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TÉCNICA – Conserto em borrachas – chinelos Havaianas

13 de novembro de 2012

Figura 1 – Chinelo havaianas consertado.

Figura 1 – Chinelo havaianas consertado.

Desta vez, o assunto é a manutenção em borrachas. Como exemplo, vamos consertar um chinelo Havaianas, que “não deforma nem solta as tiras” – mas as arrebenta.

  • Pô, meu, consertar Havaianas? Que chinelagem…

Isso mesmo, caro leitor ou leitora, preste atenção na técnica, não no objeto. Para aprender algo simples, vamos consertar coisas simples…

Material necessário

Para chegar na figura 1, precisamos de alguns instrumentos “cirúrgicos”: estilete, cola de cianoacrilato (Super Bonder ou Scotch Bond), parafusadeira ou furadeira, broca 1 mm, agulha grossa e um alicate, preferencialmente de bico.

Também é necessário uns 20 cm de cordinha de poliéster trançado, com diâmetro menor que 1 mm. Ela era muito utilizada em rádios e chamava-se “cordinha de dial fina”.

Não pode ser utilizado barbante de algodão, pois não tem resistência suficiente, além de umedecer e apodrecer, ao contrário dos materiais sintéticos. Lojas de armarinhos certamente terão algum barbante sintético equivalente à cordinha.

Figura 2 – Tira colada, apta para as modificações.

Figura 2 – Tira colada, apta para as modificações.

A técnica

Primeiro, a colagem. A tira sempre arrebenta no mesmo lugar. Importante é que seja colada imediatamente após danificar-se, por uma simples razão: a sujeira ainda não se fixou entre as faces partidas.

Caso o dano já tenha ocorrido há algum tempo, a sujeira deve ser totalmente removida da tira. Se necessário, lavar a região, enxaguar e secar bem. Daí pode colar.

Na figura 2, aparece a tira já colada, pronta para a modificação seguinte, que realmente é a técnica. Muitos colam e usam assim mesmo.

Mas como a região da cola endurece a borracha, a tira irá quebrar mais facilmente ainda, um pouco acima ou abaixo do ponto de colagem. A solução é amarrar as duas partes, de modo a distribuir o esforço para que o problema não ocorra novamente.

Figura 3 – Face inferior da tira, que fica em contato com o solo, com as valetas em cruz.

Figura 3 – Face inferior da tira, que fica em contato com o solo, com as valetas em cruz.

Figura 4 – Furação da tira.

Figura 4 – Furação da tira.

Figura 5 – Passagem da cordinha.

Figura 5 – Passagem da cordinha.

Figura 6 – Tira pronta, onde se vê o nó da cordinha, que ficará escondido.

Figura 6 – Tira pronta, onde se vê o nó da cordinha, que ficará escondido.

Figura 7 – Aparência da tira após o conserto.

Figura 7 – Aparência da tira após o conserto.

Figura 8 – Outro lado da tira pronta.

Figura 8 – Outro lado da tira pronta.

Com o estilete fazemos duas valetas, em forma de cruz, na base da tira, que fica em contato com o chão, (figura 3). A função destas valetas é livrar a cordinha do contato direto com o solo, evitando seu desgaste.

A seguir, fura-se as extremidades das valetas, como mostra a figura 4. Também são feitos dois furos cruzados, horizontais, uns 5 mm acima da região de colagem.

A cordinha é passada nos furos, utilizando a agulha. Deve-se segurar a agulha com a ajuda de um alicate.

O alicate é necessário para aplicar força, já que a borracha da tira oferece uma certa dificuldade, mesmo após furada, para trespassar a agulha. Deve-se tomar muito cuidado para não se machucar, pois se escapar, a agulha poderá cravar num dedo…

A figura 5 mostra por onde o barbante foi passado. Para finalizar, fazer um nó cego duplo, que deve ficar na face interna da tira, para que fique escondido e protegido.

Para evitar que se desfaça o nó com o uso, pode-se pingar nele uma gotícula de cola. Corta-se o excesso de barbante, monta-se a tira e está pronto (figuras 1, 6, 7 e 8).

Quem tiver interesse em ver ao vivo, fiz um video no Youtube que mostra o conserto, em 7 minutos:

\ep/

  1. gu
    20 de março de 2015 às 16:56
  2. Carolina
    27 de maio de 2014 às 06:06

    Yanê, se você perdeu a parte de baixo, dê uma olhada nesse site: http://momentocanino.blogspot.co.uk/2011/11/como-consertar-havaianas-arrebentadas.html

  3. asign
    4 de março de 2014 às 05:40

    Zébio e ‘mousse no ventilador’ (apelido d+!), adorei esse post pois tb sou fã incondicional das famosas Havaianas, e continuaria sendo mesmo se fosse o ser mais rico do Cosmo.

    Havaianas é meu chinelo preferido devido a conjunto de propriedades q não vi noutros chinelos q usei: preço (acho justo), conforto (maciez poupa articulações), praticidade (fácil armazenamento e transporte), versatilidade (serve de “barrinha”, cotoveleira e joelheira para jogar bola em qualquer lugar, e até de vedante quando “inconsertável”, como diria Antônio Rogério Magri). Uso-o em quase todo lugar há mais de 10 anos, mesmo antes de Gianecchinis & Cia promoverem-no. Na verdade, usei-os quando criança até ~ 10 anos (no reinado do seu saudoso “garoto” propaganda Chico Anysio), jejuei até ~ 25 anos (devido aos chinelos leve de tira trançada e depois do pesado do estilo Rider) e voltei à ativa desde então.

    Tal como vocês, a despeito de quem acha miséria, pão-duragem, etc, tb gosto de reparar meus queridos chinelinhos Havaianas. Sei das técnicas de reparar tira partida com costura, grampo ou clipe de papel, prego e arame, mas sou mais radical e precavido pois construo o barco antes da enchente: prolongo a vida útil do chinelo logo após comprá-lo, literalmente ainda virgem.

    METODOLOGIA

    Como há folga nas 3 regiões de encaixe entre SOLA e TIRA, reforço tais regiões com cola Super Bonder, paciência e horas de secagem.

    1) FASE DE LABORATÓRIO ou DE PROJETO: Desmontar o chinelo.

    2) Intercalando com secagem pelo menos parcial, pôr 3 camadas de cola no buraco da SOLA e número de camadas suficiente para formar cone em torno da junção do disco com a haste da TIRA. Isso elimina os inadequados ângulos de 90o de locais dos mais frágeis da SOLA e da TIRA, e não incomoda o pé pois fica oculto no buraco da SOLA. Não exagerar no cone para ele não expulsar o disco da TIRA do buraco da SOLA.

    3) Secar totalmente.

    4) Montar o chinelo.

    5) FASE DE CAMPO ou TESTE DE RUA: Tranquilo e sossegado, dar um rolezinho no shopping mais próximo, sem medo de dar vexame com aquele andar tipicamente manco, australopitético e hilário de quem rompe a tira do chinelo.

    Meu Havaianas Turbo atual tem mais de 1 ano de uso e nem sinal de rompimento de TIRA, mas a cola racha com o tempo.

    Vida longa às Havaianas e demais produtos geniais ou nem tanto, afinal todo material está aí para ser usado, reusado, consertado, reciclado e, só em último caso e na impossibilidade de qualquer uso, por mais esdrúxulo q pareça, descartado. O meio ambiente agradece, e todo ser, animado e inanimado, tb.

    • 4 de março de 2014 às 20:31

      Asign, ótima sugestão, obrigado pela dica.

      Sobre o problema da cola quebrar, você poderia testar alguma cola pastosa e flexível, que seria ótimo para preencher cavidades e aumentar a resistência.
      O problema seria a umidade. A Henkel faz uma cola assim, que cola materiais porosos e não porosos, é a P500 ou P600, acho que o código é um ou outro conforme a embalagem. Não diz claramente que cola borracha, mas no link do fabricante também não diz que não cola (http://www.henkel.com.br/2980.htm?countryCode=br&BU=cons_crafts&parentredDotUID=000000QUSE&redDotUID=000000QUVV).

      Se tiver interesse em testar, comunique depois o resultado.

  4. 14 de novembro de 2013 às 10:59

    Zébio, parabéns pelo post genial. Esse é o tipo de problema em que todos já pensaram, mas ninguém gosta de admitir. Eu tenho várias solas de chinelo da referida marca novinhas em casa, pois a porcaria da tira sempre arrebenta, e quando compro um chinelo novo acho desconfortável (lógico) e acabo aproveitando só as tiras.

    Uma vez vi num camelô um monte de tiras avulsas de chinelo pra vender. Procuro faz tempo essa “peça de reposição” nas 1,99 de Camboriú (SC), sem sucesso até agora. Pra complicar, as tiras das Havaianas NÃO são intercambiáveis! Se você tentar usar a de um pé no outro, fica um chinelo todo torto e a sola de esguelha no pé. E é sempre a do pé direito que arrebenta, pelo menos para mim que sou destro rsrsrss

    O problema é que um dos lados da tira é mais longo que o outro. Uma vez tentei solucionar isso fazendo um novo furo na sola pra compensar a diferença (e também porque o furo antigo havia rasgado). Deu certo, mas o chinelo ainda ficou meio esquizofrênico.

    Tenho uma solução alternativa para o problema: eu sempre consertava do jeito porco que acho que todo mundo já tentou, metendo um preguinho 10×10 no meio da tira. É preciso centralizar bem pra evitar uma ponta rasgando o vão dos dedos e uma corrida ao posto pra uma rápida vacina antitetânica.O problema era que o preguinho enferrujava, a água penetrava, enfim, o buraco sempre acabava “laceando” e o prego começava a escapar. O chinelo ficava imprestável como antes. Mas da última vez, antes de pôr o preguinho, enfiei na tira um daqueles aneizinhos de alumínio usados pra fixar terminal coaxial de antena, sabe? Parece uma braçadeirinha que você fecha com alicate. Enfiei o prego e apertei bem o anelzinho em volta. Só foi preciso dar uma aparadinha na dobra do anel para que ela ficasse embutida na sola e não machucasse o pé. A tira ficou mais resistente do que nova, nunca mais arrebentou, apesar de ter sido submetida a situações bem “heavy duty”.

    Ah, e pra quem leu o post ou este comentário e está achando tudo isso muita pobreza: não é pobreza não, eu (e com certeza o Zébio também) poderia comprar caixas de Havaianas, se quisesse, mas não gosto de rasgar dinheiro. E de minha parte, pelo menos, acho que não existe satisfação maior do que “aperfeiçoar’ um produto que originalmente era vagabundo ou tinha alguma falha (algo muito comum hoje em dia, já fiz isso muitas vezes)…

    • 14 de novembro de 2013 às 11:29

      Mousse, a minha intenção, ao desenvolver a técnica de costurar a tira, foi justamente não deixar qualquer peça metálica no chinelo, que pudesse causar danos. Aquele anel é uma ótima ideia, mas nas minhas crimpagens eu sempre tive problemas com as rebarbas, extremamente cortantes. Por isto, meu receio em utilizá-los.

      Muito boas suas sugestões, obrigado e volte sempre!

  5. Nattystar
    21 de maio de 2013 às 23:00

    Adorei … muito bom parabens … vou fazer isso no meu chinelo agora 😀

  6. Yanê de Carvalho
    8 de maio de 2013 às 18:29

    e se eu perdi a parte de baixo da tira?

    • 9 de maio de 2013 às 00:11

      Yanê, aí fica dfícil. A solução é a mais conhecida: lixo. E a tira do outro pé, você guarda para quando outro chinelo estragar.

  1. 8 de março de 2015 às 00:25
  2. 15 de janeiro de 2014 às 17:43
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