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TÉCNICA – Conserto em plásticos II – Polietileno

25 de outubro de 2012

Figura 1 – Caminhãozinho de polietileno danificado.

Figura 1 – Caminhãozinho de polietileno danificado.

Continuando com a manutenção em plásticos, hoje abordarei a soldagem de polietileno, reforçada com grampos metálicos. Como exemplo, será utilizado um caminhãozinho de brinquedo, com o eixo da roda quebrado (figura 1). Todo ele é feito em polietileno. Este polímero é o mesmo material utilizado para fabricar os galões de 20 litros de água, de aparência leitosa. Já os galões transparentes geralmente são feitos de PET – Politereftalato de etileno, uma resina acrílica.

Material necessário

As ferramentas para a realização do conserto são poucas: primeiramente, é essencial dispor de um fio de boa dureza, que fará a união das trincas. Excelente escolha para esta tarefa é o cabo de 2 condutores, com capa preta, utilizado em instalações externas de telefonia fixa (figura 2). Há dois tipos conhecidos: um deles, o FE-160, com 1,6 mm de diâmetro, quase não se encontra hoje, somente nas instalações antigas. O outro, mais fino (FE-100, com diâmetro de 1 mm) é muito utilizado. Estes cabos tem liga de cobre muito dura, pois são autossustentáveis. O cobre ajuda a conduzir o calor e vamos precisar desta facilidade, pois o trabalho aqui é realizado com o aquecimento das peças. Pode-se comprá-los nas lojas de material elétrico, se venderem em pequena quantidade. Pode-se consegui-los também com o pessoal que trabalha com as instalações de telefonia, eles sempre tem retalhos que iriam para o lixo. Como última possibilidade, pode-se encontrá-los nas calçadas, em pedaços arrebentados por caminhões muito altos.

Figura 2 – Fios utilizados em ligações externas de telefonia fixa.

Figura 2 – Fios utilizados em ligações externas de telefonia fixa.

Figura 3 – Ferro de solda adaptado para soldar plásticos.

Figura 3 – Ferro de solda adaptado para soldar plásticos.

Também é necessário um ferro de solda, exclusivo para soldar plásticos, com potência por volta de 30W. Não é estanhado. É interessante a possibilidade de controlar a sua temperatura. Para isto, pode ser utilizado um daqueles antigos transformadores de televisão, que tinham um voltímetro e uma chave seletora para aumentar ou diminuir a voltagem da saída.

O soldador deve ter a ponteira modificada. Isto ajudará na transferência de calor e no apoio mecânico para a soldagem dos plásticos. A ponteira deverá ter o formato de chave de fenda, mais duas incisões feitas com o canto de uma lima: uma incisão na extremidade, um pouco fora do centro e outra em sentido perpendicular à anterior, na face da “chave de fenda”, como se vê na figura 3. Isto será de extrema ajuda para orientar o fio, ao derretê-lo na peça plástica.

Além disso, será necessário um alicate de bico, outro de corte e um estilete, básicos em qualquer oficina.

Como fazer

Para começar, juntam-se todas as peças, para ver como quebrou e para planejar o que será feito. Se estiverem sujas, devem ser limpas. No meu caso, pode-se notar na figura 4 que o eixo quebrou todo ao redor da base. Fixa-se levemente a peça em seu lugar, aplicando a ponta do soldador ao longo de toda a trinca. Isto evita que a peça mude de posição enquanto é realizado o conserto.

Com o fio telefônico, será feita uma peça em “Z”, no formato mostrado na figura 5. Ela serve para unir duas partes planas, como um grampo. O formato em Z garante que, aplicando uma força no meio do grampo, ele seja embutido no plástico de só uma vez, sem pender para um dos lados. Além disso ele fica ancorado, evitando que deslize e reabra a trinca quando o brinquedo voltar ao uso. Isso ocorreria caso fosse embutido um fio reto, pois o metal não adere ao plástico.

Figura 4 – Reposicionamento da peça para iniciar a soldagem.

Figura 4 – Reposicionamento da peça para iniciar a soldagem.

Figura 5 – Grampo metálico feito com o fio telefônico.

Figura 5 – Grampo metálico em Z, feito com o fio telefônico.

Figura 6 – Soldagem do grampo.

Figura 6 – Soldagem do grampo.

Figura 7 – Grampo submerso e ocultado.

Figura 7 – Grampo submerso e ocultado.

 Na figura 6 aparece o soldador, já aquecido, cravando a peça. Depois, o grampo metálico foi “escondido” no plástico, para aumentar a ancoragem (figura 7). É importante evitar temperaturas muito elevadas, pois o plástico pode ficar quase em estado líquido e alterar suas propriedades. Temperaturas muito baixas também são problema, pois o plástico demora a derreter e fica em escamas sem aderência. Com a prática, o leitor saberá dosar corretamente o calor.

 Geralmente, o conserto deve se limitar à área existente, evitando o aumento da junção. Caso isto ocorra, o tamanho maior da peça pode ocasionar mau funcionamento, travamento, encaixe deficiente, etc. A intenção é deixar a aparência o mais próximo possível da original. E quem sabe, até mais forte.

O eixo do caminhão de brinquedo que utilizamos como exemplo sofre forças laterais diversas, por isso é importante reforçar partes da trinca que estão perpendiculares (ou em L, 90º, ângulo reto, etc). Monta-se grampos com formatos diferentes, adaptados a cada situação. O ideal é que o grampo tenha um tamanho igual para cada lado da dobra em L. As pontas deste grampo são viradas para dentro, de modo a fixar sua posição inicial no plástico, livrando uma das mãos.

Para aplicar o grampo, utiliza-se um alicate para segurá-lo inicialmente, evitando queimar os dedos. Afundam-se as suas extremidades na posição desejada. Nesta etapa é muito fácil escorregar a ponta, já que temos de aplicar uma certa força, por isso foram feitas as ranhuras na ponteira do soldador, que devem ficar encaixadas no grampo. Depois é embutida a parte principal do grampo, como visto nas figuras 8, 9, 10 e 11. Então cobre-se a parte metálica exposta, recolocando o plástico que migrou para os lados (figura 12).

Figura 8 – Grampo lateral.

Figura 8 – Grampo lateral.

Figura 9 – Inserção do grampo lateral I.

Figura 9 – Inserção do grampo lateral I.

Figura 10 – Inserção do grampo lateral II

Figura 10 – Inserção do grampo lateral II.

Figura 11 – Inserção do grampo lateral III.

Figura 11 – Inserção do grampo lateral III.

Figura 12 – Grampo lateral ocultado.

Figura 12 – Grampo lateral ocultado.

 Repetindo estes passos, colocam-se tantos grampos quantos forem necessários, mas sem exagerar, pois a partir de um certo momento, colocar mais grampos deixará o conjunto mais frágil. Este eixo, por exemplo, recebeu 6 grampos, 3 deles em Z e os restantes em L (figuras 13 e 14).

 Geralmente, não há dois grampos idênticos, pois deve-se acompanhar a linha da trinca e o formato da peça. É interessante deixar, sempre que possível, a linha da trinca na parte central dos grampos e perpendicular ao comprimento deles. Isto faz com que a emenda divida o esforço igualmente na trinca, evitando problemas futuros.

Figura 13 – Vista de outros grampos "Z" já colocados.

Figura 13 – Vista de outros grampos “Z” já colocados.

Figura 14 – Vista de outros grampos laterais já colocados.

Figura 14 – Vista de outros grampos laterais já colocados.

Figura 15 – Montagem da roda no eixo.

Figura 15 – Montagem da roda no eixo.

Figura 16 – Aspecto final.

Figura 16 – Aspecto final.

 Por último, as eventuais rebarbas poderão ser limadas ou cortadas com estilete, após esfriar bem. Neste caso, houve a necessidade de garantir que a roda girasse livremente, de modo a devolver ao brinquedo suas características básicas (figura 15 e 16).

 Pronto! Conserto é para se fazer uma vez e não voltar. Que o cliente volte com outro produto, mas nunca mais com o mesmo, pelo mesmo defeito. Ainda que o cliente seja o seu filho…

  1. marcin
    19 de dezembro de 2012 às 13:46

    deixe seu tel

    • 1 de janeiro de 2013 às 21:59

      Desculpe, não forneço informações pessoais no blog.

  1. 8 de março de 2015 às 00:25
  2. 15 de janeiro de 2014 às 17:43
  3. 10 de janeiro de 2013 às 12:44
  4. 31 de outubro de 2012 às 15:25
  5. 31 de outubro de 2012 às 11:03
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