TÉCNICA – Conserto em plásticos IV – Resina acrílica
Continuando com a manutenção em plásticos, desta vez será abordada a utilização das resinas acrílicas autopolimerizantes, muito utilizadas por dentistas.
A odontologia desenvolveu (e continua a desenvolver) uma série de produtos que facilitam o trabalho e melhoram a prática da profissão. Trabalhar com os dentes, fazer reparos e criar peças novas, obrigou os dentistas a desenvolverem diversas soluções técnicas para seus problemas. Criaram-se ferramentas, equipamentos e substâncias que via de regra utilizam tecnologia de ponta. Esta tecnologia pode beneficiar outras áreas. As que necessitam de ferramentas delicadas e que trabalham com peças pequenas, como a eletrônica, são canditatas.
O pó e o líquido
O uso, por exemplo, da resina acrílica autopolimerizante. Este adesivo foi criado por volta de 1930 e ainda hoje é utilizado pelos odontólogos – com melhorias técnicas, obviamente. E é excelente para consertar peças plásticas. As fabricadas em ABS (Acrilonitrila Butadieno Estireno), aderem perfeitamente às resinas acrílicas. É o caso dos gabinetes de equipamentos, que frequentemente necessitam de reparo, pois eles têm a mania de cair à toa… Alguns acrílicos aderem bem à resina e outros, como as lanternas dos automóveis e motos, quase sempre aderem mal.
A resina autopolimerizante é composta de líquido e pó, que quando misturados formam uma pasta viscosa moldável por algum tempo. Esta característica ajuda na reconstrução de peças quebradas, no reforço de estruturas e na criação de peças novas.
Mas pode ser difícil comprar a resina certa para o trabalho já que, via de regra, os vendedores das casas dentárias não são bons conhecedores dos produtos que oferecem. Há uma variedade muito grande de resinas acrílicas, cada uma delas destinada a determinado uso e com características peculiares. Neste assunto, temos de reconhecer que somos leigos, pois a tecnologia desenvolvida é para os odontólogos.
Algumas abordagens podem facilitar a aquisição deste conhecimento: a primeira e mais completa, seria falar com um professor universitário de odontologia, especialista em adesivos. Em segundo, um dentista conhecido, que seja receptivo às perguntas e não queira cobrar a consulta… Por terceiro, colher trabalhos universitários e manuais na internet e tentar descobrir quais as características mais desejáveis dos adesivos para o uso pretendido.
Para começar sugiro o site da Clássico, uma tradicional marca do ramo odontológico, que disponibiliza uma pequena aula sobre resinas acrílicas – ver referência [1]. Além disso, repasso minhas observações sobre estes produtos, que também podem servir como ponto de partida. Aproveitando: aceito sugestões para melhorar este artigo.
Material necessário
Na figura 1 podem ser vistos os itens básicos para este tipo de manutenção. Da esquerda para a direita, ao fundo, temos o pó acrílico autopolimerizante (polímero de metil-metacrilato), o líquido acrílico autopolimerizante (monômero de metil- metacrilato) e o pote Dappen de vidro. Na frente, o conta-gotas de vidro e a espátula inox com calcador, de eixo sextavado. Todos estes itens são de uso frequente dos odontólogos, e são encontrados a preços bem razoáveis.
O pó (polímero) que utilizo é o Jet, da Clássico, incolor, em frasco com 78 g. Segundo a embalagem (de cor verde bandeira), ele é adequado para consertos e reembasamentos.
O líquido (monômero) é o Policron, da Dencril, em frasco com 240 mL. No site deste fabricante [2], não encontrei mais este produto. A linha mais semelhante atualmente é a Dencrilon.
Para o meu caso, estas marcas casam muito bem e formam uma resina de excelente qualidade. Já utilizei a resina em pó rosa Policron com o mesmo líquido e o resultado não foi satisfatório. Não fundia bem, ficava com uma aparência arenosa e tinha pouca aderência a alguns plásticos. O líquido e o pó da figura 1 tenho há mais de 12 anos, e não notei nenhuma diferença na qualidade da resina, apesar de constar que a validade é de 3 anos.
A técnica
Estes produtos odontológicos tem um uso bastante diversificado na manutenção de equipamentos. O líquido, por exemplo, consegue colar sozinho certos plásticos, como visores acrílicos. Mas é difícil de trabalhar com ele, pois tem uma densidade muito baixa e escorre mais fácil que a água.
Outro uso frequente é o reparo de peças plásticas quebradas, como as partes que atarracham os parafusos em gabinetes. Quando um aparelho cai, frequentemente a fixação das tampas fica prejudicada e a resina acrílica é excelente para resolver tais problemas. Uma trinca na tampa plástica pode ser colada com cianoacrilato e reforçada internamente com a resina.
Também pode-se recuperar as roscas plásticas desgastadas, adicionando uma gota da resina já misturada, enquanto ainda está líquida. Aproveitando que o plástico também amolece no entorno da resina, pode-se então rosquear o parafuso e aguardar o endurecimento. Enfim, são inúmeras as possibilidades de utilização.
Para demonstrar o uso prático da resina, será utilizado como exemplo uma peça plástica de um brinquedo. O pino quebrou e terá que receber um reforço metálico, pois o esforço sobre ele é razoável e somente a cola não devolveria a rigidez necessária.
Inicialmente, fura-se o centro do pino quebrado, como nas figuras 3 e 4. Neste caso, é utilizada uma parafusadeira a bateria com controle de velocidade e broca de 1 mm. Depois, colam-se as partes quebradas, com cola à base de cianoacrilato (Scotch Bond, da 3M ou Super Bonder, da Henkel). Deve-se aguardar um certo tempo para a cola secar. Continua-se então o furo, com toda a leveza possível para não descolar o pino (figura 5).
Agora, utilizando um fio rígido de cobre, como o FE-100 (vide artigo anterior), insere-se a alma do pino, que estará apoiada na parte oca do restante da peça. O fio é cortado no tamanho desejado e embutido a quente na ponta do pino, como se vê nas figuras 6, 7 e 8. Depois é esmerilhado levemente, para manter o formato original. A cavidade onde ficou o fio será preenchida com a resina autopolimerizante, de modo que a peça tenha a rigidez necessária à sua função. Obviamente, foi verificado se aquele espaço não era utilizado no brinquedo, o que dificultaria a manutenção.
Para fazer a mistura do adesivo, coloca-se no pote Dappen de vidro uma quantidade de pó suficiente para o trabalho (figura 9). Com o conta-gotas, é sugado um pouco de líquido e colocado no pote, aos poucos. Enquanto é feito o gotejamento, deve-se observar o pó. A partir de uma determinada quantidade de gotas, o pó imediatamente se transforma, fica todo molhado (figura 10).
Então utiliza-se a espátula para misturar os componentes, até o momento em que se inicia a aparência de pasta. Se a consistência for arenosa ou muito pastosa, pode-se pingar mais um pouco de líquido. Após algum tempo, a cola passa a “fazer liga”, ou seja, forma um fio, como se vê na figura 11. Em caso de haver colocado líquido demais, deve-se continuar misturando. Isto facilitará a evaporação até chegar ao ponto desejado.
Há pouco tempo para trabalhar a resina quando ela está no ponto, menos de um minuto. Assim, se a área a reparar for muito extensa é melhor separar a colagem em diversas etapas, para evitar endurecimento e formação de pelotas. Outros depositam o pó sobre o local e vão gotejando o líquido, sem misturar. Para cada caso deve ser avaliada a melhor abordagem.
O endurecimento da resina é feito de fora para dentro, com a evaporação do líquido. Alguns minutos depois da aplicação, a mistura chega a aquecer um pouco e forma uma capa moldável. Mais algum tempo, que depende do plástico onde foi aplicado, o acrílico endurece completamente e pode ser limado ou lixado (figuras 12 e 13).
Um ponto muito importante sobre o processo de endurecimento: conforme a composição do plástico que será consertado, o lugar da emenda que tiver contato com a resina acrílica poderá ficar mole por várias horas (até mais de 24h, eventualmente). É essencial, portanto, evitar a pressa em utilizar a peça consertada, pois se for submetida a esforço, poderá deformar ou quebrar novamente e inviabilizar novo reparo.
Links
[1] Tradicional fabricante de resina autopolimerizável, com artigo sobre os adesivos acrílicos http://www.classico.com.br/informacoes/
[2] Sítio de outro fabricante de resina autopolimerizável
http://www.dencril.com.br/portal/
Posts & páginas populares
- DICA – Como endereçar cartas e encomendas
- TÉCNICA – Conserto de Adega Climatizada Eletrônica
- DICA – XBOX ligado em fonte ATX
- TÉCNICA – Conserto de fonte bivolt XBOX compatível
- ISOPOR - Usando laranjas para reciclar
- TÉCNICA – Conserto e funcionamento de raquete mata-mosquitos
- TÉCNICA – Plásticos VII – Conserto de interruptor de parede, de embutir
- TÉCNICA - Reparo de trilhas de circuito impresso
- DICA – Conserto de cafeteira doméstica Philips Senseo
- REDE – Instalando tomada RJ45 de parede
Estatísticas do blog
- 3.610.342 cliques
Ola amigo, possui um aparelho de som antigo, onde as caixas do mesmo, na parte frontal, tem o protetor dos autos falantes, que normalmente se encaixam na madeira por garras de plastico. Acontece que quebrou erras garras, e o plástico não para mais. Gostaria de saber se tem alguma idéia de como recuperar. Obrigado pela atenção.
Guilherme, vou chutar, sem saber qual é o plástico. Como ele quebrou, provavelmente seja ABS, que a superbonder cola, assim como a resina acrílica (pó e líquido) de dentistas. Mas tem que fazer um teste antes, como explicado no artigo.
Se não tem problema com a resina, ela poderá refazer as garras, em princípio.
Zébio, gostaria de saber se esta técnica pode resolver no caso de uma trinca no decjk (parte superior) de um caiaque de polietileno, são dois trincado (não buracos) muito pequenos entre dois e meio a três cm.
Marco, provavelmente é um caiaque feito por rotomoldagem. A única maneira de colar o polietileno é com o calor, mas a temperatura tem que ser muito bem controlada para não queimar. Talvez com pistola de ar quente, ligada no mínimo. Lembrando que o polietileno da peça e o do reparo devem ser idênticos, senão pode dar problemas.
Olá, Zébio!
Gostaria de saber se essa técnica funciona bem em carcaça de notebook. Eu costumo usar Bonder e Durepox, mas estou achando que, talvez, essa não seja a melhor técnica para recuperação das ilhas das carcaças e telas de notebook. O que acha?
Outra coisa, onde encontro esses materiais?
Desde já agradeço!!!
A propósito, muito bom as suas dicas!!!
Antonio, provavelmente funcione, mas depende muito do material empregado na fabricação da carcaça.
Geralmente o plástico é ABS, mas tem alguns polímeros que, após entrarem em contato com a resina, ficam muito tempo moles, mesmo depois de 24h. Nestes casos, eu costumo esperar até 2 ou 3 dias para ver se o plástico volta a endurecer, mas tem alguns, como uns toca-discos plásticos da Gradiente, que não adianta, só com cola epóxi mesmo.
Se o plástico endurecer, fica muito bom, como uma extensão do plástico original. Mas cuide que se tiver tinta ou aquela camada metálica interna, que ajuda na blindagem do notebook, terá que raspar, senão descola facilmente.
Você poderá encontrar a resina e o pó acrílico autopolimerizante em lojas para dentistas, que aqui no sul são chamadas de “Dentais” (Dental no singular).
Bom dia eusebio,ao trocar a bomba de combustivel do meu carro ,deu uma trincada na tampa perto de um dos engates da mangueira ,e com esse trincado fica vasando gasolina,que tipo de cola eu poderia efetuar um conserto ? me ajude pois é dificil encontrar uma tampa desse modelo.
Nilton, eu tive uma época problema com uma bomba de combustível, num Verona, só resolveu trocando a bomba. Conforme a marca do seu veículo, é possível encontrar bombas novas, no mercado paralelo (fabricantes não originais). Trocando também as mangueiras, irá parar de entrar cheiro de gasolina dentro do carro.
Mas falando de plásticos, o que eu noto é que para aguentar a gasolina os materiais tem que ser muito resistentes, até hoje não vi adesivo que funcionasse bem, por muito tempo. Como um paliativo, você poderia lavar bem a tampa, com água quente e sabão, enxaguar bem, e tentar aplicar uma grossa camada de Durepóxi. A Durepóxi original é muito boa, talvez aguente o tranco por algum tempo. Ela permite moldar, com os dedos molhados, a superfície da massa, o acabamento fica muito bom. Depois, pode ser limada e lixada. Talvez dê certo, mas não garanto.
Digo para aplicar uma grossa camada porque depois de endurecer, a Durepóxi fica um bloco rígido, se você conseguir moldar bem, poderá reforçar bastante a estrutura da tampa.
Zébio, por favor, tens alguma dicatécnica para restaurar a pintura de um rádio (Philco) cujo o gabinete é da cor vermelha, más tá bastante “desgastava” pelo tempo. Obrigado, Mario Franco
Mario, até hoje nunca fiz restauração de cores em plásticos, não saberia o que fazer. O problema é que plásticos com cores não convencionais, podem ficar com a superfície toda trincada e desbotada, por causa dos raios ultravioleta do sol e lâmpadas fluorescentes.
Mas supondo que ele não tenha ficado muito feio na superfície, poderia fazer um teste com um verniz automotivo, que seca rápido e provavelmente ficaria muito brilhante.
Ou um verniz acetinado, para uso exterior.
Lembre-se, é só uma SUGESTÃO, não sei qual a reação química que um verniz pode fazer na superfície de um plástico, talvez até amoleça e fique pior.
Talvez fosse melhor fazer um teste num cantinho meio escondido.
amigo gostaria de saber se tem como recuperar plastico quebrado de uma caixa de som do tipo dr LL 1515a da donner, que caiu de uma parede.
Sergio, creio que a resina acrílica sirva, mas não conheço o plástico utilizado na caixa.
Se for polietileno, não há com que colar. Neste caso, veja outro post, onde mostro como reforçar os locais quebrados:
https://dicasdozebio.wordpress.com/2012/10/25/tecnica-conserto-em-plasticos-polietileno-ii/
Além disso, você terá que vedá-la internamente, para evitar que o som fique vibrando as partes plásticas. Utilize silicone ou massa anti-ruído (batida de pedra), de uso automotivo, que adere bem em plásticos.
Bom dia,
Parabéns pelo conteúdo tão útil.
Preciso colar a extremidade de um friso plástico ( ABS) na lataria do carro.
Que cola serviria para esse trabalho? É um local difícil, pois é necessário segurar a peça na posição enquanto a cola seca.
Grato
Eduardo, tenho um post sobre colagem de plásticos, faça uma busca no mecanismo do próprio blog, ou dê uma olhada no índice.
O ABS cola facilmente com cianoacrilato (Super Bonder, Scotch Bond, Three Bond, …).
O problema é que em alguns polímeros, esta cola amolece o plástico, daí pode ser necessário esperar de 24 a 48 horas até voltar a endurecer.
Outra característica, a maleabilidade que o ABS proporciona será perdida no ponto de ruptura.
Plásticos sujeitos a esforços mecânicos poderão voltar a apresentar problemas.
Olá amigo. Gostaria de saber se esta técnica poderia ser usada em uma carenagem de plástico do moto, no caso uma xt660. está quebrada onde o é fixada no quadro. Quem sabe resina com fibra de vidro me ajudaria ou não fixaria bem no plástico??
aguardo responta.
obrigado
Diego, veja os outros posts sobre conserto em plásticos. Coloque este termo na busca do blog, que só virão meus posts relacionados ao assunto.
Em princípio, o material das carenagens pode ser algo como o ABS, que adere à resina acrílica.
Mas a diferença é que o plástico da carenagem é flexível e a resina, não. Por isto, talvez seja melhor utilizar alguma forma de reforço metálico, como é mostrado no post sobre conserto em polietileno. Juntando as duas coisas, talvez dê certo.
Há também, no exterior, kits para conserto de para-choques, ou kits para conserto das luzes de sinalização de automóveis, que talvez pudessem ajudar. Não sei se já existe algo no Brasil à venda.
Dependendo da área a ser restaurada, pode-se utilizar reforços metálicos, mais uma camada interna de algum adesivo razoavelmente flexível.
As colas de cianoacrilato (scotch bond, Super bonder), assim como a massa epóxi (Durepoxi), não são flexíveis, mas a cola epoxi cremosa, como a Poxipol e Araldite, poderiam ajudar, num reforço interno, junto com os grampos. Deve-se raspar e limpar bem a área, antes de aplicar a cola.
A flexibilidade é necessária por causa da vibração da moto. Se o reforço não for bem feito, cai tudo de novo.
Muito bom… Como é bom ser orientado por alguém que entende do assunto.
Vou atrás da cola que mencionou, no entanto como não tenho sua destreza para colocar os grampos, com o risco de atravessar a carenagem, estive pensando em fazer pequenas ranhuras na carenagem, com ferro de solda de estanho, e completar com a cola que me indicou, Poxipol ou Araldite. Ou colocaria juntamente com a cola, atravessado, pedaços de plastico cortado, tipo aquelas braçadeiras de serrinha. O que acha?? será que daria certo??
Obrigado pela gentileza da resposta.
Diego, um soldador é fácil de adaptar, como o artigo mostra. Inclusive, você poderá ver alguns vídeos que fiz mostrando a técnica. Estão nos posts sobre manutenção em plásticos.
O reforço com aquelas abraçadeiras tipo rabo de rato, não creio que daria muito certo. Elas são de polietileno, que não adere a nenhuma cola que conheço.
Se você tem condições de fazer a valeta, sem perfurar a carenagem, aquecer os grampos metálicos será mais fácil. Mas deve ter paciência, pois o aquecimento no começo é demorado, depois ele engrena e vai rápido. É bom não fazer muita força e ir levando apenas com uma leve pressão, mesmo que demore. Teste antes com o soldador direto no plástico, para ver se consegue derretê-lo facilmente.
Alguns plásticos são bem difíceis de derreter. Há alguns dias, tentei aquecer uma peça de impressora a laser Samsung, nem fez cócegas no plástico.
Olá amigo. Descartei o uso do rabo de rato e usei sua técnica do arame dentro da carenagem.
Colei a peça com a cola indicada, Araldite, de depois de seco inseri o arame. Tive um pouco de dificuldade, pois o plástico da carenagem é fina e derrete como manteiga. coloquei três arames e depois um pouco de cola Araldite para reforçar.
Agora é só esperar secar a cola e ver como ficou. Perece que ficou bem resistente!!
Agradeço novamente ao amigo Zébio pela atenção nas respostas.
abraço
Olá, Diego, parabéns!
Esta é a intenção dos posts: difundir minha experiência e ver outras pessoas consertando suas coisas, com menos erros do que os que eu cometi.
Obrigada, Zébio, por suas valiosas dicas. Salvei-as para oportuno uso. Mande sempre, são bem-vindas. Abraço, Stella
Zébio, neste momento você me cai do céu. Se soubesse que havia esse possível recurso, me teria poupado muito aborrecimento e preocupação. Acontece que comprei, numa casa de peças de 2a. mão, uma luminária para a sala de jantar recém reformada da casa que tenho fora da cidade. Uma das cúpulas da luminária estava mal fixada e ao ser manuseada caiu e quebrou em três ou quatro pedaços. Fiquei desolada, pois a peça muito me agrada e não foi nada barata. Levei a peça de volta a tal loja (tipo bric-a-abrac), e lá afirmaram não haver problema, pois a cúpula era de resina (acrílico) e eles próprios fariam o conserto de modo a deixá-la perfeita. Para encurtar essa longa história de idas e vindas, depois de um mês de muita contrariedade e cobranças, a peça foi devolvida. O conserto muito deixa a desejar, pois feito de forma grosseira, ficando as emendas bem visíveis. Mas o que foi mais preocupante é que para garantir o trabalho, a peça teria de ser submetida a calor, mas estavam com problema na estufa e me avisariam quando esta voltasse a funcionar. Visto tudo que já passei, não gostaria de voltar a entregar a peça a essas pessoas. Finalmente, ocorreu-me pesquisar na net e dei com seu sitio que, ufa!, “me deu uma luz no fim do túnel”. Aí vai meu relato, a fim de tentarmos chegar a uma solução..
Inicialmente, gostaria de pedir os seguintes esclarecimentos.
1. Sendo a peça (conforme informaram) de resina(acrílico) pode-se retirar o produto anteriormente usado para refazer a colagem com os produtos corretos recomendados?
2. Considerando que a peça não será submetida a esforço, o trabalho com o tipo de material que você sugere seria suficiente para uma colagem permanente (sem perigo de descolar)?
3. Caso eles tenham usado o material adequado (que você sugere), haveria de fato necessidade do tratamento térmico, a fim de garantir uma colagem permanente?
Não sei qual o material usado na colagem, contudo, contando com sua orientação, voltarei lá, a fim de pedir os esclarecimentos que você considerar necessários.
Fico aguardando a gentileza de seu retorno.
Stella, tentarei responder dentro do que conheço, mas já lhe adianto que acrílico não é minha praia. Aliás, quem costuma conhecer bem o trabalho em acrílico são as empresas que fazem cartazes e letreiros, normalmente eles tem alguém que trabalha com acrílico e poderia dar uma opinião melhor. Já vi um púlpito todo feito em acrílico, que ficou perfeito, as juntas não aparecem.
É possível que o calor realize uma espécie de “fundição” das junções, eu pensava que era apenas a cola e/ou polimento. Tem uma certa lógica, pois quando é utilizada a cola, que é extremamente líquida (tanto o polímero dos dentistas quanto o diclorometano, que seria melhor), sempre pode cair alguma gota onde não devia e o trabalho vai todo por água abaixo. Talvez por isto consigam fazer peças tão lisas e bem acabadas, mas posso estar enganado.
A remoção da cola anterior pode piorar a situação, pois se foi utilizado acrílico para o conserto, ele fundiu-se, em maior ou menor grau, ao que já existia, daí só faltaria, teoricamente, o calor para solucionar o problema. Talvez nem necessite de uma estufa, mas somente uma pistola de ar quente. Eu já utilizei esta pistola com PVC e o resultado foi excelente, pode-se conformá-lo facilmente. Mas nunca tentei com acrílico, sempre achei que queimaria muito fácil ou amarelaria.
Dei uma olhada em sites do exterior, e numa rápida passada, vi que eles utilizam o calor para dobrar o acrílico, não para melhorar a qualidade das juntas. Não sei se consegui lhe ajudar.
Ola Zebio. Desculpe a pergunta meio pessoal, mas você é formado em algo ? Ja fez que tipos de cursos ? Eu to naquela fase em que tenho que decidir o que fazer da vida sabe, e é sempre bom ouvir experiências de pessoas admiráveis. Parabéns, continue assim.
Cícero, obrigado pelos elogios. Sou formado na área da informática e conheço eletrônica e áudio. Hoje, a internet facilita muito o estudo autodidata. Podemos nos aprofundar em qualquer assunto que quisermos, é só separar o lixo que contamina boa parte da rede. Há muita coisa nas universidades, aqui e no resto do mundo. Pode começar por aí.
Atualmente, não consigo mais assistir TV aberta nem ouvir rádio, tal é a baixa qualidade dos programas. Aliás, o Domenico de Masi fala, num de seus livros, que temos que pensar em nosso próprio ritmo, não no ritmo frenético dos meios de comunicação. Ele sugere ficar um mês sem ler nem ouvir notícias. Isto devolve a capacidade da pessoa se surpreender com o que ocorre à sua volta.
Os jogos também estão enveredando pela violência constante, não creio que seja o que desejamos para nosso futuro. Se você notar, dificilmente um jogo (antes eram os filmes) não tem alguém com uma arma na capa. Ou indica algo de violência e crueldade. Talvez isto faça muitos quererem resolver as coisas do jeito mais rápido: no tiro.
Se você quer ter vida longa, coma muitas frutas. Comida em excesso, jamais. Faça algum exercício, mas sem exagero. Caminhe. Com o tempo, verá que não precisa mais de comprimido para dor de cabeça e que as dores nas costas (ou aqueles quilinhos) sumiram…
Se você procura um curso, eu recomendaria em primeiro lugar uma língua estrangeira, pode começar pelo inglês. Fez muita falta para mim quando era jovem. Muitas músicas que eu adorava, simplesmente não posso ouvir hoje, por causa da letra delas. A BBC de Londres tem um curso gratuito na internet, por exemplo. Depois, você verá que outras línguas são muito parecidas com o português, como o catalão, o romeno ou o francês.
Se você procura uma profissão, vá à maior biblioteca de sua cidade e passeie pelas estantes, por todas elas. Quando sentir vontade de pegar um livro, mesmo sem ler a lombada, dê uma olhada, abra-o em qualquer ponto e leia um pouco. Você irá se surpreender com a variedade de conhecimento existente à nossa volta, mas que não fica visível no dia-a-dia. Talvez seja interessante associar-se, para levar alguns livros para ler em casa. Se o livro tem um título interessante, mas é chato de ler, procure outro. Se não tiver biblioteca em sua cidade, procure as bibliotecas na internet, que disponibilizam muitos livros de graça.
Se você quer um sentido para sua vida, ouça você mesmo. Sente-se confortavelmente num lugar silencioso, na penumbra, feche os olhos e tente não pensar em nada. Pode ser como aquelas estátuas dos antigos egípcios, quando sentados. Isto é meditação. Parece fácil, mas requer prática. Tente pensar num só objeto geométrico, por exemplo. Aquiete a mente, não dê bola para várias cenas que irão passar em sua cabeça. Quando sentir vontade, volte às atividades normais. A meditação começa a funcionar quando você, ao voltar à consciência objetiva, notar que não tem ideia de quanto tempo passou, ou de onde está.
A vida é muito curta para perder tempo com bobagens e frivolidades. Ocupe seu tempo em coisas prazerosas. Visite seus amigos e amigas, caminhe, passeie, viaje. Quanto mais cedo começar a fazer novos amigos, tão mais rápido terá velhos amigos. Aceite as dificuldades da vida como oportunidades para melhorar a si mesmo, não escape delas, enfrente-as de cabeça erguida (e sem remédios).
Aproveite seu tempo. O presente é isto mesmo: cada instante é um presente.
Zébio !!! Eu me chamo Marcela, e já havia lido várias das suas dicas e gostei muito mesmo, principalmente porque elas são muito bem explicadas. Gostaria de saber se com essa cola de resina acrílica posso colar brinquedos como bonecos max steel. Desde já agradeço
Marcela, obrigado pelos elogios, eles me incentivam a seguir em frente. Quanto ao conserto de brinquedos tipo Max Steel, o problema é que eles são submetidos a esforços exagerados, daí uma cola pode não resolver. Não sei exatamente qual é o polímero utilizado, mas ele não é polietileno, pois geralmente as colas de cianoacrilato “pegam”. Acredito que até a resina acrílica também cole, mas o problema é com a flexibilidade. Nenhum destes tipos de cola são flexíveis, por isto quebrariam/descolariam com facilidade. A solução seria inserir um parafuso interno (uma alma), de forma camuflada. Ele deve atravessar a junção quebrada e pode até ser mais de um, com orientações diferentes. Já fiz isto algumas vezes. Veja como foi feito com um parafuso, num de meus posts. Busque no próprio blog, pelo termo Deca.