energia elétrica.
1997 – Promulgação da Lei 9.478 [310], chamada de Lei do Petróleo, que cria o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão de assessoramento do Presidente da República na elaboração de políticas e diretrizes de energia. Também cria a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e extingue o monopólio estatal do petróleo.
2000 – Criação do Programa de Eficiência Energética das Concessionárias de Distribuição de Energia Elétrica (PEE), que regulamenta a obrigatoriedade das distribuidoras investir em programas de eficiência energética (Lei 9.991, de 24/07/2000). Metade dos investimentos do PEE foram direcionados, a partir de 2005, para a população de baixa renda.
2001 – Em outubro, a Lei 10.925 estabelece a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia [311], mais conhecida como Lei de Eficiência Energética, para indicar níveis máximos de consumo de energia de equipamentos e servir de marco regulatório.
2001 – Em dezembro, o Decreto 4.059 institui o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE) [312] e regulamenta a Lei de Eficiência Energética, com o estabelecimento de metas de eficiência para cada equipamento consumidor de energia. O CGIEE é um fórum interministerial, que implementa a regulamentação da Lei de Eficiência Energética e conta com a participação do corpo técnico da ANEEL, ANP, INMETRO, PROCEL e CONPET.
2004 – Criação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) [313], pela lei 10.847, que tem como objetivos estudar e propor metas para o desenvolvimento da matriz energética brasileira, elaborar o balanço energético nacional, identificar os recursos energéticos potenciais, promover planos e estudos de uso racional da energia, propor integração energética com outros países, apoiar a capacitação e modernização da indústria nacional de bens e equipamentos do setor energético, estudar o uso de outras fontes de energia, como o carvão mineral e as renováveis, etc.. A EPE foi criada em função dos apagões ocorridos nos anos 2000 e 2001, com o intuito de propor um rumo de longo prazo para o setor energético brasileiro.
2005 – Início da concessão do selo CONPET [314], que destaca a eficiência energética de produtos que funcionam à base de derivados de petróleo e gás natural, como automóveis leves, aquecedores e fogões a gás. O selo é concedido pela Petrobrás.
2006 – Publicação da Portaria Interministerial 132 [289], que define os requisitos mínimos de eficiência das lâmpadas fluorescentes compactas (LFC).
2006 – Publicação da Portaria INMETRO 289 [316], que aprova o Regulamento de Avaliação da Conformidade para as Lâmpadas Fluorescentes Compactas com Reator Integrado à Base. O regulamento define a etiquetagem compulsória das LFC.
2007 – Publicação do Plano Nacional de Energia (PNE2030) [317], elaborado conjuntamente pela EPE e pelo MME e que gerou dezenas de notas técnicas. É um estudo orientado para o longo prazo (2030), que oferece uma estratégia de expansão da oferta de energia econômica e sustentável, com olho na evolução da demanda. O plano tem como meta atingir 10% de economia de energia anual até 2030 (em torno de 106 TWh). Este estudo caracteriza a retomada do processo de planejamento energético nacional.
Para quem não está familiarizado com a sigla TWh (Terawatt/hora), informo que 1 TWh corresponde a 1000 GWh (Gigawatt/hora). Por sua vez, 1 GWh é igual a 1000 MWh (Megawatt/hora), que é equivalente a 1000 KWh (Kilowatt/hora). Esta última unidade é bem conhecida de todos, na conta de luz.
2010 – Publicação da Portaria INMETRO 489 [229], que revisa a Portaria 289/2006 (Regulamento de Avaliação da Conformidade para as Lâmpadas Fluorescentes Compactas com Reator Integrado à Base).
2010 – Publicação das Portarias Interministeriais 1007 e 1008 [287][288], que elevam os requisitos de eficiência das lâmpadas incandescentes e fluorescentes compactas. A Portaria 1007 é a responsável pelo banimento das lâmpadas incandescentes.
2011 – Criação do PNEf – Plano Nacional de Eficiência Energética [318], que coloca a economia de energia como política de governo. O plano organiza as ações para atingir as metas do PNE2030.
2014 – Publicação da Portaria INMETRO 389 [227], que define o Regulamento Técnico das Lâmpadas LED com Dispositivo Integrado à Base. Esta Portaria especifica as condições para a certificação das lâmpadas LED.
2015 – Publicação da Portaria INMETRO 143 [228], que atualiza a Portaria 389/2014. Dentre as mudanças, estão a nova tabela de equivalência de potência das lâmpadas LED com as fluorescentes compactas e incandescentes, os novos requisitos de temperatura e umidade para os ensaios de durabilidade, as definições do ensaio acelerado para capacitor eletrolítico, a obrigatoriedade das embalagens das lâmpadas LED exporem a eficácia em lúmen/Watt (lm/W) e a exibição compulsória da data de fabricação (na lâmpada e na embalagem).
2015 – Publicação da Portaria INMETRO 144 [226], que define a obrigatoriedade e as características da etiqueta PROCEL/ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de Energia). A etiqueta ENCE identifica as lâmpadas LED certificadas e informa sua eficiência luminosa.
Portanto, é possível perceber que muitas ações são encadeadas e perpassam vários governos. As políticas de economia de energia não existem pela vontade de uma só pessoa ou de um pequeno grupo. Elas provém de uma série de estudos e trabalhos anteriores, que envolveram muitos especialistas e culminaram nas regras atuais. Ocorre o mesmo em outras áreas da Administração Pública, sujeitas às definições de políticas que balizam o desenvolvimento do país.
Para conhecer melhor as origens do setor elétrico brasileiro, há um trabalho de Helena Carvalho de Lorenzo, da UNESP [319], intitulado “O Setor elétrico brasileiro: passado e futuro”, que sintetiza diversos aspectos do crescimento do setor elétrico no Brasil. É interessante pela perspectiva histórica, para conhecer o que ocorreu neste segmento até o início dos anos 2000. Complementando, a página do MME [320] informa as ações e os programas de planejamento energético. E a ANACE – Associação Nacional dos Consumidores de Energia [321], expõe em artigo as suas posições a respeito do PNEf e questiona a destinação de 60% da arrecadação do setor para o benefício da população de baixa renda.
Com o panorama brasileiro de energia em mente, vamos mirar agora as recentes tratativas mundiais voltadas para a economia de energia, com ênfase no combate à iluminação ineficiente.
As origens do combate à iluminação ineficiente
Antes, duas siglas importantes para não deixar o texto muito confuso:
FGMA é o Fundo Global para o Meio Ambiente (ou GEF – Global Environment Facility), foi fundado em 1991 como um programa piloto, com o aporte de 1 bilhão de dólares do Banco Mundial. Atua como mecanismo financeiro para ajudar na proteção do meio ambiente global e para promover o desenvolvimento ambientalmente sustentável [322][323].
PNUMA é o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ou UNEP – United Nations Environment Program), autoridade global de liderança que define a agenda ambiental mundial, promove a implementação coerente da dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável no âmbito das Nações Unidas e serve como um defensor para o meio ambiente do planeta [324][325].
Desde o final dos anos 1990, começaram a tomar forma uma série de ações de alcance mundial, com vistas ao desenvolvimento sustentável, ou seja, um desenvolvimento que não comprometa a vida das gerações futuras.
Uma destas ações é o banimento das lâmpadas incandescentes, que começou a partir de uma solicitação do poderoso FGMA (GEF) ao PNUMA (UNEP), com o intuito de promover uma transformação do mercado global de iluminação para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis e mais eficientes.
O projeto foi aprovado em 2009 e lançado em fevereiro de 2010, sob o nome de “iniciativa en.lighten” [294][326], com liderança do PNUMA e o apoio financeiro do FGMA, da Philips e da Osram. O movimento atualmente conta com o suporte do Banco Mundial, do Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB – Asian Development Bank), além de diversos outros parceiros do mundo todo. Na consulta às páginas destas instituições parceiras, foi possível perceber que há participações cruzadas em boa parte delas.
Inclusive, há uma acusação sobre um acordo celebrado entre o Greenpace e a Philips, que teriam iniciado a campanha pelo banimento das lâmpadas incandescentes no planeta. O grupo ecologista teria sido contratado em 2007 para fazer uma campanha mundial contra as lâmpadas incandescentes, associando-as ao aquecimento global, segundo as referências [327][328][329]. O Greenpeace é a maior organização ambiental do planeta e movimenta mais de 300 milhões de dólares anuais.
A iniciativa en.lighten pretende “promover a transformação do mercado de iluminação nos países em desenvolvimento e emergentes”. Um slide do programa informa que a iluminação é responsável por quase 20% do consumo de energia elétrica e que entre 50 a 70% dela é gasto pelas lâmpadas incandescentes.
A implantação da iniciativa en.lighten
O programa considerou vários obstáculos para sua implantação: a falta de padrões uniformes de desempenho ambiental; a baixa qualidade dos produtos (que minam a confiança dos consumidores); a falta de informações sobre o ganho de eficiência das novas lâmpadas; os sistemas de reciclagem esparsos; a disseminação inadequada, sem avaliação, das políticas de melhoria da iluminação; a falta de uma política global para promover a iluminação eficiente.
Diante disso, as ações propostas foram: promoção de padrões de qualidade harmônicos; formação e disseminação de base de conhecimento com as melhores práticas; ajuda aos países na criação integrada de políticas globais de iluminação, adaptadas às circunstâncias de cada país; desenvolvimento de pacotes de informações, dirigidas a consumidores, usuários e indústrias; promoção de ação global para eliminar a iluminação ineficiente.
Portanto, a iniciativa en.lighten consiste: na eliminação global das tecnologias ineficientes, através de ações do PNUMA, braço ambiental da ONU; em abrigo para futuros projetos do FGMA; num processo colaborativo de base científica, com múltiplos participantes; na promoção de um roteiro político para eliminação progressiva da iluminação ineficiente; na produção de materiais de divulgação e ferramentas de suporte para os países interessados em promover a iluminação eficiente.
Como objetivo final, pretende-se acelerar a transição global para a iluminação eficiente nas residências, setor público, comercial, industrial e aplicações de iluminação fora da rede (portáteis), através da promoção: de tecnologias de alto desempenho; da eliminação da iluminação ineficiente (leia-se banimento das incandescentes); de tecnologias ambientalmente saudáveis, com melhores práticas para reciclagem e descarte; na substituição da iluminação a combustível por alternativas eficientes.
Estas ações são suportadas por uma força tarefa internacional, composta pelos parceiros da iniciativa en.lighten. Na prática, estamos a assistir diariamente a implementação destas ações, pois o banimento da fabricação de lâmpadas incandescentes foi concluído em 2016 para os brasileiros.
O que é omitido no banimento das incandescentes
As formas de implementar as políticas de banimento das lâmpadas incandescentes podem ser muito diversas, como demonstram dois estudos. Um, a cargo de Felipe Carlos Bastos, da Coppe/UFRJ [330], foca o banimento no mercado brasileiro. Outro trabalho, de Felipe Tiago Monteiro e Marcelo Jasmin Meiriño [331], compara o banimento entre o Brasil e outros 3 países sul-americanos (Argentina, Chile e Uruguai).
Devido ao alcance mundial e à forma impositiva com que está sendo feito, em diversas nações o banimento gerou protestos, que alardeiam as desvantagens do programa. Um dos melhores artigos a respeito do banimento das lâmpadas incandescentes é do engenheiro australiano Rod Eliott, que mantém uma excelente página de eletrônica e áudio, chamada Eliott Sound Products [332]. Ele aborda num longo, completo, sólido e ainda assim leve texto, os diversos aspectos técnicos envolvidos. Outro interessante ponto de vista é exposto pela americana Amy Ridenour, presidente do National Center for Public Policy Research [333], que publicou um incisivo artigo chamado “Os 5 mitos acerca do banimento federal das lâmpadas incandescentes”. Outro blog que tem diversas matérias sobre o assunto é o Greenwashing Lamps [334], nome que significa algo como “Esverdeando lâmpadas”…
Mais informações sobre o banimento das incandescentes podem ser encontradas nas referências [335] a [339], as duas últimas mostrando os pontos de vista da União Europeia e da Osram, respectivamente.
Por um lado, avaliando o crescimento da população mundial, a escassez de novas fontes de energia, o encarecimento da energia elétrica, o aquecimento global, mais o problema ambiental da energia nuclear (que é barata, mas perigosamente poluente), o banimento seria bem-visto. Mas há outros aspectos do banimento que são omitidos ou pouco tratados.
Por exemplo, se considerarmos que a energia é escassa e que o seu uso deve ser comedido, é gritante a falta de um comparativo do gasto total de energia, em todo o ciclo de vida dos diversos tipos de lâmpadas. Desde a mineração dos insumos, passando pela fabricação, transporte, estocagem, venda, uso, logística de descarte, até a reciclagem final dos resíduos. Neste ponto, as lâmpadas incandescentes (com fábricas locais) são muito mais corretas ecologicamente. Já fiz um post (aqui) sobre isso há algum tempo.
Outro aspecto da economia energética é que setores como a indústria, o comércio e a iluminação pública (de prédios e ruas) sempre preferiram as tecnologias de iluminação mais eficientes. Geralmente com o uso de lâmpadas de descarga (fluorescentes e de vapores metálicos), dentre as quais há modelos que ainda são mais econômicos que os LEDs. E os reatores eletrônicos (que melhoraram a eficiência das lâmpadas de descarga) estão presentes nestas lâmpadas há pelo menos 10 anos.
Apesar disso, os reatores eletrônicos trouxeram outros desafios. Quando acionam lâmpadas – sejam de descarga ou de LEDs – estes circuitos causam um desperdício indireto, porque introduzem distorção harmônica na rede, que piora a qualidade da energia elétrica. Este efeito, que provoca o aquecimento das linhas de transmissão e baixa a eficiência do sistema de distribuição, é produzido por circuitos com baixo fator de potência (fp, cujo valor máximo e ideal é 1). Um valor de fp=0,4, comum em lâmpadas mais baratas, reduz a eficiência do circuito pela metade, apesar de não ser medido nos contadores elétricos das residências. Mas na indústria e comércio, o fp é cobrado, inclusive com multas, se passar de determinados limites. A certificação das lâmpadas LED, vista anteriormente, obrigará a uma melhoria geral no fp.
Tido como o vilão da economia energética, o calor gerado pelas incandescentes pode ser necessário e até ajudar em muitas aplicações! Por exemplo, nas habitações de países frios, em locais montanhosos/nevados, nos fornos domésticos, nas incubadoras de aves, nas estufas de secagem, etc.. Se há situações específicas, não raras, onde aquele conceito de ineficiência não tem validade, devido ao aproveitamento tanto da luz quanto do calor, não há motivo para o banimento, pois ele impede o direito de escolha e obriga a um aumento de despesas, já que as lâmpadas incandescentes cuja fabricação será permitida, serão mais raras e caras.
O banimento também acaba, por exemplo, com a possibilidade de instalar uma lâmpada barata em locais de uso muito eventual, como sótãos, porões, depósitos, corredores. A alegada economia é inexistente para estes casos, pois a amortização do custo das lâmpadas eletrônicas demorará mais tempo que a vida útil delas, por causa do uso esporádico.
Sem falar que os circuitos eletrônicos são muito mais sujeitos a falhas, devido ao envelhecimento de seus componentes, mesmo quando não utilizados. Já uma lâmpada incandescente, supondo que as condições da fiação, energia e conexões estejam sempre boas, poderá ser ligada uma vez a cada mês, ano, década ou século, pois não envelhece.
Para instalações militares, as lâmpadas mais robustas são as incandescentes, pois nunca estão sujeitas a ataques com pulsos eletromagnéticos, que danificam irremediavelmente os semicondutores, essenciais nos outros modelos de lâmpadas.
E o que podemos dizer sobre a verdadeira durabilidade das lâmpadas eletrônicas? Muitos já perceberam que a economia desaparece quando ocorre a queima antecipada destas novas lâmpadas. Apesar da iniciativa do PNUMA pretender melhorar os padrões de qualidade das lâmpadas, ainda há muito o que fazer. Para ter uma ideia da questão da durabilidade, é só consultar novamente as referências [221] a [224].
Outro aspecto importante é o descarte correto e a reciclagem, principalmente para as lâmpadas fluorescentes, que utilizam mercúrio, um metal pesado e nocivo à saúde. Mesmo com pequena quantidade de mercúrio em cada lâmpada, o descarte de várias delas ao longo do tempo é muito perigoso [340][341]. As lâmpadas LED também são poluentes, devido ao circuito eletrônico interno. Já as lâmpadas incandescentes podem ser descartadas como lixo comum, sem grandes problemas.
No Brasil, os municípios ainda engatinham na capacidade de reciclagem do lixo (nem esgoto tratam, imagine o resto), apesar da recente e moderna lei para controle dos resíduos sólidos. Neste sentido, a iniciativa en.lighten é bem-vinda, pois não haverá futuro para o planeta sem a reciclagem.
A tecnologia dos bulbos incandescentes é antiga, bem conhecida e suas patentes são de domínio público, o que propiciou a aquisição deste conhecimento pelos países mais pobres e menos avançados tecnologicamente. É estranho este ato mundial de banimento das lâmpadas incandescentes, pois nem sempre a economia alardeada com as novas lâmpadas é tão melhor assim.
De certo modo, a lâmpada incandescente foi escolhida como a vilã do desperdício de energia, sendo que existem muitos outros problemas de desperdício, talvez mais importantes.
Quem mais precisa economizar
Há um aspecto essencial na economia de energia, se quisermos considerar o planeta como a casa de todos e onde tenhamos todos a mesma importância. É o consumo energético por habitante e por setor. Focando antes nos maiores consumidores, uma pequena melhoria na eficiência destes implicará em grande economia de energia. Vamos iluminar alguns pontos de vista sobre o assunto.
Primeiro, o consumo dos países emergentes é uma fração do consumo das nações mais ricas, portanto o impacto ambiental que países como Argentina ou Brasil causam ao planeta também é reduzido. Não é desculpa para não fazermos nossa parte, mas sejamos justos.
Não é razoável aceitar a imposição de dificuldades aos países que ainda procuram seu lugar ao sol no mercado mundial. Ainda mais no caso do Brasil, pois nenhum país no planeta gera tanta eletricidade proveniente de usinas hidrelétricas, que sabidamente não são poluentes e usam uma fonte renovável. Geramos pela força de nossas águas 42% do total de energia elétrica, contra 13% no restante do mundo. Não tem comparação.
Conforme a matéria sobre Geração Distribuída, de José Luiz Cardoso Cruz, no Portal O Setor Elétrico [342], somos o 10° maior consumidor mundial de eletricidade. Em 2004, para uma média mundial de consumo individual de 2.516KWh/ano (kilowatt-hora por ano), nós e os argentinos gastávamos abaixo da média mundial:
- Cada brasileiro gastava 1.955 KWh/ano;
- Cada argentino, 2.301 KWh/ano;
- Os britânicos, 6.206 Kwh/ano;
- Os americanos, 13.338 Kwh/ano;
- Os canadenses, 17.179 Kwh/ano;
- E os noruegueses, 24.650 Kwh/ano!
Em 2004, 12 milhões de brasileiros ainda não tinham acesso à energia elétrica. Entre 2001 e 2011, segundo a Agência Internacional de Energia, nossa média de consumo per capita aumentou 38%, acima da média mundial de 30%. Contribuíram para isso os programas governamentais de fomento (Bolsa Família e Luz Para Todos). Estima-se que em 2015 existam pouco mais de 1 milhão de brasileiros sem eletricidade (0,5% da população).
Vale a pena olhar o mapa mundi do consumo de energia elétrica per capita (por cabeça), de 2007, na figura 114. Ele vem da terceira edição do Atlas da Energia Elétrica, publicado em 2008 pela ANEEL [343].
![Figura 114 – Mapa mundi do consumo de energia elétrica em 2007. TEP significa Tonelada Equivalente de Petróleo, é uma medida de quantidade de energia. As áreas mais escuras tem o maior consumo. Fonte: Atlas de Energia Elétrica 3a Edição - ANEEL [342].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig114-mapamundiconsumoenergiaeletrica-2007.jpg?w=595&h=276)
Figura 114 – Mapa mundi do consumo de energia elétrica em 2007. TEP significa Tonelada Equivalente de Petróleo, é uma medida de quantidade de energia. As áreas mais escuras tem o maior consumo. Fonte: Atlas de Energia Elétrica 3a Edição – ANEEL [342].
Fazendo as contas (utilizando os índices mais desfavoráveis da iniciativa en.lighten): se retirarmos 20% referentes à iluminação dos 27% de consumidores residenciais, teremos 5,4% do consumo total. Se extrairmos 70% que as incandescentes absorvem da parcela de iluminação, sobram 3,78% dos 5,4%. Assim, as lâmpadas incandescentes impactariam no máximo 3,8% no total do consumo de energia elétrica no Brasil. Algo como 18TWh (Terawatt/hora) no ano de 2014. Não é pouco, concordo.
Mas como estes dados não contabilizam as lâmpadas que a população já trocou desde o início da década de 2000, não é possível dizer que ao substituir todas as incandescentes por lâmpadas eletrônicas, teremos quase 4% de economia. Além do mais, há o problema do já citado fator de potência e da eficiência apenas razoável dos LEDs (ver “Geração de calor nos LEDs”, na terceira parte). Observar que a iniciativa en.lighten foi lançada em 2010.
Em terceiro lugar, é importante olharmos para todos os consumidores de energia elétrica, não apenas os residenciais, se quisermos realmente implantar medidas de economia energética. A indústria, o comércio e o agronegócio brasileiros respondem por mais de 60% da energia elétrica consumida no país e tem muito o que melhorar, como será comentado na próxima seção, sobre os grandes consumidores.
E em quarto lugar, as ações de banimento das incandescentes, que pretendem “sugerir” normas e procedimentos para serem seguidos aqui dentro do país, são definidas por grandes corporações estrangeiras, não necessariamente interessadas em melhorar a vida no planeta, mas antes, talvez, em impor sua dominação tecnológica.
Grandes consumidores de energia elétrica
Quando falamos em economia de energia, devemos levar em conta que o setor industrial brasileiro drena mais de 40% da energia elétrica produzida no país e utiliza intensamente os motores elétricos, pois 68% da energia elétrica consumida pelo setor é convertida em força motriz.
Considerando que os atuais motores pesam apenas 8% dos primeiros motores comerciais (de 1891) e que o tamanho destas máquinas têm diminuído cerca de 20% a cada década [345] (figura 115), a economia que os novos motores podem trazer para o setor industrial é importante. Ainda mais quando sabemos que o tempo de vida médio do parque industrial brasileiro é de 17 anos, bem maior do que em outros países [345].
![Figura 115 – Evolução tecnológica dos motores elétricos, entre 1891 e 1984. Fonte: WEG em revista [345].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig115-evolucaomotores.jpg?w=595&h=381)
Figura 115 – Evolução tecnológica dos motores elétricos, entre 1891 e 1984. Fonte: WEG em revista [345].
Esta atitude mantém em operação motores antigos, que não alcançam os níveis mínimos de eficiência exigidos pelas normas técnicas (ABNT NBR 17094-1:2013, ABNT NBR 17094-2:2016, ABNT NBR 17094-4:2016). Um estudo coordenado por Rodrigo Calili, da PUC-Rio, em 2014 [347], mostra que o uso de motores recondicionados provoca um desperdício anual de energia elétrica de 7 TWh.
Segundo a Nota Técnica DEA 26/14 – EPE, do Ministério de Minas e Energia (MME) [348], o potencial de economia de energia elétrica na força motriz é de 15TWh/ano, quase equivalente à produção anual da usina hidrelétrica de Jirau. Em razão dos dados apresentados acima (idade do maquinário, percentual de força motriz na indústria e evolução tecnológica dos motores), estes números talvez estejam subestimados.
Digo isso porque o portal O Setor Elétrico [349] informa que 71% dos motores industriais podem ser otimizados, gerando uma economia de 9,3%. E se forem incluídos os inversores de frequência (que são vantajosos para 22% destes motores), a economia poderia alcançar 14%.
O Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2014 [344] informa que o consumo total de energia elétrica por usuário final, em 2013, foi de 463TWh. A indústria respondeu naquele ano por 183TWh, 68% disto com motores. Se calcularmos 14% deste valor, resulta que é possível economizar mais de 17TWh em força motriz. Estima-se que 30% de toda a energia elétrica no Brasil seja utilizada por motores.
Há diversas ações do governo federal, no sentido de aumentar a eficiência do setor industrial. Nos eletrodomésticos que utilizam motores elétricos, como geladeiras e máquinas de lavar, o selo Procel de Economia de Energia (instituído em 1993) destaca os mais eficientes.
Nos motores elétricos, especificamente, começou com a Lei de eficiência Energética 10.295/2001 [311]. Depois, o Decreto 4.508/2002 [349] definiu novos índices de eficiência para motores e a Portaria 553/2005 [350] estipulou os prazos para a fabricação e comercialização compulsória dos novos modelos, sendo que desde 2009 todos os motores comercializados devem adequar-se às normas. E a Aneel [351] tem estimulado a troca de motores elétricos, por modelos mais eficientes.
![Figura 116 – Aquecimento solar instalado em casas populares, do programa Minha Casa, Minha Vida. Fonte: Abrap [352].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig116-ministerio-quer-tirar-obrigacao-de-aquecimento-solar-no-minha-casa-minha-vida-57b242cbbd7ad.jpg?w=595&h=348)
Figura 116 – Aquecimento solar instalado em casas populares, do programa Minha Casa, Minha Vida. Fonte: Abrap [352].
Há diversas outras ações de eficiência energética, mas aqui preferi comentar as que considero mais impactantes.
Estes números todos apresentados acima me fazem lembrar de frases sobre a cativante disciplina de estatística, que dizem ser “A arte de torturar os números até que eles confessem o que se deseja”, ou “A arte de atirar numa formiga e anunciar que se matou um elefante”. A intenção não foi enrolar, mas demonstrar que não é possível simplificar em poucas palavras um assunto tão extenso como a Eficiência Energética.
Aliás, é por causa dos programas de eficiência energética que podemos hoje comprar máquinas muito mais econômicas, que utilizam a tecnologia inverter, como os modernos condicionadores de ar e as lavadoras de roupas. A tecnologia inverter nada mais é do que o uso dos inversores de frequência para acionamento dos motores e tende a popularizar-se cada vez mais, pois alcança índices de economia superiores a 70%, dependendo do aparelho.
Para quem desejar conhecer melhor o setor elétrico brasileiro, há o Relatório de Gestão 2014, da ANEEL[352]. E para dominar a Eficiência Energética, a Elektro, em parceira com a UNIFEI, EXCEN e FUPAI, publicou um excelente livro em pdf [354]. Já o engenheiro Carlos Adib [355] mostra, em sua página sobre a história da energia elétrica, uma cronologia das leis que envolveram o setor, desde o começo do século XX. A perspectiva engloba as leis federais, com foco nos acontecimentos no Rio Grande do Sul.
A WEG [356] disponibiliza uma interessante ferramenta de cálculo para troca de motores [357], que aborda diversas variáveis, permitindo ao usuário saber os valores envolvidos, o tempo de recuperação do investimento, o fluxo de caixa e até uma opção para simulação de financiamento. A ferramenta permite agrupar mais de um motor nos cálculos.
Onde importa economizar energia
A maneira mais limpa de economizar energia elétrica é através do aumento da eficiência das máquinas e equipamentos, pois é uma energia que não precisa ser gerada, acarretando grande redução de despesas. Até porque é mais barato, sempre, investir em conservação do que em expansão da energia elétrica.
Neste quesito, o banimento das incandescentes não resolverá sozinho o problema da energia no mundo, por um motivo simples: as incandescentes não são, nem de longe, as responsáveis pela demanda principal de energia. Mas o banimento serve para inocular na população os conceitos de eficiência energética.
Por exemplo, em outubro de 2015, foi iniciada aqui em Santa Cruz do Sul, RS, uma ação diretamente influenciada pela iniciativa en.lighten (e provavelmente lastreada por algum dos programas federais de fomento à economia energética). A empresa AES Sul [358], distribuidora privada regional de energia elétrica, fez um esforço para substituição de lâmpadas incandescentes, denominado “Programa AES Sul de Eficiência Solidária” (figura 117), que trouxe R$1 milhão de investimentos para a cidade, numa parceria com a Celena [359][360], empresa da área de iluminação.
O programa consistiu na troca de uma lâmpada incandescente qualquer por outra de LED, pela qual o usuário pagava R$2,00. Cada cliente (cada conta de luz) podia trocar até 5 lâmpadas. Quando fui ao posto de troca, conversei com outros moradores e percebi que muitos deles tinham comprado lâmpadas incandescentes só para trocá-las, pois em casa usavam apenas as fluorescentes compactas. Era um ótimo negócio, visto que com 10 reais comprava-se 5 lâmpadas LED, de excelente qualidade, que valiam, cada uma, mais de 25 reais nas lojas.
A lâmpada LED distribuída pelo programa era da marca Golden, modelo UltraLED A60 Pro, de 9,5W (equivalente à incandescente de 60W), com luz branca neutra (4000K), alto fator de potência (0.96), emissão de 885 lm, eficácia de 93 lm/W e vida útil de 36 mil horas (figura 118). O modelo era melhor até do que a atual linha UltraLED A60 do fabricante, conforme a ficha técnica disponível na internet [361]. Esta folha de dados não tem a lâmpada de 9,5W e apresenta o modelo de 10W como equivalente à incandescente de 60W. As lâmpadas do programa ostentam o alerta de proibição de venda, como se vê na figura 119.
Segundo a AES Sul, foram trocadas pouco mais de 33 mil lâmpadas (beneficiando aproximadamente 7 mil clientes) e o dinheiro arrecadado foi destinado ao Instituto Humanitas Fraternidade, de assistência social. O município de Santa Cruz do Sul/RS tem uma população aproximada de 120 mil habitantes. Adicionalmente, tive a informação de outra ação semelhante, na mesma cidade, alguns anos antes, onde foram doadas lâmpadas fluorescentes compactas às famílias de baixa renda. Daquela vez, os clientes foram visitados em suas residências.
Gere a sua energia
Uma forma ainda pouco utilizada de economizar energia é através da micro e minigeração local, seja da forma que for (hidráulica, solar, eólica, biomassa, etc.). O termo técnico utilizado para isso é geração distribuída ou descentralizada, com pequenos geradores elétricos espalhados por diminutas regiões – como uma cidade – e conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), através da rede de distribuição. Com isso, há menor necessidade de linhas de transmissão, pois o consumo e a geração da energia ficam próximos.
A minigeração também aumenta a segurança energética: os locais que geram energia, mas não a consomem, contribuem para a estabilidade do fornecimento, pois a ligação é bidirecional. Uma residência com gerador, poderá absorver ou fornecer energia elétrica para a rede de distribuição (figura 120), conforme o seu consumo.
Quanta diferença dos anos 1970, onde qualquer particular que gerasse energia elétrica era proibido por lei de vendê-la ou distribuí-la, até mesmo para seus vizinhos.Hoje, finalmente o poder público percebeu que a geração descentralizada de energia pode resolver boa parte da crise energética. Desde 2004 existe o Decreto 5.163 [363], que possibilita a comercialização da energia elétrica com o Sistema Interligado Nacional. E em novembro de 2015, a ANEEL aprovou a Resolução Normativa 482/2012 [364], que regulamentou aquele Decreto e criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, permitindo que o consumidor instale pequenos geradores em sua unidade consumidora e troque energia com a distribuidora local. A ANEEL inclusive publicou um caderno temático sobre o assunto [365].
As antigas limitações para a geração de energia, bem como o atual banimento das lâmpadas incandescentes, apesar dos aspectos positivos, servem como exemplo de políticas impositivas, que tem o hábito, intencional ou não, de tolher a liberdade de todos, “em benefício de uma causa maior”. A consequência direta disto é o cerceamento da criatividade, pois limita as ações humanas e implica em considerar as pessoas (eventualmente, os países) como massas manipuláveis, em prol dos interesses de quem pode fazer isso, não da sociedade como um todo.
Mas, com as possibilidades abertas com a micro e minigeração de energia elétrica, abriram-se novamente as portas para os inventores. Este é o momento de criar técnicas e produtos para melhorar a geração de energia.
Além disso, o banimento das lâmpadas incandescentes poderia ser uma nova forma de dominação tecnológica, semelhante em parte às ações do cartel Phoebus (próxima seção), mas com algumas atividades ainda encobertas ou dissimuladas, até porque elas ocorrem neste exato momento. Com o banimento, os países que detêm as novas tecnologias (com muitas patentes) conseguem impor aos mais fracos os seus modelos de produção, além de dificultar ou até impedir a comercialização de produtos “tecnicamente ultrapassados” ou “ecologicamente incorretos”.
No final das contas, saberemos o que está acontecendo neste início de século XXI, com mais precisão, daqui uns 50 anos. Agora, relembremos o que ocorreu no passado com as lâmpadas incandescentes.
O cartel Phoebus
Às vésperas do natal de 1924, em Genebra, na Suíça, foi formada uma corporação chamada ”Phoebus SA Compagnie Industrielle Développement pour le de l’Éclairage” (Companhia de Desenvolvimento Industrial para a Iluminação), com o nobre objetivo de “melhorar o padrão e a economia das fontes de luz elétrica em todo o mundo.”
Participavam deste grupo a Osram (Alemanha), Kremenezky (Áustria), IGEC – International General Electric Company (subsidiária da GE americana no Reino Unido), General Electric Overseas Group (subsidiária da GE americana no Brasil, China e México), Compagnie des Lampes (França), Philips (Holanda), Tungsram (Hungria), AEI – Associated Electrical Industries (Inglaterra), Societá Edison Clerici (Itália), Tokyo Electric (Japão), dentre outras.
Os fabricantes firmaram um acordo, denominado “Convention for the Development and Progress of the International Incandescent Electric Lamp Industry” (algo como “Acordo para o desenvolvimento e progresso da indústria internacional de lâmpadas incandescentes elétricas”). O parágrafo primeiro do documento anunciava: “O propósito e a intenção deste acordo é assegurar a cooperação de todas as partes signatárias, para garantir que suas capacidades de produção para manufatura de lâmpadas sejam apropriadamente exploradas, para salvaguardar um padrão uniforme e de alta qualidade, para elevar a rentabilidade na distribuição das vendas, para aumentar a eficácia da luz elétrica e para incrementar o uso da luz elétrica em benefício dos usuários.”
O acordo abraçou todas as lâmpadas usadas em iluminação, aquecimento e propósitos médicos, mas deixou de fora as lâmpadas de arco, neon, raio X e as válvulas eletrônicas. Havia uma cláusula que impunha a anexação de novas tecnologias de iluminação, para o caso de surgirem outras fontes de luz de importância geral, durante a vigência do acordo. Foi o que ocorreu com as lâmpadas fluorescentes.
Mas o verdadeiro objetivo por trás daquele elegante slogan era eliminar do mercado as empresas não associadas. Há documentos que comprovam que nas áreas mais importantes, o oligopólio permitiu somente 5% do mercado para as empresas de fora do grupo.
Melhorar a qualidade das lâmpadas deveria ser o objetivo final, mas foi apenas uma maneira de livrar-se da concorrência. Ao mesmo tempo, esta competição impiedosa entre as empresas, com a tentativa de destruir os competidores mais fracos e tomar suas fatias de mercado, resultou em avanços tecnológicos significativos.
Foi o grupo Phoebus, por exemplo, que pela primeira vez realizou um estudo completo de rentabilidade relativa à iluminação. O custo da energia elétrica, o investimento inicial, o custo de substituição das lâmpadas e a manutenção do sistema de iluminação, apresentados neste cálculo, mostraram que mesmo quando eram consideradas as maiores tarifas de energia elétrica da década de 1930, valia a pena incrementar a eficiência luminosa das lâmpadas em troca de uma vida útil menor.
Esta foi a forma com que a vida útil de 1000 horas para as lâmpadas incandescentes tornou-se o padrão. Antes, a durabilidade era de 1500, 2000 horas ou mais. Mil horas de durabilidade para as incandescentes continua sendo aceito no mundo todo, atualmente. As empresas que não aderiram ao cartel à época fizeram muita propaganda pelo fato de suas lâmpadas durarem mais de 1000 horas, mas não informavam que a eficiência luminosa de suas lâmpadas era menor.
O cartel tinha uma base científica para expor sua posição na questão da vida útil das lâmpadas. Os benefícios gerais desta pesquisa foram sentidos por toda a indústria, pelas décadas seguintes. A capacidade científica conjunta dos membros do cartel era necessária para chegar a uma relação matemática entre eficiência luminosa, consumo de energia e vida útil, para vários tipos de lâmpadas.
O acordo do cartel estabeleceu também normas compulsórias para as lâmpadas incandescentes. Formulou o conceito de “padrão de eficiência corporativo” (SCE – Standard Corporation Efficiency), para a verificação da conformidade dos produtos com as especificações. Este padrão expressava todos os parâmetros qualitativos de uma lâmpada incandescente, fazendo comparações entre vários produtos.
O oligopólio montou o seu próprio laboratório de pesquisas na Suíça, onde os produtos dos membros do cartel, bem como os dos não-membros, eram testados regularmente. Desta forma, Phoebus tornou-se o pioneiro na prática do controle estatístico de qualidade, que tem sido utilizado amplamente na indústria desde então.
Uma das principais funções do cartel foi a divisão do mercado entre os seus membros, por meio da definição de quotas. As quotas foram determinadas com base no volume de vendas de 1921 e 1922 das empresas filiadas. As quotas eram expressas em “unidades”, uma forma encontrada para lidar com a variada linha de produtos. Os preços foram calculados na moeda “Phoebus $”, que estava atrelada ao valor em dólar do ouro.
O acordo do cartel permitia as negociações entre as empresas membro, de acordo com suas cotas. Estas transações eram rigorosamente verificadas e somente permitidas se determinadas condições financeiras eram atendidas. Quando a empresa não conseguia cumprir sua cota, recebia um reembolso. Do mesmo modo, quando a excedia, tinha que indenizar o grupo.
As quotas estavam sujeitas a alterações, pois as empresas que pagavam compensação após o seu excesso de produção em determinado ano, pediam aumento de cotas para o ano seguinte. Por exemplo, no final da década de 1920, a Tungsram entregou suas cotas da China e do Brasil para a IGEC (General Electric), por conta do elevado custo de transporte. A Tokyo Electric, por sua vez, reclamou ao cartel que não havia razão em levar multa por ter vendido 5 vezes mais, após ter diminuído a vida útil de suas lâmpadas.
Nos casos em que grandes quantidades de cotas mudaram de mãos, as empresas que realmente entregavam as mercadorias eram obrigadas a usar as marcas registradas das indústrias que originalmente detinham a propriedade das quotas, além de seus produtos terem que atender a especificações muito estritas.
Havia manipulações incessantes em torno das quotas, muitas vezes resultando em rudes disputas sobre o modo de interpretar as contas. Em tais confrontos (e em qualquer desacordo entre os membros), um júri independente, eleito pela assembleia geral do cartel, era o mediador. Nas controvérsias dos membros do oligopólio com as empresas de fora ou com organismos governamentais, os interesses do cartel eram representados pela Phoebus SA e seus advogados.
Talvez a parte mais importante dos acordos do cartel tenha sido a seção que estabelecia regras extremamente duras ao lidar com empresas não participantes do grupo. Os membros do oligopólio foram proibidos de vender materiais básicos e peças para as empresas de fora, para que não pudessem torná-las mais competitivas. Com o intuito de manterem sua competitividade, as empresas externas ao Phoebus baixaram os preços de seus produtos.
O cartel então lançou uma guerra implacável contra estas fábricas. As empresas do oligopólio passaram a produzir lâmpadas de segunda linha (“Nebenmarke Kampf-Lampe”, em alemão, algo como “lâmpada de combate”), que eram vendidas por um preço consideravelmente menor que o das empresas de fora. As lâmpadas de segunda linha eram fabricadas com rejeitos de filamentos de tungstênio, de espessura irregular.
O objetivo da guerra de preços era subjugar as empresas que não faziam parte do grupo. Elas só podiam escolher entre duas possibilidades: ou juntavam-se ao cartel, ou retiravam-se do negócio. O cartel, com bastante frequência, comprou empresas ou fechou-as, escondendo-se sob o nome de um de seus membros.
Em 1931, fabricantes da Finlândia, Noruega, Dinamarca e Suécia uniram-se em uma cooperativa, denominada North European Luma Cooperative Society, para enfrentar as pressões do cartel Phoebus, que montava uma grande fábrica em Estocolmo. Antes do cartel terminar a construção, em 1931, os membros da cooperativa baixaram seus preços, forçando o oligopólio a recuar. Em 1934, por exemplo, o grupo cooperativo LUMA atendia 22% da demanda sueca de lâmpadas.
Na verdade, os interesses fortemente centralizadores do cartel internacional de lâmpadas incandescentes contrariaram os interesses dos consumidores. Com sua estrita política de negócios, com a qualidade e os preços monopolizados, o cartel foi capaz de preencher as lojas, as casas e as fábricas com lâmpadas que atendiam aos interesses de seus associados.
O grupo também fornecia vantagens técnicas para seus membros, uma vez que (segundo as regras do cartel) eles eram livres para usarem as patentes uns dos outros e só eram obrigados a liquidar as finanças mais tarde.
O mercado garantido e o acesso à moderna tecnologia abriram uma grande vantagem competitiva para as empresas do cartel, resultando em enormes lucros, especialmente no período inicial.
Com este dinheiro, as empresas foram capazes de financiar seus projetos de pesquisa e desenvolvimento para a produção de tubos a vácuo (as válvulas), para a inicialmente deficitária indústria eletrônica.
Quando os alemães ocuparam a Holanda e depois a França, as fábricas da Philips foram tomadas. Isto teria significado o controle alemão do cartel, mas a guerra gradualmente tornou esta operação impossível. O cartel internacional das lâmpadas incandescentes encerrou suas atividades após a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
No início do século XX, quem detinha as patentes das inovações tecnológicas mais importantes das lâmpadas incandescentes era a General Electric: o filamento de tungstênio dúctil (1911); o preenchimento do bulbo com gases nobres, em vez de utilizar o vácuo (1913); o duplo bobinamento do filamento (coiled coil filament – 1913), dentre outras. Certamente a empresa recebeu grandes somas provenientes dos licenciamentos das patentes. Nas décadas seguintes à implantação do acordo, a GE adquiriu participações significativas em todas as empresas associadas ao Phoebus, que ainda não eram suas.
O cartel Phoebus foi o primeiro oligopólio na história que obteve alcance global e fez uso da obsolescência programada. Reduziu a concorrência na indústria de lâmpadas por quase 20 anos e foi acusado de impedir os avanços tecnológicos que teriam produzido lâmpadas melhores.
Mais informações sobre o cartel Phoebus e sobre as empresas envolvidas podem ser encontradas em artigo do renomado IEEE[366], “The great lightbulb conspiracy” e nas referências [367] a [380].
Para complementar, há um trabalho interessante de Ron D. Katznelson e John Howells [381], que aborda as patentes que iniciaram a era das lâmpadas incandescentes e demonstra como elas, de certo modo, incentivaram o desenvolvimento do setor, não o contrário.
Hoje, com o mundo todo caminhando para o banimento da iluminação incandescente, em favor das eficientes e ainda caras lâmpadas LED, é válido revisitar esta história do cartel, não apenas como uma curiosidade dos anais de tecnologia, mas como um alerta preventivo para as estranhas e inesperadas armadilhas que podem surgir quando uma nova tecnologia suplanta outra antiga.
![Figura 121 – Cartaz, em língua catalã (que parece misturar português, francês e espanhol), do documentário espanhol intitulado “Comprar, tirar, comprar”, de Cosima Dannoritzer, de 2010. Fonte: Marketing Directo [382].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig121-comprar_es_es-197984468.jpg?w=595&h=296)
Figura 121 – Cartaz, em língua catalã (que parece misturar português, francês e espanhol), do documentário espanhol intitulado “Comprar, tirar, comprar”, de Cosima Dannoritzer, de 2010. Fonte: Marketing Directo [382].
Em 2010, uma produção hispano francesa de Cosima Dannoritzer [383], causou impacto nas redes de TV europeias e teve grande êxito, de crítica e público. O título em espanhol é “Comprar, tirar, comprar” (figura 121), que corresponde, em português, a “Comprar, descartar, comprar”. Na língua inglesa, foi alterado para “The light bulb conspiracy” (algo como “A conspiração das lâmpadas incandescentes”). A narrativa gira em torno da obsolescência programada e conta o caso real de uma impressora de jato de tinta, que repentinamente deixa de funcionar, devido a um chip interno que bloqueia o equipamento após determinada quantidade de impressões. Este “defeito” aconteceu comigo duas vezes, de modo exatamente igual, em impressoras de marcas diferentes.
O vídeo prende o espectador, pelo encadeamento bem planejado das cenas, algumas chocantes. Por exemplo, a questão do irracional lixo eletrônico, que a limpa e rica Europa manda para a pobre e suja África (o filme fala deles, mas não são os únicos, em outros continentes acontece o mesmo).
Em determinado trecho, o historiador Helmut Höge mostra documentos de época, que confirmam de modo inequívoco a existência do cartel Phoebus. Inclusive, há uma informação perturbadora no documentário, fornecida por Markus Krajewski, da Universidade Bauhaus, de Weimar: o cartel não teria deixado de existir, continua ativo e somente trocou de nome ao longo do tempo (Cartel Internacional de Eletricidade teria sido um deles).
O documentário foi premiado em diversos festivais de cinema, inclusive no Brasil (melhor documentário no primeiro FILMAMBIENTE, de 2011 [384]). Dezesseis meses após o lançamento, ganhou uma versão ampliada, com novas histórias e informações mais detalhadas [385].
Na página da RTVE espanhola [383] há o link para o documentário original, em espanhol. Esta versão tem as falas bem espaçadas e é fácil de entender, mesmo para aqueles que só dominam o português.
No Youtube [386] tem a versão mais curta, com legendas em inglês. E a página da Freedom Light Bulb [387] traz vários links para o documentário, em diferentes línguas, além de complementar com algumas informações. O blog Cine Aprendizagem [388] considera o documentário adequado para uso em sala de aula. Nesse blog e na Frente Cívico Somos Mayoria (sic) [388], há links para outros documentários.
É interessante que o termo obsolescência planejada (ou programada) tenha surgido no mesmo ano da formação do cartel Phoebus. Segundo a Wikipedia [389], em 1924, a General Motors estava preocupada com a saturação das vendas do mercado de automóveis. Então, Alfred P. Sloan Jr. deu a ideia de lançar atualizações periódicas nos projetos, que seriam exibidas no “carro do ano”, com o intuito de mostrar aos donos de automóveis que eles precisavam trocar de modelo, para acompanhar a evolução “tecnológica”. Só que as mudanças eram apenas estéticas.
Na época, Henry Ford, partidário da engenharia utilitária e da redução de custos, criticou esta maneira de produzir, pois tornava a estética mais importante que a técnica. Alterações técnicas são mais demoradas e arriscadas, ao passo que alterações estéticas são previsíveis, de baixo risco e de pequeno custo.
O Ford modelo T, lançado em 1908 a 825 dólares, teve sua produção melhorada e os custos constantemente reduzidos. Em 1923, esse carro já era vendido a 365 dólares! Um dos motivos dessa redução foi o tempo para fabricá-lo, que diminuiu de 12,5 horas para 1,5 hora. Do mesmo modo, a razão de existir somente a cor preta durante um período, é que não havia outra cor de secagem tão rápida. Conta-se que Henry Ford, quando inquirido sobre outras cores para o modelo T, teria dito que “pode escolher qualquer cor, contanto que seja preta”. Apesar disso, houve automóveis modelos T de outras cores [390].
Mas com as mudanças trazidas pelo desenvolvimento, a popularização do modelo T tornou-se um estigma, transformando-o no “carro do pobre”. Apesar de ser resistente e durável, foi nesta época que a utilidade ficou em segundo plano e o automóvel passou a ser visto como símbolo de status. Em alguns anos, mesmo com a Ford abandonando o modelo T, passando a produzir em 1927 o modelo A e utilizando a partir daí a mesma estratégia do carro anual, a GM a suplantou em vendas.
Na época da Grande Depressão de 1929, a obsolescência programada tinha adeptos como Bernard London, um proeminente investidor imobiliário, que queria torná-la obrigatória, pois considerava que os esforços governamentais do New Deal do presidente Roosevelt não seriam suficientes para levantar a economia. Ele chegou a publicar um livro, chamado The new prosperity (A nova prosperidade), com apoio de bancos, onde propunha uma data de validade para os produtos – não estamos falando dos perecíveis – que tinham que ser obrigatoriamente descartados após este período, sob pena de multa. A obra era um desenvolvimento de outra publicação sua, do ano anterior, Ending the depression trough planned obsolescence (Acabando com a Depressão através da obsolescência planejada, disponível em [391]).
A obsolescência obrigatória não vingou como lei, mas trocou de forma, com o uso de sedutoras propagandas, que sugerem insistentemente que um novo objeto é melhor, mais moderno, mais verde, mais na moda e dá mais charme e status que o antigo…
Qualquer correspondência com o frenético ritmo de troca dos telefones celulares (ou qualquer outro moderno produto industrial), não é mera coincidência. A evolução tecnológica, além de forçada, não é tão rápida quanto querem nos fazer crer.
Ela serve, antes, para impedir que empresas menores e mais fracas financeiramente consigam crescer ou manter-se no mercado, devido aos altos custos para mudar projetos a todo momento. É a técnica de jogar areia nos olhos dos concorrentes, para que eles não consigam competir.
As mudanças tecnológicas realmente impactantes ocorrem em intervalos de tempo bem maiores que um, dois ou três anos. Neste curto espaço de tempo, o que costuma variar é somente a aparência externa.
É paradoxal que se fale tanto em sustentabilidade do planeta e ao mesmo tempo sejam fabricados aparelhos cada vez menos duráveis. Pois a obsolescência programada dinamita a sustentabilidade, como colocou muito bem o socioecólogo espanhol Ramon Folch [392]. Muitos estão incomodados com esta situação e na Europa já há movimentos na direção de produzir bens mais duráveis, inclusive no âmbito da ISO 14001:2015 [391].
A impossibilidade de manutenção dos aparelhos da vida moderna é deliberada, não é resultado da evolução tecnológica [393]. Porque um ventilador tem peças plásticas que são facilmente encaixáveis ao serem montadas, mas que quebram ao abrir? Ou porquê os plásticos destas peças esboroam com o tempo?
Ou porque, muitas vezes, um aparelho estraga logo depois da garantia acabar? As alterações para evitar isso seriam mínimas. A obsolescência planejada é, mais propriamente, um ato de delinquência contra o planeta, em benefício de uns poucos. Fazendo uso dela, as empresas reduzem seus custos (e aumentam seus lucros), pois não precisam mais fabricar nem cuidar das peças de reposição. Gera-se uma quantidade insana de lixo tecnológico, acabam-se com as oficinas de manutenção e sepultam-se as possibilidades de revenda de usados.
Falando de outro jeito: parte da grana, que antes acompanhava o objeto comprado, agora tende a ficar com a indústria – maior parte – e o comércio.
Para o consumidor, sobram só as despesas. E a crença, mantida pela publicidade incessante, de que ele precisa adquirir um novo produto, com tecnologia mais eficiente, mais ecológico e mais bonito…
Infelizmente, é a forma passando a ter mais importância que o conteúdo. Para que não ocorra um mal entendido, observo que a estética não é contrária à técnica, antes elas são complementares. Quem consegue juntar a aparência estética com uma técnica apurada, une a beleza com a funcionalidade e cria verdadeiras obras de arte, sob qualquer aspecto. Tais objetos tornam-se clássicos e geralmente têm longa vida útil. Vide o caso da escola BAUHAUS, um marco da arquitetura e do design no século XX.
![Figura 122 – Primeira sede da escola Bauhaus, em Weimar. Fonte: Bauhaus-Universität Weimar [394].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig122-slider_uni_2.jpg?w=595&h=238)
Figura 122 – Primeira sede da escola Bauhaus, em Weimar, hoje novamente Bauhaus. Fonte: Bauhaus-Universität Weimar [394].
Apesar de parecer matéria estranha aos filamentos LED, considero importante falar da escola Bauhaus, porque estamos tratando também da aparência e durabilidade dos produtos, no caso lâmpadas e luminárias. Foi a Bauhaus que começou, na prática, a profissão de designer de produtos e que centralizou as tendências modernistas da arquitetura no século XX. Ainda hoje são produzidos itens do cotidiano, como abajures, cadeiras e papéis de parede, criados há quase 100 anos naquela escola. E a arquitetura Bauhaus permanece viva como referência mundial, quando se fala em prédios funcionais e despojados de ornamentos.
Para compreender o que levou ao surgimento da Bauhaus, serão abordadas algumas características daqueles tempos, que formaram o caldo cultural que contaminou o mundo com novas ideias e ideais. E que seria interessante conhecer, pois muitos conceitos “modernos” são daquela época. Esta seção é um tanto longa, mas preferi fazer assim para poder tratar adequadamente de cada tema, de maneira leve e encadeada. Delicie-se!
A escola de artes BAUHAUS foi fundada na cidade de Weimar, na Alemanha (figura 122), em 1919, pelo arquiteto Walter Gropius, que ansiava em dar outro propósito para as máquinas, do que produzir a exploração e a morte. A escola foi o ar de renovação a que aspirava uma Alemanha, destroçada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), durante sua primeira democracia, a República de Weimar (1919-1933).
A nova escola juntou sob uma direção a Escola de Artes e Ofícios (que fora fechada em 1915) e a Escola Superior de Belas Artes, passando a chamar-se Staatliche Bauhaus. Entre 1919 e 1924, a Bauhaus foi uma escola estatal (Staatliche) da província da Turíngia e utilizou a estrutura então existente das escolas agregadas e de oficinas particulares na cidade de Weimar.
A Europa, recém saída da carnificina da Primeira Guerra (onde morreram mais de 9 milhões de pessoas e destes, 2 milhões eram alemães) e assolada pela Gripe Espanhola, uma epidemia de alcance mundial – pandemia – que entre 1918 e 1919 matou cinco vezes mais do que o conflito, criou o clima intelectual favorável às ideias de Gropius, pois as pessoas estavam ávidas por beleza e por novos rumos para suas vidas.
Gropius participara como soldado na frente de batalha e era, à época, um arquiteto reconhecido. Ele modelara em 1911, junto com o sócio Adolf Meyer, o prédio da fábrica de sapatos Fagus, em Alfeld, Alemanha, extremamente moderno para aquele tempo. Esta construção tornou-se patrimônio histórico por simbolizar a arquitetura industrial do século XX. A Fagus (faia, em latim, uma espécie de árvore ornamental, que era utilizada como matéria prima) continua produzindo calçados lá.
Movimentos clamam por mudanças
Antes mesmo da Primeira Guerra, havia diversos movimentos reformistas na Alemanha, como o Deutscher Werkbund, Dürerbund, Wandervogel e Reformpädagogik, que pretendiam melhorar diversos aspectos da vida de então, em áreas como a arquitetura, cultura e estética, retorno à natureza e educação escolar, respectivamente.
Deutscher Werkbund (Associação Alemã de Artesãos) foi um movimento fundado por artistas, políticos, industriais e arquitetos em 1907, preocupados com o abismo entre artesãos, indústria e artistas. Influenciou, além da Bauhaus, o surgimento, em 1917, do Instituto Alemão de Normalização (DIN – Deutscher Institut für Normung), criador das famosas normas DIN. Que foram a origem, por exemplo, do padrão A4 de tamanho de papel (figura 123).
Como curiosidade, o padrão A4 (norma DIN476 ou ISO216 ou NBR 10068/87) tem os seguintes requisitos:
– O comprimento dividido pela largura é sempre igual a 1,4142 (raiz de 2);
– A ampliação e a redução também usam a mesma razão: 141% (raiz de 2) e 71% (raiz de 1 sobre 2), o que mantém as proporções nas fotocopiadoras;
– O tamanho A0 tem 1 metro quadrado;
– Cada tamanho posterior é a divisão ao meio do tamanho anterior (A4 é a quarta divisão consecutiva de A0);
– O comprimento e a largura de cada tamanho é arredondado para o milímetro mais próximo, pois nem sempre a raiz de dois resulta em número exato.
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) também era fonte de inspiração para muitos, pois no final do século 18 criticara severamente o sistema educacional alemão, por considerar que este apequenava o homem ao formá-lo apenas para servir aos interesses do Estado, da ciência e do mercado. Os métodos educacionais de então especializavam-se em revelar a melhor utilidade de cada ser humano, ao invés de despertá-los em suas peculiaridades. A memorização era a forma mais importante de educar, em detrimento da ação e da criação. A redescoberta das afirmações de Nietzsche sobre educação – foram seus primeiros escritos – tem impressionado muitos hoje em dia, por sua incontestável atualidade [396]. De certa forma, Nietzsche ajudou a insuflar, logo após sua morte, em 1900, as aspirações pela formação de um novo ser humano.
Por outro lado, já em 1916, Wilhelm von Bode, diretor-geral dos museus estatais de Berlim, propusera uma única instituição, que reunisse academias, escolas de arte e escolas de artes e ofícios.
Paralelamente, as vanguardas históricas questionavam a arte então existente e pretendiam integrá-la com a sociedade, expressando nas obras o inconsciente coletivo. Era a época do expressionismo alemão. Naquele tempo, vivia muita gente interessante pelo mundo: Sigmund Freud, Fernando Pessoa, Oswaldo Cruz, Albert Einstein, Alexander Fleming, Charles Chaplin, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Miró, Cândido Portinari, Carlos Gardel, Agatha Christie, George Simenon, Ernest Hemingway, Virgina Wolf, Bertolt Brecht, Franz Kafka, Hermann Hesse, Jorge Luis Borges, George Orwell, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Marcel Proust, Walter Benjamin, Karl Popper, Henri Matisse, Pablo Picasso, John Maynard Keynes, Antoni Gaudí, Henry Ford, Mahatma Gandhi e tantos outros).
Também cresciam na Alemanha movimentos anti-semíticos (contra judeus), nacionalistas e bolcheviques (comunistas), estes últimos inspirados pela então recente revolução russa, de 1917.
VKhUTEMAS – A Bauhaus de Moscou
Na Rússia, com o fim do czarismo e a ascensão do comunismo, também buscava-se reformas. Um decreto de Vladimir Lenin estabeleceu em 1920 uma escola estatal com métodos de ensino semelhantes à Bauhaus: as VKhUTEMAS (Ateliês Superiores Técnico-Artísticos Estatais), um conjunto de oficinas que unia o ensino de artes e técnicas industriais numa mesma instituição [397][398][399].
As oficinas da VKhUTEMAS duraram menos que a Bauhaus e foram fechadas em 1930, devido a uma reforma da educação promovida por Josef Stálin (sucessor de Lenin), que encerrou a primeira fase da revolução russa (que apoiava diversos movimentos de vanguarda, como o construtivismo, o futurismo, etc.) e abriu caminho para o estilo denominado “realismo socialista”.
Stálin foi o ditador russo que consolidou seu poder através da ação denominada Grande Expurgo, entre 1934 e 1939, violenta ação de perseguição contra seus opositores políticos, na qual foram liquidados dois terços dos quadros do Partido Comunista, além de milhares de cientistas, militares, intelectuais, estrangeiros e civis. Muitos morreram nos gulags, os campos de trabalho forçado na Sibéria, para onde foram enviados os dissidentes.
Na Alemanha, uma coalizão de sociais-democratas e liberais formou a República de Weimar e instituiu em 1919 a Constituição de Weimar, que originou na Europa a ideia do Estado de Bem-estar Social (que proclama o direito de todas as pessoas ao trabalho, a moradia e a uma vida digna). A República de Weimar, que substituiu a monarquia alemã, durou os mesmos 14 anos da Bauhaus.
Por causa da pobreza generalizada e da falta de moradias no pós-guerra, o estado alemão passou a intervir na construção de habitações, inclusive evitando o hábito, comum até então, de cidades com alta concentração populacional. Optou-se por construções mais espalhadas, com blocos de casas e apartamentos baixos, que além de serem baratas, serviam como medida estratégica para o caso de outra guerra (evitar muitas mortes, causadas por poucas bombas). Foi naquele período que a Alemanha mais construiu habitações para a classe operária, através das cooperativas de construção. Era época do movimento Neues Bauen (Nova Arquitetura ou Novo Edifício), segmento de arquitetura da corrente de pensamento Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade), que pretendia propor soluções para a população mais pobre, às consequências perversas da Revolução Industrial da Alemanha [400].
Em 1918, o arquiteto Bruno Taut fundou o Arbeistrat für Kunst (Conselho de Trabalhadores da Arte), que pretendia criar um grupo de artistas que pudesse influir no novo governo alemão. Taut e Otto Bartning participavam da Deutscher Werkbund e exerceram muita influência sobre Walter Gropius, que também fazia parte desta associação.
Após a dissolução do Arbeist für Kunst, foi criado Der Ring (O Círculo), que desenvolveu um notável trabalho de construção de moradias sociais em Berlim. Participavam deste movimento Bruno Taut, Ludwig Mies van der Rohe, Peter Behrens, Eric Mendelsohn, Otto Bartning, Hugo Häring, Walter Gropius, Adolf Meyer e Martin Wagner, dentre outros.
Conjunto Hufeisensiedlung
Um exemplo clássico desta era foi a construção, entre 1925-1933, na periferia de Berlim, do conjunto habitacional Casa da Ferradura (Hufeisensiedlung, figura 124), uma série de prédios e casas para famílias de baixa renda. Foi chefiado pelo arquiteto Bruno Taut e auxiliado por Martin Wagner, Migge Leberecht e Ottokar Wagler. O prédio principal, em forma de ferradura, foi criticado pelos que então moravam no centro da cidade, pois “não se podia fazer construções tão bonitas para operários”…
Desde 2008, o assentamento Hufeisensiedlung faz parte do Patrimônio Cultural da Humanidade da UNESCO. Este projeto é um exemplo, já naqueles tempos, das tentativas de humanização das residências populares, através das cidades-jardim.
![Figura 124 - Edifício central do conjunto habitacional popular Hufeisensiedlung (Casa da Ferradura), em Berlim, projetado por Bruno Taut e colaboradores, na década de 1920. Fonte: The Guardian Witness [401].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig124-a354ec4e-fda7-4275-b9fd-f55b2d02af22-2060x1236ed.jpeg?w=595&h=357)
Figura 124 – Edifício central do conjunto habitacional popular Hufeisensiedlung (Casa da Ferradura), em Berlim, projetado por Bruno Taut e colaboradores, na década de 1920. Fonte: The Guardian Witness [401].
A palavra Bauhaus significa “Casa da Construção”, uma inversão do termo Hausbau (construção da casa). O nome remete às antigas guildas (associações) maçônicas de artesãos, que construíram as catedrais na época medieval. Gropius citava o ideal destas lojas, onde os artesãos trabalhavam “no mesmo espírito” e na “unidade de uma ideia comum”. Usava-se muito o simbolismo da catedral, como alegoria ao trabalho total de arte.
![Figura 125 – Manifesto Bauhaus, observar a gravura da catedral, desenho de Lyonel Feinninger, com diversas simbologias. Fonte: Clio's Calendar [403].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig125-1919ed2.jpg?w=595&h=485)
Figura 125 – Manifesto Bauhaus, observar a gravura da catedral, desenho de Lyonel Feinninger, com diversas simbologias. Fonte: Clio’s Calendar [403].
O reencontro da arte com o artesanato (e depois, da arte com a técnica) determinou o modo de ensino da escola. O conteúdo era multidisciplinar: aprendia-se antes, num curso preparatório (Vorkurs), obrigatório para todos, os fundamentos básicos dos materiais, cores, formas, composições e texturas. Era o contrário do que se praticava nas escolas de arte tradicionais, onde ensinava-se, no início dos estudos, por cópias de outros trabalhos. Depois do Vorkurs, os alunos aprofundavam seus conhecimentos nos estudos da natureza, do espaço, da composição, da cor, dos materiais, das construções, da apresentação e das ferramentas. O estudo da cor, apesar de parecer repetido, na segunda abordagem focava outros aspectos.
Estes estudos eram complementados com o trabalho prático nos ateliês, nas áreas de interesse dos alunos (metal, cerâmica, marcenaria, vitral, tipografia, artes cênicas, escultura, pintura mural e tecelagem). Os ateliês de publicidade, fotografia e arquitetura apareceram mais tarde. Os estudos do Vorkurs duravam 6 meses (depois aumentaram para 1 ano), enquanto que os trabalhos nas oficinas prolongavam-se por 3 anos.
Somente após a passagem pelos ateliês é que eram repassados os conteúdos históricos, para que o passado não influenciasse o estudante, antes dele desenvolver um estilo próprio. Os últimos aprendizados eram de engenharia, projetos e testes de campo. Os conhecimentos adquiridos eram aplicados na construção de uma obra, que geralmente fazia parte de outra maior (por exemplo, os tapetes, cortinas, móveis e utensílios do interior de uma casa e o próprio projeto da casa ou bairro).
Importava também que o aluno compreendesse e soubesse lidar com as máquinas, para identificar de que maneira sua obra pudesse ser reproduzida em grandes quantidades pela indústria. Era a união da arte com a técnica, para o benefício da sociedade.
Na escola Bauhaus incentivava-se a criação, sempre observando três princípios fundamentais: simplicidade estética, praticidade e preço acessível. Os adereços desnecessários eram repudiados e estimulava-se a produção em massa, com ênfase no anonimato e na produção coletiva, em vez de obras individuais e personalizadas.
Qualquer objeto, por mais simples que fosse, podia ser motivo de análise e projeto. Considerava-se que para ter uma vida civilizada, as pessoas deveriam viver em ambientes altamente estéticos. Os projetistas (designers) da Bauhaus tinham a esperança de que o preço irrisório habilitaria qualquer pessoa a viver uma vida mais feliz, quando estivesse rodeada de objetos bonitos. Isso era válido inclusive para as habitações. De certo modo, esta ideia tira proveito de uma característica tipicamente humana: sempre somos influenciados pelo ambiente à nossa volta e o reproduzimos em nosso comportamento.
Apesar das dificuldades econômicas, a Bauhaus era um caldeirão efervescente de novas ideias. Lá, conviviam pessoas de tendências muito diferentes. O sistema aberto respondia com flexibilidade às circunstâncias ocasionais e às lições das experiências. As mudanças de rumo (e de localização) da escola também indicam em que medida a abertura de pensamento foi importante. Foram mestres, por exemplo, o pintor Wassily Kandinsky (russo, de origem judaica, vindo da VKhUTEMAS) e o escultor Gerhard Marcks (nacionalista, racista e provavelmente anti-semita, segundo M. Droste [402, p. 68]). Apesar disso, Marcks foi perseguido pelo regime nazista porque suas obras eram consideradas parte da “arte degenerada”.
A escola sempre incomodou os conservadores, em especial os nacionais-socialistas (nazistas), que desde sua fundação pretenderam fechá-la. A Bauhaus teve três reitores e também ficou em três cidades (não nas mesmas datas). O primeiro reitor da Bahuaus, de 1919 a 1928, foi Walter Gropius.
Eventos na Bauhaus
Segue uma breve cronologia de eventos da Bauhaus, que considero mais marcantes.
1919 – Gropius publica o manifesto e programa da Bauhaus: “em conjunto, artistas e artesãos devem criar a estrutura do futuro”; emite declaração de princípios (objetivo de toda arte é a estrutura); discute os objetivos da Bauhaus, o currículo escolar e os requisitos de admissão; defende reformas das escolas (formação artesanal, de desenho e científica); ensino dado por mestres, não professores; alunos começam como aprendizes, depois tornam-se oficiais e então jovens mestres; Conselho dos Mestres decide sobre atividades da escola e a nomeação de novos mestres e conta com a participação dos alunos. Logo após a publicação do manifesto, 150 inscritos, quase a metade de mulheres.
Na região de Weimar, a Bauhaus faz parceria com alguns ateliês particulares, como o de cerâmica, de Max Krehan, em Dornburg. Esta independência propicia a prática verdadeira do Mestre da Forma e do Mestre Artesão.
1921 – Theo von Doesburg – funda a escola “The Stijil” em Weimar, onde funciona por dois anos. Ela influencia os alunos da Bauhaus e impulsiona um novo estilo, passando da arte e artesanato para arte e técnica.
1923 – Saída de Johannes Itten, que apoia a expressão individual e rejeita as encomendas externas, possibilita a aproximação da Bauhaus com a indústrria, como pretendia Gropius. Itten demite-se da Bauhaus em protesto contra o encorajamento do trabalho de encomenda.
1924 – Conservadores assumem o poder em Weimar e reduzem pela metade o orçamento da escola, com o intuito de fechá-la. A Bauhaus procura outras cidades para suas instalações, a escolhida é Dessau, que promete construir um novo edifício para a instituição.
1925 – Mudança para Dessau (estado da Saxônia, próximo a Berlim), cidade com forte engenharia mecânica.Os novos prédios são todos projetados pelo escritório particular de Gropius (figuras 126 e 127). Inclusive, o escritório de arquitetura de Gropius seguidamente encomenda trabalhos para a Bauhaus. As construções em Dessau, finalizadas em 1926, tornam-se referência principal do estilo arquitetônico Bauhaus.
Objetivo agora é desenvolver habitações modernas, em sentido completo, desde os pequenos utensílios até os conjuntos habitacionais.
Número de ateliês é reduzido, saem os de cerâmica e pintura vitral e ficam os de marcenaria, metal, pintura mural, têxtil, tipografia + impressão (publicidade), escultura e teatro.
Quatro departamentos passam a ser dirigidos por ex-alunos (jovens mestres): Joost Schmidt (escultura), Hynnerk Sheeper (pintura mural), Marcel Breuer (marcenaria), Herbert Bayer (tipografia/publicidade).
Na tipografia, Herbert Bayer cria a fonte experimental sturm blond, que resulta na abolição das maiúsculas nos textos da Bauhaus [406]. Esta fonte, cujo nome significa algo como “tumulto loiro” ou “tormenta loira”, usa o mínimo de elementos geométricos: apenas círculos e linhas (figura 128). Há várias versões dela, nenhuma definitiva.
![Figura 129 – Cadeira B3 (Wassily), de Marcel Breuer, em aço tubular. Fonte: Vitra Design Museum [407].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig129-b3wassily_breuer_02.jpg?w=595)
Figura 129 – Cadeira B3 (Wassily), de Marcel Breuer, em aço tubular. Fonte: Vitra Design Museum [407].
Breuer fica com os direitos de licenciamento dos móveis de tubo metálico. Em vez de repassá-los à Bauhaus, vende-os a Lenguel, negociante que mais tarde revende-os à empresa THONET, que até então trabalhava somente com madeira vergada. Os elevados recursos oriundos do licenciamento teriam garantido à escola uma situação financeira segura.
A Thonet
Para situarmos o fabricante Thonet no contexto da Bauhaus: Michael Thonet (1796-1871) foi o inventor de um processo para vergar a madeira maciça. Fundou a Thonet em 1819 em Boppard, Alemanha, depois mudou para Viena, Áustria e hoje está em Frankenberg, Alemanha. Thonet utilizou inovadores métodos de produção, tornando-se o primeiro a fabricar cadeiras em série, em ritmo industrial. As cadeiras Thonet rapidamente adquiriram fama, pois eram confortáveis, bonitas, leves, duráveis e baratas. Até 1930, haviam sido vendidas 50 milhões de unidades. A empresa existe até hoje, continua familiar, é comandada pela 5ª geração dos Thonet e produz mais de 800 mil cadeiras de madeira vergada por ano.
A cadeira Thonet número 14 (atualmente denominada Vienna Coffee House Chair 214, devido a pequenas modificações, como o formato do assento – figura 130) é um ícone e considerado o produto industrial de maior sucesso no mundo: é fabricada há mais de 150 anos (desde 1859). É exportada a todos os continentes, através de um inteligente método: cada cadeira 214 é composta de 6 peças, 10 parafusos e 2 porcas (figura 131). Em um metro cúbico (1000 litros), cabem 36 delas, desmontadas (figura 132). A montagem é feita nos países de destino.
No início do século XX, a opinião do arquiteto Le Corbusier sobre esta cadeira era que “Nunca ninguém jamais criara algo tão elegante e melhor em sua concepção, tão preciso no seu design e tão funcional”. Há inclusive uma anedota sobre ela [409]: durante a Exposição Mundial de 1867, no restaurante da Torre Eiffel, uma das cadeiras Thonet 14 caiu de uma altura de 57 metros e não quebrou…
1927 – Gunta Stölzl passa a chefe da tecelagem. Hannes Meyer comanda o departamento de arquitetura, finalmente inaugurado em abril daquele ano. Novas mudanças no programa, com destaque para o ensino da arquitetura (estrutura e decoração de interiores), publicidade (escultura, tipografia e + tarde, fotografia), teatro. Estas ações resultaram no incentivo à arquitetura, o que diminuiu o contingente de mulheres na Bauhaus.A tecelagem tinha desde o começo numerosos alunos, devido à grande quantidade de inscrições femininas. Na época, era uma das poucas escolas onde as mulheres podiam estudar, mas mesmo na Bauhaus, cursos como os de arquitetura, escultura e marcenaria eram só para homens. A tecelagem da Bauhaus também foi a primeira a formar designers de tecidos.
Na exposição de arquitetura patrocinada pelo Deutscher Werkbund, o arquiteto holandês Mart Stam mostra a cadeira cantilever, feita em aço tubular (figura 133). Cantilever é uma estrutura apoiada num lado somente, deixando o outro livre. Esta técnica de construção já tinha aparecido anos antes com um colega de Stam (Gerhart Stüttgen) e no banco do automóvel tcheco Tatra T12.
A cadeira de Mart Stam torna-se imediatamente popular e serve de inspiração para Marcel Breuer e Ludwig Mies van der Rohe criarem as suas versões, melhorando aspectos como a resistência à fadiga e o uso de lâminas, em vez de tubos (figuras 134 e 135). A partir de 1930, a Thonet adiciona o uso do aço tubular aos seus móveis, com os projetos desses arquitetos ligados à Bauhaus.
![Figura 134 – Cadeira B 64 “Cesca” (em homenagem à filha adotiva de Marcel Breuer, Francesca), 1928. Fonte: Vitra Design Museum [413].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig134-csm_b64_breuer_01_6bc877c4f1.jpg?w=595)
Figura 134 – Cadeira B 64 “Cesca” (em homenagem à filha adotiva de Marcel Breuer, Francesca), 1928. Fonte: Vitra Design Museum [413].
![Figura 135 – Cadeira Brno, de Mies van der Rohe, feita para a casa Tugendhat, na República Tcheca, em 1930. Fonte: Knoll [414].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig135-255c-c_-_k1236_k123615_fz.jpg?w=595&h=595)
Figura 135 – Cadeira Brno, de Mies van der Rohe, feita para a casa Tugendhat, na República Tcheca, em 1930. Fonte: Knoll [414].
É o auge da fama internacional da Bauhaus: construções da escola tornam-se centro de peregrinação, de alemães e estrangeiros. A escola sintetiza a moderna arquitetura alemã. Paralelamente, no final desta década há uma crescente politização na Alemanha e a Bauhaus não escapa disso.
Hannes Meyer, diretor do Departamento de arquitetura, por sugestão de Gropius passa a reitor da Bauhaus, entre 1928 e 1930. Meyer é suíço, influenciado pelo “De Stijil” holandês e pelo construtivismo russo. É ativista político, marxista, defende a forma aplicada à função: formas e cores básicas não são suficientes para as novas e constantes mudanças de design. Seu lema é “Necessidades do povo primeiro, luxo depois”. Ideia de uma arquitetura totalmente funcional, que rejeita o conceito de arte. Incentiva o aprendizado prático e a construção coletiva.
A Escola Sindical de Bernau
No período à frente da Bauhaus, Meyer edifica a escola da Federação dos Sindicatos Alemães (ADGB – Allgemeiner Deutscher Gewerkschaftsbund) em Bernau, em conjunto com o arquiteto Hans Wittwer e o departamento de arquitetura da Bauhaus. Essa escola, cuja proposta era oferecer cursos de treinamento mensais para 120 pessoas, em regime de internato, num ambiente que fosse exemplo da moderna arquitetura alemã, tornou-se o paradigma da arquitetura funcional, pois dispensou totalmente os detalhes supérfluos.
Instalada em uma clareira de pinheiros, ao lado de um pequeno lago (figuras 136 e 137), a escola foi adaptada ao relevo existente, com os prédios espalhados em forma de Z. Os alojamentos, na parte central, foram dispostos em escada. As construções foram interligadas por corredores amplamente envidraçados, que encorajavam a convivência e a comunicação (figura 138). Havia alojamentos para os alunos e funcionários, biblioteca, ginásio, salas de aula e casas para os professores.
![Figura 137 – Outro ângulo aéreo da escola Sindical de Bernau, onde se pode notar as três chaminés junto da entrada. Fonte: Wikiarquitectura [416].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig137-trade_union_school_9.jpg?w=595&h=534)
Figura 137 – Outro ângulo aéreo da escola Sindical de Bernau, onde se pode notar as três chaminés junto da entrada. Fonte: Wikiarquitectura [416].
![Figura 138 – Vista de parte dos corredores da Escola Sindical de Bernau. Fonte: Fonte: The City as a Project [415].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig138-borra10_bernau-school-exteriored.jpg?w=595&h=207)
Figura 138 – Vista de parte dos corredores da Escola Sindical de Bernau. Fonte: Fonte: The City as a Project [415].
Atualmente, a associação Bauhaus Denkmal Bundesschule Bernau (algo como Monumento Bauhaus da Escola Federal de Bernau) cuida do local, realiza pequenos cursos e seminários na área da arquitetura, além de visitas guiadas. Mais detalhes sobre a Escola Sindical de Bernau nas referências [416] e [417].
Voltando à Bauhaus-Dessau: Meyer implementa diversas reformas, com objetivo de incrementar a produção em massa. Unifica os ateliês de metal, marcenaria e pintura mural, para que produzam dentro do espírito dos bens domésticos populares. Foco nos bens que levam em consideração as necessidades, não nas formas e cores básicas. Ênfase na marcenaria, de onde saem muitos móveis dobráveis, com estruturas leves (como os pés das cadeiras, que de maciços passam a ser em L de 2 ripas). São celebrados acordos de produção com diversos fabricantes, para os mais variados produtos (móveis, tecidos, papéis de parede, abajures e luminárias, etc.). Como exemplo, o acordo com o fabricante de abajures Kandem (Körting e Mathiesen), em colaboração com os designers Marianne Brandt e Him Bredendieck.
Nesta época, prega-se na Bauhaus que “A forma segue a função”, ou seja, a forma é resultado da funcionalidade do objeto ou do espaço, não do capricho pessoal, nem da tradição histórica. Esta ideia seria traduzida pelos alunos no lema “Menos é mais”. Muitos atribuem este lema a Mies.
Para Hannes Meyer, objetivo da escola é a arquitetura, o bem-estar das pessoas, a harmonização das exigências dos indivíduos e da comunidade. Nos processos de elaboração de projetos, é dada a mesma importância para os critérios sociais e científicos. Alunos aprendem como começar uma avaliação sistemática das necessidades, a partir das quais surgem soluções para construção (formação para a construção).
Meyer aumenta a motivação de trabalho dos estudantes, devido a vários sucessos coletivos, como a escola sindical de Bernau, os apartamentos-modelo do bairro Törten e as cozinhas-protótipo para o Reichsforschungsgeselschaft. Migra da representatividade externa da escola, para um fortalecimento interno do sentimento de coletividade. Dá prioridade aos ideais cooperativos, à padronização, ao equilíbrio harmonioso do indivíduo com a sociedade. É o tempo das obras feitas no anonimato, de modo coletivo. Muitos alunos pagam suas mensalidades com os ganhos obtidos dos trabalhos nas oficinas.
Estudantes formam uma célula comunista e tentam dominar a opinião interna: novos alunos são assediados, de cara, para o partido. Isto causa cisão nos alunos, um grupo apoiado pelos comunistas e outro pelos que não partilhavam desta ideologia. Devido à grande miséria e pobreza desta época (e à simpatia de Meyer), ocorre o crescimento do marxismo dentro da escola.
1929 – Nos EUA, em outubro, ocorre o crash da bolsa de Nova Iorque e inicia-se a maior depressão econômica mundial até então. A Alemanha, com altíssimo desemprego, rejeita o acordo de reparação do pós-guerra (Tratado de Versalhes).
Intensifica-se na Bauhaus a produção em massa de tecidos para decoração (cortinas, estofamento, etc.), além dos papéis de parede com motivos padronizados, não florais, que diminuem o desperdício de colocação. Por serem baratos, mesmo naqueles tempos de carestia, tornam-se o maior sucesso comercial da escola e continuam em produção até hoje (2016). Para fabricá-los, são feitos acordos comerciais com a Gebrüder Rasch (1929) e Polytex (1930). Destacam-se nesta área as tecelãs Otti Berger e Gunta Stölzl.
1930 – Por causa de sua militância política, Hannes Meyer é demitido da Bauhaus e transfere-se para Moscou, onde logo depois é nomeado professor. Na página The Charnel-House [418][419] há uma série de trabalhos realizados por Meyer entre 1930-1936. A saída de Meyer teve muitos apoiadores, desde o burgomestre Fritz Hesse (cargo semelhante a prefeito, no Brasil), passando por Kandinsky, até Gropius.
Eleição após eleição, os nacionais-socialistas continuam a crescer no país (o NSDAP – Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – torna-se o segundo maior partido). Hitler é considerado o führer (guia, com conotação religiosa) da futura Alemanha. Mesmo assim, comunistas obtém votação elevada, evidenciando a polarização entre esquerda e direita e a diminuição das posições de centro.
O arquiteto Luwig Mies van der Rohe torna-se reitor da Bauhaus, de agosto de 1930 até o encerramento da escola, em julho de 1933. Tem como característica elaborar projetos onde o material, a proporção e o espaço são integrados num todo harmonioso.
Entre 1928 e 1930 projeta sua obra prima, a residência do casal Fritz e Greta Tugendhat, em Brno, na República Theca. Hoje denominado Villa Tugendhat [420], é o único prédio que faz parte do Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco, naquele país. Foi na casa Tugendhat que Mies apresentou a cadeira Brno, outro ícone do arquiteto (rever figura 135).
Sua atividade como reitor é marcada pela determinação de não permitir atividades políticas dentro da Bauhaus. Mantém uma atitude de indiferença com as questões sociais da época. Expurga da Bauhaus os apoiadores de Meyer, através de expulsões e novos testes de readmissão. Não transfere para Berlim os professores que pudessem ter tendências esquerdistas (como Joost Schmidt e Alfred Arndt). Muda os estatutos da escola, para não precisar ouvir os alunos e centraliza a autoridade. O Conselho de Mestres é transformado em conferência.
A Bauhaus torna-se uma escola de arquitetura, com poucos ateliês associados. O Vorkurs deixa de ser obrigatório para todos os alunos e o período do curso é reduzido de 9 para 6 semestres. Os certificados de aprendizagem dos ateliês são abolidos e a Bauhaus torna-se uma escola como as outras, com a prática obtida durante o período de férias.
Mies suprime um aspecto fundamental da Bauhaus: a integração da teoria com a prática. Com Mies, triunfa a teoria. Deixam de existir os traços da clara orientação social que caracterizava a Bauhaus dos tempos de Meyer. A Bauhaus, daí em diante, estreita sua visão social, tornando-se mais elitista. Inclusive a cadeira Barcelona já refletia esta orientação (figura 139), pois ela é intencionalmente desconfortável – a pessoa senta-se curvada – e mais adequada como objeto de exposição em salas de espera de corporações. Mies desenvolveu a cadeira Barcelona juntamente com Lilly Reich, para o Pavilhão Alemão da Exposição Internacional de Barcelona, em 1929, na Espanha.
As folhas dos projetos dos alunos de Mies são esboços que “nadam” em folhas brancas, muito diferente dos alunos de Meyer, cujas folhas eram cheias de cálculos e diagramas junto aos desenhos. A época de Meyer é considerada como bauen (construção) e o tempo de Mies é baukunst (arte de construção).Adicionalmente, a Bauhaus deixa de agir como fabricante ou parceira de contratos. Isto impede os estudantes de trabalhar nos ateliês para ganhar seu sustento e pagar os estudos. Os estudantes consideram estas ações como crueldade, ainda mais que as oficinas permanecem fechadas e as mensalidades aumentam significativamente. Com a crise financeira da escola e os cortes orçamentários do governo, além da destinação para o fundo de autoajuda dos alunos de somente 10% dos proventos obtidos pelos licenciamentos, cresce o conflito entre Mies e os estudantes, que exigem o aumento daquele percentual. Mies manda a polícia evacuar a cantina, onde os estudantes pretendiam discutir as propostas e expulsa 15 estudantes.
1931 – A chefe da tecelagem Gunta Stölzl pede demissão e Mies a substitui por Lilly Reich, designer de interiores berlinense, com quem partilhava um atelier desde 1925. O atelier de tecelagem concentra-se daí em diante em design de padrões para a impressão de tecidos e compilação de conjuntos de amostras para empresas, por parte dos estudantes já formados. Uma série de padrões de papel de parede também é utilizada na estampagem de tecidos.
Nazistas de Dessau exigem o fim da Bauhaus, antes mesmo das eleições (“Eliminação imediata de todos os subsídios à Bauhaus, demissão de professores que recebem altos salários, vindos dos impostos de uma nação esfomeada”). Vencem em Dessau, mas não conseguem aprovar nenhuma moção contra a escola, até agosto de 1932, quando atingem seu intento.
1932 – No encerramento da escola em Dessau, os mestres recorrem, por causa dos inúmeros contratos existentes. É firmado acordo no qual a cidade de Dessau aceita continuar a pagar os salários, de modo que a Bauhaus consegue manter o mobiliário e os bens, a título de empréstimo. Agora a Bauhaus é uma escola privada e todos os direitos e acordos de licença são repassados ao último reitor (Mies). Com estes recursos, mais as taxas de licenças dos produtos e as mensalidades dos alunos, Mies leva a escola para Berlim. Inicialmente, ele aluga em seu próprio nome uma fábrica desativada de telefones.
Faz mudanças no curso, dirigindo-o ainda mais para a arquitetura, pois deseja formar alunos que dominem desde o planejamento urbano até a decoração de interiores.
1933 – Hitler é nomeado chanceler da Alemanha e a pressão dos nazistas pelo fechamento da Bauhaus aumenta. O Ministério Público de Dessau envia um procurador da República para encontrar provas que mostrem a Bauhaus ser uma escola bolchevique, de modo a poder incriminar o burgomestre Hesse, que a fomentara.
Em 11 de abril de 1933, a Bauhaus é submetida a uma inspeção e lacrada pela Gestapo. Os jornais mostram inúmeras fotografias, indicando que a imprensa fora avisada previamente.
Nos meses seguintes, Mies e seus alunos tentam vários contatos com as autoridades para que reabram a escola. Mas não se sabe quem é o principal responsável pela ação da Gestapo, pois uma autoridade passa a responsabilidade para outra. Provavelmente estiveram envolvidos nesta ação quatro departamentos: a polícia secreta (Gestapo), o ministro da cultura (Bernhard Rust e o conselheiro Winfried Wendland), o Conselho da Escola Provincial e Rosenberg, líder da “Kampfbund für deutsche Kultur”, associação que lutava pela “cultura alemã” e era o centro decisório da cultura do nazismo. Estudantes escrevem até para Goebbels, ministro da Informação Pública e de Propaganda.
Antes que estas tentativas de reabrir a Bauhaus resultem em algo, entra em vigor uma nova lei que coloca todas as escolas privadas sob a jurisdição do Conselho Provincial Escolar, que permite ao novo poder instituído aplicar a lei de “Restauração do Funcionalismo de Carreira” e exigir dos que ali trabalham, provas de antecedentes arianos.
Mies recebe da Gestapo e do Ministério da Cultura condições muito parecidas para manter a Bauhaus aberta: demissão de Kandinsky e Hilberseimer, expulsão dos judeus, associação dos professores ao partido nazista, existência de um plano de orientação nacional-socialista (esta última, exigência da Gestapo).
A lei de “Restauração do Funcionalismo de Carreira” de Dessau, que entra em vigor em abril de 1933, é aplicada para não pagar os salários dos professores. Sem as mensalidades dos alunos e com as receitas das licenças decaindo (várias empresas tinham encerrado seus contratos com a Bauhaus), as dificuldades são cada vez maiores.
Em 19 de julho de 1933, após o conselheiro Wendland divulgar as condições de reabertura, Mies van der Rohe reúne-se com os mestres, explica a situação financeira e política e as condições existentes para reabrir a escola e propõe a dissolução da Bauhaus. O fechamento é aprovado por todos os presentes e representa o último exercício de liberdade intelectual de escolha.
A influência do estilo moderno, despojado e racionalista da Bauhaus ampliou-se com o fechamento da escola, pois os alunos e professores emigraram para diversos países, para escapar das perseguições políticas. Nestes locais, fundaram novas escolas e propagaram o movimento vanguardista.
A Bauhaus após 1933
Após a Bauhaus sair de Dessau, os nazistas usaram os prédios, por algum tempo, como centro de treinamento (figura 140). Depois da 2a Guerra, com a separação da Alemanha, Dessau e Weimar ficaram no lado soviético. No final de 1945, Fritz Hesse foi reintegrado como prefeito de Dessau e tomou medidas para salvaguardar os prédios da Bauhaus, muito danificados pelas bombas (figura 141). Na época, foi feita uma reforma provisória.
Hubert Hoffmann formou um grupo com ex-colegas da escola, que ficou conhecido como Planungsgemeinschaft Bauhaus (Planejamento Coletivo Bauhaus), que participou de inúmeras competições de arquitetura, entre 1946 e 1948. Hesse atribuiu a Hoffmann a tarefa de reabrir a escola, mas os socialistas no poder da Alemanha Oriental julgaram a escola Bauhaus muito elitista e a ideia não prosperou.
Em 1974, a Bauhaus-Dessau foi designada monumento protegido e em 1976 passou por ampla reforma.
![Figura 140 – Prédios da Bauhaus-Dessau durante o domínio nazista, atentar para o nome Bauhaus, suprimido da fachada. Fonte: Nadinechicken [422].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig140-bauhaus-dessau-1930ed.jpg?w=595&h=415)
Figura 140 – Prédios da Bauhaus-Dessau durante o domínio nazista, atentar para o nome Bauhaus, suprimido da fachada. Fonte: Nadinechicken [422].
![Figura 141 – Prédios chamuscados da Bauhaus-Dessau, vítimas da 2a Guerra Mundial. Fonte: The Charnel-House [423].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig141-bauhaus-dessau-derelict.jpg?w=595&h=442)
Figura 141 – Prédios chamuscados da Bauhaus-Dessau, vítimas da 2a Guerra Mundial. Fonte: The Charnel-House [423].
Em Weimar, está a Universidade Bauhaus (Bauhaus-Universität Weimar), com cerca de 40 cursos nas áreas de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Arte, Design e Mídia [394]. No berço da Bauhaus, todos os edifícios foram incorporados, em 1996, ao Patrimônio Cultural da Humanidade da UNESCO: prédio principal projetado por Henry van den Velde (rever figura 122), o prédio pequeno de van den Velde, a Haus am Horn de Gropius, o estúdio/café Brendel e a oficina de cerâmica em Dornburg.
Em Dessau, os prédios da Bauhaus e as casas dos mestres tornaram-se, também em 1996, parte do Patrimônio Cultural da Humanidade da UNESCO (figura 142). A partir daquele ano, foi iniciada mais uma grande reforma, que prolongou-se até 2006 (alguns prédios foram reconstruídos). A Fundação Bauhaus Dessau, sucessora da Wissenschaftlich-kulturelle Zentrun Bauhaus Dessau (WKZ) desde 1994, é um centro acadêmico e científico voltado para questões urbanas, que administra o local, organiza as exposições e a visitação aos prédios [424]. Em 2015, a fundação fez uma competição arquitetônica mundial para construir o Museu Bauhaus em Berlim, que será aberto em 2019, como parte das comemorações do centenário da escola. O ganhador foi o arquiteto espanhol Gonzalez Hinz Zabala [425].
Em Berlim, num prédio criado em 1964 por Gropius (figura 143), fica o Arquivo Bauhaus (Bauhaus-Archiv/Museum für Gestaltung), um centro de documentação que apresenta a história e a influência da Bauhaus, através de exposições temáticas e contemporâneas. Dispõe da maior coleção de arte, design e literatura relacionada à escola [426].
![Figura 142 – Bauhaus-Dessau, aparência do prédio na atualidade. Fonte: Bauhaus Dessau Foundation [427].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig142-startbild_bhd_bauhausdessau__ds_7178_1641449730ed.jpg?w=595&h=397)
Figura 142 – Bauhaus-Dessau, aparência do prédio na atualidade. Fonte: Bauhaus Dessau Foundation [427].
![Figura 143 – Bauhaus-Archiv de Berlim, prédio projetado em 1964 por Walter Gropius. Fonte: Karsten Hintz, Sofitel Berlin Kurfürstendamm [428].](https://dicasdozebio.files.wordpress.com/2016/08/fig143-1_building_hintz_300dpi-1024x776.jpg?w=595&h=451)
Figura 143 – Bauhaus-Archiv de Berlim, prédio projetado em 1964 por Walter Gropius. Fonte: Karsten Hintz, Sofitel Berlin Kurfürstendamm [428].
Alunos da Bauhaus, como Alfred Arndt, Alfredo Bortoluzzi, Alma Siedhoff-Buscher, Andreas Feininger, Annelise Albers, Benita Koch-Otte, Edmund Collein, Egon Riss, Erich Consemüller, Ernst Neufert, Farkas Molnár, Franz Ehrlich, Fried Dicker, Gertrud Arndt, Grete Stern, Gunta Stölzl, Hans Fischli, Heinrich Clasing, Heinrich-Siegfried Bohrmann, Herbert Bayer, Herbert von Arend, Hinnerk Scheper, Horacio Coppola, Ilse Fehling, Irena Blühová, Isaak Butkow, Josef Albers, Josef Hartwig, Karl Peter Röhl, Lis Beyer-Volger, Lotte Beese, Lou Scheper-Berkenkamp, Ludwig Hirschfeld Mack, Marcel Breuer, Marianne Brandt, Maria Rasch, Margaretha Reichardt, Mart Stam, Max Bill, Moses Bahelfer, Peter Keler, Ré Soupault (Meta Erna Niemeyer), Selman Selmanagić, Theodor Bogler, T. Lux Feininger, Wera Meyer-Waldeck, Willhelm Wagenfeld, dentre tantos outros, encheram o mundo de novas ideias. Alguns deles revolucionaram o design e a arquitetura do século XX.
E desenvolveram suas potencialidades porque tiveram mestres como Christian Dell, Lásló Moholy-Nagy, Lyonell Feininger, Gerhard Marcks, Georg Muche, Gertrud Grunow, Hannes Meyer, Johannes Itten, Joost Schmidt, Karla Grosch, Lothar Schreyer, Ludwig Karl Hilberseimer, Ludwig Mies van der Rohe, Paul Klee, Oskar Schlemmer, Walter Peterhans, Wassily Kandinsky e o próprio Walter Gropius.
Durante os 14 anos de existência, a Bauhaus formou mais de 1250 alunos, provenientes de 29 países. Alguns deles continuaram, depois, lecionando na própria escola. Pode-se consultar muitos outros alunos, mestres, amigos e familiares na página da Bauhaus Dessau Foundation [429], que organiza os eventos para o centenário da escola, em 2019.
Objetos clássicos
Vários itens produzidos na Bauhaus tornaram-se clássicos, como as cadeiras vistas anteriormente (figuras 129, 133, 134, 135 e 139). Na área da iluminação, o abajur mais simbólico da Bauhaus – criação de Karl J. Jucker e Wilhelm Wagenfeld, versão final deste último -, com base e corpo de metal ou vidro (figura 144), foi patenteado e é produzido até hoje. Incrivelmente, este abajur ganhou em 1982 o prêmio de design “Gute Form” (Boa Forma). Alguém diria que estes objetos foram criados há quase 100 anos?
Atualmente, a sociedade de consumo abandonou aqueles edificantes princípios da Bauhaus. Pois valoriza-se de tal modo a aparência, que ela vale por si mesma. A cadeira Barcelona (figura 139), por exemplo, chega a custar 5600 dólares [421]. Até mesmo a loja da Bauhaus [430] cobra altos preços por seus itens, como o abajur da figura 144, que custa 439 Euros (algo em torno de R$1.500,00, em agosto de 2016). São valores que estão além do razoável, mesmo considerando os melhores materiais e técnicas para produzi-los.A palavra Bauhaus, hoje, além de sintetizar um estilo, é sinônimo de status e de artigos de luxo. Esta última é uma característica que certamente revoltaria os fundadores da escola, que viveram os horrores e as dificuldades decorrentes das guerras.
Para conhecer mais sobre a Bauhaus, as referências [394] a [446] tem bastante material para consulta. Uma excelente página é o Atlas Bauhaus, mantido pela Bauhaus de Berlim [446], que detalha de modo visual os acontecimentos de cada ano e as pessoas que passaram por lá. Vale a pena olhar, mesmo que seja tudo em inglês, pois os textos são bem curtos e não usam vocabulário rebuscado. Agora – agosto de 2016 – eles mudaram as páginas, pois já começaram os preparativos para as comemorações dos 100 anos da escola, em 2019.
Exemplo de durabilidade
Nestes tempos de consumismo desenfreado e descartes irracionais, trago, como curiosidade, uma lâmpada incandescente, de filamento de carvão, que está ligada há mais de um século (desde 1901), sem queimar. Ela está instalada no posto de bombeiros número 6, na cidade de Livermore, Califórnia, Estados Unidos (figura 145). Foi fabricada pela Shelby Electric Co. [448][449] (de Shelby, Ohio), que foi fundada pelo engenheiro e inventor francês Adolphe Alexander Chaillet e por John Chamberlain Fish. A empresa não conseguiu competir com os novos desenvolvimentos das incandescentes na década de 1910 (como o filamento de tungstênio) e foi adquirida em 1914 pela General Electric.
A patente da lâmpada Shelby não informa exatamente qual é o material utilizado na confecção do filamento. Sabe-se que é de carbono, mais grosso que os seus concorrentes à época, brilha mais que aqueles e não queima. O fabricante informava que esta lâmpada era 20% mais econômica que as concorrentes e durava 30% mais [448]. A instalação em local estável, sem vibrações ou ventos, as curvas suaves do filamento, a ligação contínua, sem desligamentos, além da tensão de trabalho da lâmpada ser maior que a da rede elétrica, podem ter ajudado na grande durabilidade. A lâmpada dispõe de um monitoramento online 24 horas [449] e desde que foi instalado o sistema, a câmera já foi trocada 3 vezes…Em 2011, durante uma reforma na antiga casa de Chaillet, criador da lâmpada, foi encontrado um raro exemplar numa cavidade da parede (Shelby “Y-Ray”, fabricada entre 1899 e 1901), que ao ligar funcionou perfeitamente [450].
Para comparação, qualquer moderna lâmpada com circuito eletrônico, seja LED ou fluorescente, dificilmente funcionaria depois de 100 anos de repouso. Eu diria que seria impossível funcionar – se for um modelo doméstico – devido às imensas possibilidades de envelhecimento e oxidação interna de seus componentes, além da sensibilidade típica dos semicondutores à radiação cósmica.
A lâmpada Shelby inspirou um empresário espanhol, que desenvolveu (e vende) uma lâmpada econômica, reparável e de grande durabilidade. Segundo o dono da OEP Electrics [451], Benito Muros, que é contra a obsolescência programada, sua lâmpada poderá durar 100 anos.
O blog português Vice [452] entrevistou o empresário e ali ficamos sabendo que a lâmpada não é incomum, pois funciona com LEDs. A diferença é o circuito de alimentação, que foi pensado para ter longa vida útil e pode ser consertado.
Qual a durabilidade aceitável?
Vimos que produtos bem pensados podem se perpetuar, como é o caso do formato da lâmpada incandescente ou das obras da Bauhaus e da Thonet. A síntese que seus criadores conseguiram entre aparência e praticidade, aliados a um preço justo (ao menos inicialmente), é o que ajudou a popularizá-los.
Também sabemos que a indústria, se quiser, pode fabricar produtos duráveis, pois já os fazia no passado e ainda os faz, para ela própria e para os militares. E também podem planejar a durabilidade, como ilustra o caso do cartel Phoebus.
Considero plenamente viável de produzir um aparelho eletrônico qualquer, capaz de durar décadas, apenas trocando determinadas peças, sujeitas a algum tipo de desgaste. Tenho vários equipamentos que construí e que estão ativos há 20, 30 anos. O ponto crucial destes aparelhos é que nenhum componente eletrônico aquece em demasia, nem é utilizado muito próximo de seus limites de corrente e tensão, nem fica exposto a descargas elétricas.
Por outro lado, não é estranho que justamente quando a robotização das linhas de montagem traz a possibilidade de fabricar produtos de excelente qualidade e baratos, estejamos assistindo a um movimento contrário, em direção ao descarte irresponsável, travestido de “mais moderno, bonito, eficiente e ecológico”?
E mais: para alguns materiais, como certos plásticos, inverteu-se o conceito de durabilidade, pois a decomposição deles é “benéfica” para a natureza. Os produtos terão, cada vez mais, uma duração limitada pela tecnologia, levando a indústria a produzir incessantemente, com a nossa complacência.
Optou-se pela produção em massa de produtos baratos (nem tanto, também) e pouco duráveis, associados a um modelo perverso de obsolescência.
Os objetos usados não tem mais valor de revenda, o que descapitaliza os consumidores (por ficarem sempre comprando, ansiosos) e enche os bolsos da indústria.
Na questão da vida útil, vimos que a certificação é uma forma de equilibrar o jogo de forças entre os fabricantes e os consumidores, pois exige produtos com um nível mínimo de qualidade.
Talvez seja o caminho que tenhamos que trilhar daqui para frente, exigindo certificação de qualquer produto fabricado em massa, porque o lixo que estamos produzindo atualmente é escandaloso.
Para finalizar, trago dois modos diferentes de encarar a produção industrial. Apesar das empresas fabricarem coisas completamente diferentes, o comportamento delas traduz de modo claro e límpido o seu perfil.
A Osram [453], com a intenção de ganhar força no mercado de lâmpadas LED, informou que para reduzir o preço de determinada linha de lâmpadas LED, encurtou pela metade a vida útil, para 11 mil horas. É interessante que esta lâmpada não atinge os requisitos mínimos de durabilidade exigidos no Brasil (25 mil horas), portanto ela não seria certificada aqui.
Por sua vez, a Toyota [454] fabrica, além de automóveis, paleteiras, cujo chassis tem garantia de 99 anos para o modelo manual. A bomba e a válvula de pressão tem garantia de 5 anos (os concorrentes dão 6 meses). Este comportamento reflete outra visão: produtos de longa durabilidade, com menor geração de lixo e um preço que, mesmo mais alto inicialmente, é amortizado rapidamente. Amortização é o tempo em que o produto se paga, pelo benefício que produz.
FIM da PARTE 2.
Prelúdio da terceira parte
Veremos diversos tipos de fontes de alimentação que podem energizar os LEDs em CC ou CA. Também será abordado um importante efeito luminoso, que influencia a saúde de todos e que tem relação direta com a qualidade da fonte de alimentação: a cintilação.
FILAMENTO LED – Conheça e compare – Parte 1
FILAMENTO LED – Conheça e compare – Parte 3
REFERÊNCIAS da PARTE 2 (para acessar a parte 1 das referências clique aqui)
Porque bulbos de vidro para os filamentos LED
[158] Mini In The Box – ON Lâmpada redonda E26/E27 8W LM 2800-3200K Branco Quente COB AC 220-240V – http://www.miniinthebox.com/pt/em-a60-e27-8xcob-8w-800lm-2800-3000k-luz-branca-quente-levou-lampada-de-incandescencia-ac220v_p2639116.html
[158a] Prakash – Learn on lights – http://www.prakash-group.com/pages/downloads_learn.html
[159] TSA – The Sourcing Agent – Blog – Filament LED – The most popular LED bulb now – http://www.thesourcingagent.com/blog/
[160] UNESCO – 2015 – O ano internacional da luz – http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/prizes-and-celebrations/2015-international-year-of-light/
[161] Olimpíada Brasileira de Física – Tema: A luz na vida e na ciência – http://www.sbfisica.org.br/v1/olimpiada/2014/
Montagem das lâmpadas de filamento LED
[162] Furiled – LED filament lamp driving power analysis – http://www.furiled.com/news/214.html
[163] Arteleta – LYVIA – Lampade Filamento LED – http://www.arteleta.it/it/prodotti/led_residenziali/lampade_e_sistemi_led/lampade_filamento_led
[164] CristalLED Lighting – http://www.crystal-led.com/pt/
[165] Hawksky Group – Products – http://hawkskyled.en.ec21.com/Products–8955922.html
Os primeiros bulbos de filamentos LED
[166] Nikkei Technology – Ushio Lighting releases light bulbs with LED filaments – http://techon.nikkeibp.co.jp/english/NEWS_EN/20090106/163635/
[167] LED Next Stage – Lighting Fair 2009 review –
https://messe.nikkei.co.jp/en/ld/column/36753.html
[168] USHIO – U-LED LED decorative and A19 lamps – http://ushio.com/products/generallighting/led-uled.php
[169] Desingning With LEDs – Margery Conner – Novel LED packaging adds filamentos retro bulbs – http://www.designingwithleds.com/novel-led-packaging-adds-filaments-retro-bulbs/
[170] Lighting Gazette – Blog Acrchives – 22 May – https://lightinggazette.wordpress.com/tag/light-emitting-diode/
[171] E-Journal USA – Embaixada Americana – O universo cada vez maior do Energy Star – http://www.embaixadaamericana.org.br/HTML/ijge0409p/hogan.htm
[172] All LED Lighting – Keith Dawson – LED filament bulbs –
http://www.allledlighting.com/author.asp?section_id=560&doc_id=563579
[173] Technet – 2013 – Na Pražském hradě se rozsvítilo. Zapnuli 10 tisíc nových LED žárovek
Zdroj – http://technet.idnes.cz/prazsky-hrad-zarovky-panasonic-d3h-/tec_technika.aspx?c=A130605_144649_tec_technika_nyv
[174] Lighting Gallery.net – Panasonic Nostalgic LED lamp – http://www.lighting-gallery.net/gallery/displayimage.php?album=2866&pos=15&pid=109385
[175] Applause – LED 1962-2012 – Good Design Gold Award 2011 Japan –
http://designapplause.com/whats-hot/light-emitting-diode-1962-2012/30156/
[176] Panasonic Newsroom Global – Panasonic ‘Nostalgic Clear’ LED bulb recognised with iF Gold Produt Design Awars for second year running – http://news.panasonic.com/global/topics/2013/15496.html
[177] Panasonic Newsroom Global – Panasonic’s LED light bulb wins IDEA Gold Award in the U.S. – http://news.panasonic.com/press/news/official.data/data.dir/en120702-5/en120702-5.html
[178] Channel Panasonic – The nostalgic glow of LEDs shines at the Prague Castle, a World Heritage site (1/3)[Panasonic] – http://channel.panasonic.com/contents/11108/
[179] Youtube – Channel Panasonic – The nostalgic glow of LEDs shines at the Prague Castle, a World Heritage site (1/3)[Panasonic] – https://www.youtube.com/watch?v=QNLXykXOycA
[180] Youtube – Channel Panasonic – The nostalgic glow of LEDs shines at the Prague Castle, a World Heritage site (2/3)[Panasonic] – https://www.youtube.com/watch?v=yhiQ62CBm_E
[181] Youtube – Channel Panasonic – The nostalgic glow of LEDs shines at the Prague Castle, a World Heritage site (3/3)[Panasonic] – https://www.youtube.com/watch?v=hbXslAHlywI
[182] Panasonic Channel – New line-up unveil at Prague Castel pushes LED light bulb business into high gear in Europe – https://www.youtube.com/watch?v=ceicgu7pDTE
[183] Panasonic NL – LED lamp, Nostalgic Clear type – https://www.panasonic.com/nl/consumer/led-verlichting/professionele-led-lampen/ldahv6l27cge.html
[184] Neway LED Light – Big angle LED bulb – http://www.newayledlight.com/large-angle-4w-led-bulb-replacement-conventional-filament-light-bulb-supplier.html
[185] Channel Panasonic – Panasonic’s LED light bulbs recreate the warm nostalgic qlow popular in Europe – http://channel.panasonic.com/contents/10119/
[186] Youtube – Channel Panasonic – Panasonic casts a warm glow over World Heritage sites -The State Hermitage Museum – https://www.youtube.com/watch?v=325JtnQu2-M
[187] Youtube – Channel Panasonic – Panasonic casts a warm glow over World Heritage sites – Prague Castle – https://www.youtube.com/watch?v=AQUHJagNLok
Fabricantes de filamentos LED
[188] Atecom – LED filament – http://www.atecom.com.tw/product-info.php?id=87
[189] Dhgate – 360 degree filament LED, factory price filament, LED filament for bulb – http://www.dhgate.com/product/360-degree-filament-led-factory-price-filament/230750145.html
[190] Edison Opto – Datasheet Filament LED 0.8W series – http://www.edison-opto.com/en/product/filament_0.8w
[191] ENGLED – LED filament – http://www.engled.com/en/index.asp
[192] Honglitronic – Filament LED Datasheet –
http://en.honglitronic.com/en/product/productShow.aspx?id=100000051998437&i=100000010779126
[193] Ningbo SOL-LED Lighting – 2014 new 360 degree 0,8W 100-120lm LED filament – LM-80 + Energy Star – http://sol-led.en.alibaba.com/product/60045736770-220820995/2014_New_360_degree_0_8W_100_120lm_LED_Filament.html
[194] OSRAM – Flyer Soleriq L 38 – http://www.osram-os.com/media/resource/HIRES/642678/314002/flyer-soleriq-l-38-gb.pdf
[195] Plessey Semiconductors – Media release – Plessey launches range of LED filamentos with its MaGIC die – http://www.plesseysemiconductors.com/news-plessey-semiconductors.php
[196] Runlite – LED filament – LM-80 – http://www.runlite.cn/en/product-detail-145.html
[197] Z-Light – LED filament – http://www.z-light.com.cn/d/file/product/newseries/dengsi/20140217/105lmZR39WWV5C21001.pdf
[198] Lightnow – Blog sobre iluminação – Fabricantes nacionais de LEDs – http://www.lightingnow.com.br/#
Outros modelos de filamentos LED
[199] SIMlighting – Home – http://www.filamentled.com/ ou http://www.simlighting.com/
[200] G-Mark – 2015 Good Design Best 100 – http://www.g-mark.org/activity/2015/best100.html
[201] LeDiamond – Products LeTesla – http://lediamond-opto.com/site/en/products.html
[202] LEDline – Home – http://www.ledline.pl/en/
[203] SMD-LED – Żarówka LED E27 230V 4W filament C-K LedLine® – biała ciepła – http://www.smd-led.pl/zarowki_led_e27.php?pro_id=1042
[204] Ledcantecnologia – – Filamento LED na Espanha, 8,96 Euros, tipo LEDIAMOND – boa foto
http://www.ledcantecnologia.com/LED-FILAMENTO-E-14-3W-2800K-330LM
[205] Edison Light Globes – http://edisonlightglobes.com/
[206] Dongguan Bofa Lighting – Página inicial – http://www.dgbflighting.com/
[207] Dongguan Bofa Lighting – Página inicial – http://www.bf-lighting.com/
[208] Bulbrite – Página inicial – http://www.bulbrite.com/
[209] Edison Light Globes – A165 E40 Filament LED – http://edisonlightglobes.com/Shop/shop/globes/240-v-globes/edison-e40-a165-9w-dimmable-filament-led-goliath/
[210] Edison Light Globes – 240V LED –
http://edisonlightglobes.com/Shop/product-category/globes/led-globes/
[211] Alibaba – LED Lighting one-stop – AC220-240V 8W lâmpada tubo filamento LED – http://pt.aliexpress.com/item/AC220-240V-8W-led-filament-bulb-t30-style-e26-e27-base-led-t30-filament-tube-lamp/32404476486.html
A torcida contra + O empurrão que faltava aos filamentos LED
[212] LED Inside – LED filament bulbs develompent barred by safety issues – http://www.ledinside.com/news/2014/9/led_filament_bulbs_development_barred_by_safety_issues
[213] Cool Products – Test Report – Clear, Non-Directional Lamps – http://www.coolproducts.eu/resources/documents/2014-ALL/Clear-LED-lamps-report.pdf
[214] EuP-Netswerk – Review Study on the stage 6 requirements of Commission Regulation (EC) No 244/2009 – Final Report – http://www.eup-network.de/fileadmin/user_upload/Technical_Review_Study_by_VHK_VITO.pdf?PHPSESSID=a60a9114e01af59471374f5814656e0c
[215] VHK Research & Development – Highlights – http://www.vhk.nl/
[216] VITO – About Vito – https://vito.be/en/about-vito
[217] European Commission – ENER/DG Energy – https://ec.europa.eu/energy/
[218] Eur-lex – Official Journal of European Union – Commision Regulation (EC) No. 244/2009 – http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2009:076:0003:0016:en:PDF
[219] ECEEE – CLASP and ECEEE comments following consultant fórum meeting 25 november 2013 regarding stage 6 of Regulation EC No. 244/2009 – http://www.eceee.org/ecodesign/products/domestic_lighting/CLASP%20and%20eceee%20comments%20on%20the%20Commissions%20proposals%20regarding%20Stage%206….pdf
[220] LightingEurope – LightingReport concludes the “Test Report – Clear, Non-Directional Lamps” is flawed – http://www.lightingeurope.org/uploads/files/LightingEurope_finds_flaws_in_CLASP_report.pdf
[221] Youtube – Farmradio – Unexpected LED bulb repair – https://www.youtube.com/watch?v=KsThKwq3IFI
[222] R3UK – Repairing a LED energy saving bulb – http://www.r3uk.com/index.php/tech-tips/37-hardware/102-repairing-a-led-energy-saving-bulb
[223] Instructables – Replacement of defective capacitor in E27 LED bulb – http://www.instructables.com/id/Replacement-of-Defective-Capacitor-in-E27-LED-Bulb/?ALLSTEPS
[224] Schneor Design – Repair/fix LED bulb – http://www.schneordesign.com/Avi/led/led_fix1.htm
A certificação das lâmpadas LED
[225] Eletrobrás – Legislação – Portaria Interministerial 1.877, de 30 de dezembro de 1985 – Criação do PROCEL – http://www.eletrobras.com/pci/main.asp?View={00CBB9B2-08CD-4FB8-AA3F-D01DA84BBE6D}&Team=¶ms=itemID={54BF1353-7F99-4C31-9633-BF639F5F1EEB};&UIPartUID={D90F22DB-05D4-4644-A8F2-FAD4803C8898}
[226] INMETRO – Portaria n°144, de 13 de março de 2015 – http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002235.pdf
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/detalhe.asp?seq_classe=1&seq_ato=2235
[227] INMETRO – Portaria n°389, de 25 de agosto de 2014 – http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002154.pdf
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/detalhe.asp?seq_classe=1&seq_ato=2154
[228] INMETRO – Portaria n°143, de 13 de março de 2015 – http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002234.pdf
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/detalhe.asp?seq_classe=1&seq_ato=2234
[229] INMETRO – Portaria 489, de 08 de dezembro de 2010 – http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001644.pdf
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/detalhe.asp?seq_classe=1&seq_ato=1644
O que a certificação exige das lâmpadas LED
[230] Exper Solution – Juliana Iwashita Kawasaki – Compatibilidade eletromagnética em lâmpadas de LED – http://www.expersolution.com.br/#!Compatibilidade-eletromagnética-em-lâmpadas-de-led/c80m/565f1d170cf212bd6be2c6d7
[231] Procel – Equipamentos certificados com selo Procel – http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View=%7BB70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA%7D
[232] Procel – Lâmpadas LED certificadas – http://www.procelinfo.com.br/services/DocumentManagement/FileDownload.EZTSvc.asp?DocumentID={A1F6D693-816F-4122-851A-ED412070BEC3}&ServiceInstUID={46764F02-4164-4748-9A41-C8E7309F80E1}
[233] Exper Solution – Juliana Iwashita Kawasaki – Iluminação Eficiente – http://www.expersolution.com.br/#!Avalia%C3%A7%C3%A3o-de-desempenho-de-LEDs-pela-LM80-e-LM79/c80m/557628a80cf2e4994fb949cc
[234] Light Laboratory – ISTMT – http://www.lightlaboratory.com/in_situ.html
[235] Light Laboratory – TM-21 testing – http://www.lightlaboratory.com/tm_21.html
[236] Light Laboratory – LM-79 testing – http://www.lightlaboratory.com/lm_79.html
[237] Light Laboratory – Undestanding IES LM-79 & IES LM-80 – http://www.lightlaboratory.com/pdf/lm79_80understanding.pdf
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O fim das lâmpadas incandescentes
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[303] Planalto – Decreto 99.656, de 26 de outrubro de 1990 – Criação da CICE – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D99656.htm
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[305] CONPET – Institucional – http://www.conpet.gov.br/portal/conpet/pt_br/conteudo-gerais/conpet.shtml
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[308] Planalto – Decreto de 8 de dezembro de 1993 – Criação do Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/Anterior%20a%202000/1993/Dnn1927.htm
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As origens do combate à iluminação ineficiente
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[363] Planalto – Decreto 5.163, de 30 de julho de 2004 – Trata das regras gerais de comercialização de energia elétrica – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5163.HTM
[364] ANEEL – Aneel amplia possibilidades para micro e minigeração distribuída – http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/Output_Noticias.cfm?Identidade=8955&id_area=90
[365] ANEEL – Caderno temático – Micro e minigeração distribuída – http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/Output_Noticias.cfm?Identidade=8955&id_area=90
O Cartel Phoebus
[366] IEEE Spectrum – The great lightbulb conspiracy – http://spectrum.ieee.org/geek-life/history/the-great-lightbulb-conspiracy
[367] Greenwashing Lamps – The lightbulb conspiracies – https://greenwashinglamps.wordpress.com/2012/07/27/the-lightbulb-conspiracies/
[368] Osram – 100 years of Osram – http://www.osram.com/media/resource/HIRES/334233/2591693/History—100-years-of-OSRAM.pdf
[369] Tungsram – The history of Tungsram 1896-1945 – http://mek.oszk.hu/08800/08856/08856.pdf
[370] GE Lighting – The history of Tungsram – http://www.gelighting.com/LightingWeb/tungsram_en/images/Tungsram_History_-_Press_Release_EN_tcm582-87026.pdf
[371] Transparentsound – Brand History – Vintage transistors & diodes – http://www.transparentsound.com/transistors/vintage-transistors/brand-history/brand-history.htm
[372] Edison Tech Center – The Fluorescent Lamp – http://www.edisontechcenter.org/Fluorescent.html
[373] Wikipedia – Incandescent light bulb – https://en.wikipedia.org/wiki/Incandescent_light_bulb
[374] Wikipedia – Phoebus Cartel – https://en.wikipedia.org/wiki/Phoebus_cartel
[375] Multinational Monitor – Coops: A Developing Alternative – Cracking the cartel – http://www.multinationalmonitor.org/hyper/issues/1985/1031/mokhiber.html
[376] ParadigMatrix – O cartel Phoebus http://paradigmatrix.net/sociedade/conspiracoes/obsolescencia-programada/o-cartel-phoebus/
[377] CQ Researcher – Consumer’s cooperation in european countries – http://library.cqpress.com/cqresearcher/document.php?id=cqresrre1936080700
[378] Universität Erfurt – General Electric Acquires and Restructures Tungsram of Hungary – https://www.uni-erfurt.de/uni/google/treffer/?cx=014376730245706404880%3Ackllhpuw1lq&cof=FORID%3A11&ie=UTF-8&q=tungsram&sa=
https://www.uni-erfurt.de/fileadmin/public-doc/Organisationstheorie/Tungsram.doc
[379] Free Patents Online – Coiled Filament Incandescent Lamp – http://www.freepatentsonline.com/1637034.pdf
[380] Google Patents – Burnie Lee Benbow – Filament (coiled Coil Filament) – https://www.google.com.ar/patents/US1247068
[381] Northwestern – Pritzker – School of Law – Inventing around Edison’s incandescent lamp patent: evidence of patents’ role in stimulating downstream development – https://www.law.northwestern.edu/research-faculty/searlecenter/workingpapers/documents/Katznelson_Howells_Inventing_around_Edisons_patent_V17.pdf
Obsolescência planejada
[382] Obra Social “la Caixa” – Agenda de Actividades – Comprar, tirar, comprar (2010), de Cosima Dannoritzer – http://agenda.obrasocial.lacaixa.es/-/comprar-tirar-comprar
[383] RTVE – Cosima Dannoritzer – Documentário (2010) – Comprar, tirar, comprar (The light bulb conspiracy) – http://www.rtve.es/alacarta/videos/el-documental/documental-comprar-tirar-comprar/1382261/
[384] FILMAMBIENTE – Resultados do Festival Filmambiente 2011 – http://www.filmambiente.com/index.php/153.html
[385] Marketing Directo – “Comprar, tirar, comprar”: el documental de La 2 y RTVE.es vuelve a emitirse em versión extendida – http://www.marketingdirecto.com/marketing-general/tendencias/comprar-tirar-comprar-el-documental-de-la-2-y-rtve-es-vuelve-a-emitirse-en-version-extendida/
[386] Youtube – Documentário “Comprar, tirar, comprar”, de Cosima Dannoritzer, legendas em inglês, mais curto – https://www.youtube.com/watch?v=-1j0XDGIsUg
[387] Freedom Light Bulb – Lightbulb conspiracy documentay by Cosima Dannoritzer – http://freedomlightbulb.blogspot.com/2012/05/lightbulb-conspiracy-documentary-by.html
[388] Frente Civico Somos Mayoría – Documental – https://www.frentecivicosomosmayoria.es/category/documentos/materiales/documental/
[389] Cine Aprendizagem – Filmes para serem usados em sala de aula – http://cineaprendizagem.blogspot.com/2014/01/comprar-jogar-fora-comprar-historia.html
[389] Wikipedia – Planned obsolescence – https://en.wikipedia.org/wiki/Planned_obsolescence
[390] Autolife – David Gartman – The cultural anthagonisms of the engineering and aestethics in automotive history – http://www.autolife.umd.umich.edu/Design/Gartman/D_Casestudy/D_Casestudy1.htm
[391] Murks? Nein Danke! – Bernard London – Ending the depression trough planned obsolescence – http://www.murks-nein-danke.de/blog/download/London_(1932)_Ending_the_depression_through_planned_obsolescence.pdf
http://www.murks-nein-danke.de/blog/
[392] El Periódico – Opinión – Delinquir programando la obsolescencia – http://www.elperiodico.com/es/noticias/opinion/delinquir-programando-obsolescencia-3613539
[393] The Economist – Planned Obsolescence – http://www.economist.com/node/13354332
Bauhaus
[394] Bauhaus-Universität Weimar – https://www.uni-weimar.de/de/universitaet/start/
[395] RP Designer – Formatos de papel, o segredo lucrativo – http://www.rpdesigner.com.br/artigos/desktop-publishing/formatos-de-papel-o-segredo-lucrativo/
[396] UFSM – Elenilton Neukamp – As críticas do professor Nietzsche à educação de seu tempo – http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/012e4.pdf
[397] Deutsche Welle – VKhUTEMAS, a Bauhaus de Moscou é tema de mostra em Berlim – http://www.dw.com/pt/vkhutemas-a-bauhaus-de-moscou-%C3%A9-tema-de-mostra-em-berlim/a-18141327
[398] SENAC SP – Vanessa Mattara, Myrna de Arruda Nascimento – Metodologia de ensino baseada na experimentação pelas escolas Bauhaus e VKhUTEMAS – http://www1.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistainiciacao/wp-content/uploads/2015/06/97_artigo_Iniciacao_ed-vol-5_n1_2015.pdf
[399] USP – Jair Diniz Miguel – Arte, Ensino, Utopia e Revolução – Os Ateliês Artísticos Vkhutemas/Vkhutein (Rússia/URSS, 1920-1930) – http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-02022007-171251/pt-br.php
[400] Bruna Limoli – Neues Bauen – http://brunalimoli.wixsite.com/neuesbauen/as-origens-do-estilo
[401] The Guardian Witness – Berlin’s flat-roofed Hufeisensieldung – a history of cities in 50 buldings, day 16 – https://static.guim.co.uk/sys-images/Guardian/Pix/pictures/2015/4/13/1428920041250/a354ec4e-fda7-4275-b9fd-f55b2d02af22-2060×1236.jpeg
[402] DROSTE, Magdalena. Bauhaus: 1919-1933. Köln: Taschen, 2001. 256 p. (Bauhaus archiv) ISBN 3-8228-6846-9
[403] Clio’s Calendar – April 01: the Bauhaus before the Bauhaus – https://archhistdaily.wordpress.com/2012/04/01/april-1-the-bauhaus-before-the-bauhaus/
[404] Flickr – Bauhaus, Dessau, Germany – https://www.flickr.com/photos/naterobert/4682696561
[405] AKG-images – Dessau, Bauhaus – http://www.akg-images.co.uk/archive/-2UMDHUJF7QAZ.html
[406] Tipógrafos – Herbert Bayer – Apresentação – http://www.tipografos.net/fonts/sturm%20blond%20herbert%20bayer%20apresenta%E7%E3o.pdf
[407] Vitra Design Museum – B3, Wassily – http://www.design-museum.de/en/collection/100-masterpieces/detailseiten/b3wassily-marcel-breuer.html
[408] Classic Design – D4 Armchair – http://en.classic-design24.com/furniture/stuehle-chairs/marcel-breuer-armchair-faltsessel-d4-1927/
[409] Alchetron – Michel Thonet – http://alchetron.com/Michael-Thonet-1120391-W
[410] Gian CR – 3D model chair – Thonet 214 – http://giancr.com/en/thonet-214-to-download/
[411] Thonet – Presse – Historie – http://en.thonet.de/service/presse/historie-214.html
[412] Baushausitaly-Artemobili – Mart Stam chairs – http://www.bauhausitaly.com/bauhaus-furniture/mart-stam+c16.html
[413] Vitra Design Museum – Marcel Breuer, B 64, Cesca – http://www.design-museum.de/en/collection/100-masterpieces/detailseiten/b-64-cesca-marcel-breuer.html
[414] Knoll – Brno Chair – Flat Bar – http://www.knoll.com/product/brno-chair-flat-bar
[415] The City as a Project – Hannes Meyer: Co-op Architecture – http://thecityasaproject.org/2013/05/hannes-meyer-co-op-architecture/
[416] Wikiarquitectura – ADGB Escuela Sindical – https://es.wikiarquitectura.com/index.php/ADGB_Escuela_Sindical
[417] Bauhaus Denkmal Bundesschule Bernau – http://www.bauhaus-denkmal-bernau.de/baudenkmal/bedeutung.html
[418] The Charnel-House – Bauhaus director Hannes Meyer’s adventures in the Soviet Union, 1930-1936 – https://thecharnelhouse.org/2015/08/09/bauhaus-director-hannes-meyers-adventures-in-the-soviet-union-1930-1936/
[419] The Charnel-House – Hannes Meyer, marxist and modernist (1889-1954) – https://thecharnelhouse.org/2013/08/10/hannes-meyer/
[420] Villa Tugendhat – http://www.tugendhat.eu/en/
[421] Knoll – Barcelona Chair – http://www.knoll.com/product/barcelona-chair
[422] Nadinechiken – Bauhaus Dessau derelict –
https://nadinechicken.files.wordpress.com/2012/01/bauhaus-dessau-derelict.jpg
[423] The Charnel-House – Bauhaus-Dessau 1925-1926 by Walter Gropius – https://thecharnelhouse.org/2013/08/10/hannes-meyer/bauhaus-dessau-1925-1926-by-walter-gropius/
[424] Deutsche Welle – Visita à herança da Bauhaus em Dessau – http://www.dw.com/pt/visita-%C3%A0-heran%C3%A7a-da-bauhaus-em-dessau/a-1244607
[425] Bauhaus-Dessau – http://www.bauhaus-dessau.de/en/index.html
[426] Bauhaus-Archiv Museum für gestaltung – http://www.bauhaus.de/en/
[427] Bauhaus Dessau Foundation – Stiftung Bauhaus Dessau – https://www.bauhaus100.de/en/bauhaus100/contributors/members/Stiftung_Bauhaus_Dessau.html
[428] Sofitel Berlin Kurfürstendamm – Bauhaus Archive – http://blog.sofitel-berlin-kurfurstendamm.com/bauhaus-archive/
[429] Bauhaus 100 – People – https://www.bauhaus100.de/en/past/people/
[430] Bauhaus Shop – http://www.bauhaus-shop.de/
[431] Knoll – Knoll timeline – http://www.knoll.com/discover-knoll/timeline
[432] Holodeck – Staatliches Bauhaus: a casa estatal de construção – http://noholodeck.blogspot.com/2011/11/staatliches-bauhaus-casa-estatal-de.html
[433] Alvar and I – Bauhaus in Mexico – https://alvarandi.wordpress.com/category/imaginary-museum/
[434] Smow – Posts tagged Marcel Breuer – https://www.smow.com/blog/tag/marcel-breuer/
[435] USP – Artigos e ensaios – Bruno Taut e as fantásticas torres de vidro – http://www.iau.usp.br/revista_risco/Risco15-pdf/02_art04_risco15.pdf
[436] Brasil Arte Enciclopédias – Bauhaus – http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/mobile/internacional/bauhaus.html
[437] Tautes Heim – http://www.tautes-heim.de/en/index.php
[438] Centro alemão de informação – Bauhaus: estilo presente no Brasil – http://www.brasil.diplo.de/Vertretung/brasilien/pt/__pr/DZBrasilia__Artigos/Antigos/Arquitetura/140807__bauhausbrasil.html?archive=3157400
[439] Urb/bme – Modernizmus és várostervezés – http://www.urbanisztika.bme.hu/segedlet/kozgazdasz/Modern1f%F5%E9pszakmjav.ppt
[440] Wiki Arquitectura – Viviendas sociales La Herradura “Hufeisensiedlung” – https://es.wikiarquitectura.com/index.php/Viviendas_Sociales_La_Herradura_%22Hufeisensiedlung%22
[441] Bauhaus – Escola Bauhaus – http://www.bauhaus.com.br/site/html/escola-bauhaus.php
[442] Estágio de Artista – Bauhaus – http://www.estagiodeartista.pro.br/artedu/histodesign/4_b_bauhaus.htm
[443] Wikipedia – Bauhaus – https://pt.wikipedia.org/wiki/Bauhaus
[444] Kaiser-Idell – Christian Dell original design – http://www.kaiseridell.com/da/kaiser-idell
[445] Harvard Business School – Designing the future at Bauhaus – https://rctom.hbs.org/submission/designing-the-future-at-bauhaus/
[446] Bauhaus online – Atlas – The Bauhaus – http://bauhaus-online.de/en/atlas/das-bauhaus
Exemplo de durabilidade
[447] Centennial Bulb – Shelby bulb photos – http://www.centennialbulb.org/photo1.htm
[448] Centennial Bulb – The Shelby Connection – http://www.centennialbulb.org/shelby.htm
[449] Centennial Bulb – Home of worlds longest burning light bulb – http://www.centennialbulb.org/
[450] The Shelby Museum of History – Light from our distant past – http://www.rootsweb.ancestry.com/~ohsmh/1901ChailletBulb.html
[451] OEP Electrics – Bombilla IWOP – em agosto de 2016, os endereços http://www.oepelectrics.es/ e http://www.iwop.es/index.php não estão funcionais (estavam em novembro de 2015). Ainda há o endereço do facebook: https://www.facebook.com/pages/Oepelectrics/283174351767135?ref=ts&fref=ts
[452] Vice – O Benito Muros quer mudar o mundo e começou pelas lâmpadas – http://www.vice.com/pt/read/o-benito-muros-quer-mudar-o-mundo-e-comecou-pelas-lampadas
[453] LED Inside – Osram Sylvania Shortens Bulb Lifetime to Gain Traction in LED Lighting Market – http://www.ledinside.com/news/2016/3/osram_sylvania_shortens_bulb_lifetime_to_gain_traction_in_led_lighting_market
[454] Toyota Empilhadeiras – Paleteiras Manuais LHM – http://www.toyotaempilhadeiras.com.br/produto/paleteiras-manuais-lhm/
\ep/
Excelente artigo, principalmente onde começa a parte da Obsolescência programada e Bauhaus. Não sabia nada sobre ela.
Valeu pela leitura e obrigado pelo retorno!
Olá Zébio! Excelente o seu trabalho e informações valiosíssimas!
Ola’, Marco, obrigado pelo interesse, aguarde para breve a terceira parte, onde falarei sobre cintilaçao.
Quando vem a parte 3? Seu artigo é épico!
Olá, Vinícius, obrigado pelo apoio, a terceira parte está quase pronta, só falta publicar um artigo antes, sobre a impressão a laser, que depois servirá de referência para aquela.
Sob todos aspectos, um excelente artigo. Parabéns!
Como sempre, seus postos são excelentes e só tenho o que elogiar! Sugiro nesta terceira parte ou em um outro post incluir várias idéias com riqueza de detalhes como funciona e como produzir lâmpadas de Led de excelente qualidade sem obsolescência programada para incentivar o nascimento de novas indústrias nos moldes de Bento Muros, e os oligopólios percam força competitiva em virtude de um grande número de mentes criativas desenvolverem produtos melhores simultaneamente em todo o mundo. Felicidades!
Giovanni, sem dúvida, os circuitos de acionamento dos LEDs em corrente alternada é um dos assuntos que estou ainda estudando, deve sair na quarta parte. A terceira parte irá falar essencialmente sobre cintilação das lâmpadas, um problema sério de saúde pública, que não é abordado devidamente em nosso país, mas é muito discutido no exterior.
Excelente artigo!
zebio como posso adquirir o desenho da placa elêtronica do frigobar ETERNY mod:
ET 23001A, se poder me mandar para meu e-mail, desde ja agradeço.
Sds, Manoel
José, não tenho o desenho da placa de nenhum equipamento deste tipo, lamento.
Excelente Post, Zébio! Fiquei impressionado! Nem saberia como poderia acrescentar algo mais, à título de colaboração. Parabéns!