TÉCNICA – Conserto em plásticos II – Polietileno
Continuando com a manutenção em plásticos, hoje abordarei a soldagem de polietileno, reforçada com grampos metálicos. Como exemplo, será utilizado um caminhãozinho de brinquedo, com o eixo da roda quebrado (figura 1). Todo ele é feito em polietileno. Este polímero é o mesmo material utilizado para fabricar os galões de 20 litros de água, de aparência leitosa. Já os galões transparentes geralmente são feitos de PET – Politereftalato de etileno, uma resina acrílica.
Material necessário
As ferramentas para a realização do conserto são poucas: primeiramente, é essencial dispor de um fio de boa dureza, que fará a união das trincas. Excelente escolha para esta tarefa é o cabo de 2 condutores, com capa preta, utilizado em instalações externas de telefonia fixa (figura 2). Há dois tipos conhecidos: um deles, o FE-160, com 1,6 mm de diâmetro, quase não se encontra hoje, somente nas instalações antigas. O outro, mais fino (FE-100, com diâmetro de 1 mm) é muito utilizado. Estes cabos tem liga de cobre muito dura, pois são autossustentáveis. O cobre ajuda a conduzir o calor e vamos precisar desta facilidade, pois o trabalho aqui é realizado com o aquecimento das peças. Pode-se comprá-los nas lojas de material elétrico, se venderem em pequena quantidade. Pode-se consegui-los também com o pessoal que trabalha com as instalações de telefonia, eles sempre tem retalhos que iriam para o lixo. Como última possibilidade, pode-se encontrá-los nas calçadas, em pedaços arrebentados por caminhões muito altos.
Também é necessário um ferro de solda, exclusivo para soldar plásticos, com potência por volta de 30W. Não é estanhado. É interessante a possibilidade de controlar a sua temperatura. Para isto, pode ser utilizado um daqueles antigos transformadores de televisão, que tinham um voltímetro e uma chave seletora para aumentar ou diminuir a voltagem da saída.
O soldador deve ter a ponteira modificada. Isto ajudará na transferência de calor e no apoio mecânico para a soldagem dos plásticos. A ponteira deverá ter o formato de chave de fenda, mais duas incisões feitas com o canto de uma lima: uma incisão na extremidade, um pouco fora do centro e outra em sentido perpendicular à anterior, na face da “chave de fenda”, como se vê na figura 3. Isto será de extrema ajuda para orientar o fio, ao derretê-lo na peça plástica.
Além disso, será necessário um alicate de bico, outro de corte e um estilete, básicos em qualquer oficina.
Como fazer
Para começar, juntam-se todas as peças, para ver como quebrou e para planejar o que será feito. Se estiverem sujas, devem ser limpas. No meu caso, pode-se notar na figura 4 que o eixo quebrou todo ao redor da base. Fixa-se levemente a peça em seu lugar, aplicando a ponta do soldador ao longo de toda a trinca. Isto evita que a peça mude de posição enquanto é realizado o conserto.
Com o fio telefônico, será feita uma peça em “Z”, no formato mostrado na figura 5. Ela serve para unir duas partes planas, como um grampo. O formato em Z garante que, aplicando uma força no meio do grampo, ele seja embutido no plástico de só uma vez, sem pender para um dos lados. Além disso ele fica ancorado, evitando que deslize e reabra a trinca quando o brinquedo voltar ao uso. Isso ocorreria caso fosse embutido um fio reto, pois o metal não adere ao plástico.
Na figura 6 aparece o soldador, já aquecido, cravando a peça. Depois, o grampo metálico foi “escondido” no plástico, para aumentar a ancoragem (figura 7). É importante evitar temperaturas muito elevadas, pois o plástico pode ficar quase em estado líquido e alterar suas propriedades. Temperaturas muito baixas também são problema, pois o plástico demora a derreter e fica em escamas sem aderência. Com a prática, o leitor saberá dosar corretamente o calor.
Geralmente, o conserto deve se limitar à área existente, evitando o aumento da junção. Caso isto ocorra, o tamanho maior da peça pode ocasionar mau funcionamento, travamento, encaixe deficiente, etc. A intenção é deixar a aparência o mais próximo possível da original. E quem sabe, até mais forte.
O eixo do caminhão de brinquedo que utilizamos como exemplo sofre forças laterais diversas, por isso é importante reforçar partes da trinca que estão perpendiculares (ou em L, 90º, ângulo reto, etc). Monta-se grampos com formatos diferentes, adaptados a cada situação. O ideal é que o grampo tenha um tamanho igual para cada lado da dobra em L. As pontas deste grampo são viradas para dentro, de modo a fixar sua posição inicial no plástico, livrando uma das mãos.
Para aplicar o grampo, utiliza-se um alicate para segurá-lo inicialmente, evitando queimar os dedos. Afundam-se as suas extremidades na posição desejada. Nesta etapa é muito fácil escorregar a ponta, já que temos de aplicar uma certa força, por isso foram feitas as ranhuras na ponteira do soldador, que devem ficar encaixadas no grampo. Depois é embutida a parte principal do grampo, como visto nas figuras 8, 9, 10 e 11. Então cobre-se a parte metálica exposta, recolocando o plástico que migrou para os lados (figura 12).
Repetindo estes passos, colocam-se tantos grampos quantos forem necessários, mas sem exagerar, pois a partir de um certo momento, colocar mais grampos deixará o conjunto mais frágil. Este eixo, por exemplo, recebeu 6 grampos, 3 deles em Z e os restantes em L (figuras 13 e 14).
Geralmente, não há dois grampos idênticos, pois deve-se acompanhar a linha da trinca e o formato da peça. É interessante deixar, sempre que possível, a linha da trinca na parte central dos grampos e perpendicular ao comprimento deles. Isto faz com que a emenda divida o esforço igualmente na trinca, evitando problemas futuros.
Por último, as eventuais rebarbas poderão ser limadas ou cortadas com estilete, após esfriar bem. Neste caso, houve a necessidade de garantir que a roda girasse livremente, de modo a devolver ao brinquedo suas características básicas (figura 15 e 16).
Pronto! Conserto é para se fazer uma vez e não voltar. Que o cliente volte com outro produto, mas nunca mais com o mesmo, pelo mesmo defeito. Ainda que o cliente seja o seu filho…
Posts & páginas populares
- TÉCNICA – Conserto de fonte bivolt XBOX compatível
- DICA – XBOX ligado em fonte ATX
- REDE – Instalando tomada RJ45 de parede
- DICA – Como endereçar cartas e encomendas
- TÉCNICA – Conserto e funcionamento de raquete mata-mosquitos
- TÉCNICA – Plásticos VII – Conserto de interruptor de parede, de embutir
- TÉCNICA – Como transformar uma torradeira 110V para 220V
- TÉCNICA - OUTRO conserto da fonte XBOX ligada em 220V
- TÉCNICA – Conserto de controle remoto de portão eletrônico
- LEDs – Como ligar, sem queimar
Estatísticas do blog
- 3.609.070 cliques
deixe seu tel
Desculpe, não forneço informações pessoais no blog.